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A importância do alongamento

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Feitos bem no início do treino, ao esticar a musculatura, os alongamentos a deixam aquecida para o exercício. Mas é preciso fazer uma segunda série desses movimentos no final de tudo e dessa muita gente acha que pode escapar, o que é lamentável. Os alongamentos finais é que não deixam os músculos ficarem encurtados, prejudicando a flexibilidade do corpo. Além disso, ao alongar-se antes de seguir para o vestiário você elimina o ácido láctico, o que evita dores musculares.

Tanto uma vida sedentária, como a prática de atividade física regular intensa, em maior ou menor grau, promovem o encurtamento das fibras musculares, com diminuição da flexibilidade. O exemplo mais completo de inatividade gerando perda de flexibilidade muscular é a imobilização de um membro após uma fratura. Por um tempo, ao retirar o gesso, por um período de tempo, ocorre a perda quase completa dos movimentos daquele membro. Quanto à atividade física, esportes de longa duração como corrida, ciclismo, natação, entre outros, fortalecem os músculos, mas diminuem a sua flexibilidade. Nos dois casos, a conseqüência direta desse encurtamento de fibras é a maior propensão para o desenvolvimento de problemas osteomusculares. Provavelmente, a queixa mais freqüente encontrada tanto nos sedentários, como nos atletas, é a perda da flexibilidade provocando dores lombares, por encurtamento da musculatura das costas e posterior das coxas, associado à uma musculatura abdominal fraca. Com a prática regular de alongamentos os músculos passam a suportar melhor as tensões diárias e dos esportes, prevenindo o desenvolvimento de lesões musculares.

Efeitos do alongamento:

- Redução de tensões musculares;
- Relaxamento;
- Benefícios para a coordenação, pois os movimentos se tornam mais soltos e fáceis;
- Aumento do arco de maleabilidade;
- Prevenção de lesões;
- Facilita atividades de desgaste, como por exemplo corrida, tênis, natação, ciclismo etc;
- Desenvolve a consciência corporal, à medida que a pessoa focaliza a parte do corpo que esta sendo alongada;
- Ativa a circulação;
- Ajuda no aquecimento, à medida que eleva a temperatura do corpo;
- Ajuda a liberar os movimentos bloqueados por tensões emocionais.

Os alongamentos podem ser realizados toda vez que você sentir vontade. No trabalho, no carro, assistindo TV. Podemos e devemos nos alongar de manhã, antes de começar o dia, no final do dia para aliviar as tensões acumuladas, depois de ficar sentado ou em pé muito tempo e principalmente antes e depois de atividades físicas.

Todas as pessoas podem aprender a fazer alongamentos independentes da idade e do condicionamento físico. É gostoso fazer alongamentos quando se procede de forma correta, respeitando a sua estrutura muscular, sua flexibilidade e seus limites pessoais.

A regularidade e o relaxamento são os fatores mais importantes para o alongamento, que deve ser feito lentamente e sem tensionamento. Nada de balanceios, pois estes enrijecem o músculo que você esta tentando alongar. Assuma uma posição confortável e sustente-a, relaxando o músculo. Permaneça nesta posiçãode 15 a 30 segundos. Não segure a respiração, mantenha-se respirando de forma lenta e controlada.

Dicas de alongamentos básicos:



Protocolo de reabilitação lesão grau II LCM em atleta de futsal nível profissional

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Introdução

    Para um atleta de nível profissional é de fundamental importância seu bem estar físico e mental. Esses atletas ao longo do tempo de suas carreiras sofrem com o acentuado desgaste de seu organismo, principalmente as estruturas músculo esqueléticas e ficam pré-dispostos a sofrerem lesões, principalmente nos membros inferiores.

    Nos atletas de futsal nível profissional os índices de lesão também são importantes e não fogem à regra de outros esportes. Entende-se que é de fundamental importância um setor associado ao seu local de trabalho para dar suporte de reabilitação e prevenção de sintomas e lesões.

    O trabalho proposto refere-se à reabilitação conservadora de lesão do ligamento colateral medial grau II em atleta de futsal profissional. Neste caso clínico, a lesão localiza-se no joelho esquerdo, uma articulação de fundamental importância para a dinâmica desse tipo de esporte. O joelho é uma articulação complexa com três ossos (fêmur, tíbia e patela), dois graus de liberação de movimento e três superfícies que se articulam: as articulações tíbio femoral média, tíbio femoral lateral e patelo femoral, as quais estão encerradas dentro de uma cápsula articular comum. Os ligamentos colateral medial e colateral lateral são fortes estruturas pois impedem movimentos passivos do joelho no plano frontal. Segundo Prentice (1) o ligamento colateral medial, tem sua origem no epicôndilo femoral medial, anteriormente ao tubérculo dos adutores, e desce por 9-11 cm antes de inserir-se na borda tibial medial, evitando a abdução da tíbia sobre o fêmur (geno valgo) e o ligamento colateral lateral impede adução da tíbia (geno varo. A mobilidade é provida principalmente pela estrutura óssea e a estabilidade principalmente pelos tecidos moles, ligamentos, músculos e cartilagem, conforme Decano (2). Segundo Placzek, Boyce 2004 (3) classificação de entorse grau II acomete ruptura de 26% a 75% do ligamento, dor edema moderado, perda da ADM e leve instabilidade.

Métodos

    A pesquisa caracteriza se como um estudo de caso. O participante da pesquisa é um atleta com 31 anos de idade nível profissional. Laudo do Exame de Ressonância Nuclear Magnética apresenta lesão com grau II LCM (ligamento Colateral medial) sem comprometimento meniscal, associada à contusão leve de LCA (Ligamento Cruzado Anterior) do joelho E, resultante de trauma direto realizando rotação interna de fêmur mais valgo de joelho, iniciado a reabilitação 3 dias após o início da lesão. O participante foi submetido a tratamento fisioterápico baseado no protocolo adotado pelo CREMF (Centro de Reabilitação Esportiva Malwee Futsal).

    Os instrumentos para a coleta de dados dessa pesquisa foram observações clínicas, registros escritos e registros fotográficos. Além disso, instrumentos específicos para o processo de tratamento e avaliação das evoluções também foram utilizados, quais sejam Fita métrica Mercur, Máquina fotográfica Sony, Caneleira de Areia (resistido 1,5 kg 2 kg, 3 kg) máster Cooper Carci, Órtese para joelho com dobradiça metálica marca e modelo Mercur, Muleta Canadense Mercur, Neurovector Ibramed Geração 2000, Mini Cama Elástica Physicus, Balanço de Equilíbrio Ibramed, Eletrodos Auto-adesivo 5 x 5 cm Valu Trode, Infra Vermelho Philips, Mercur Laserpulse Special Ibramed, Sonopulse Special 1.0 Mhz e 3.0 Mhz Ibramed, Gel terapêutico Natural Max ultra sônico uso externo, Thermo pulse compact Ibramed, Academia vita: Esteira Athletic way Professional, Bicicleta estacionária Tecno Star Magnetron, Aparelho adutores abdutores Athetic way, Aparelho flexor e extensor Athetic way.

    Este protocolo prevê 5 semanas de atendimento contínuo, sendo o paciente tratado diariamente em 2 períodos, matutino e vespertino. Foram utilizadas técnicas de eletroterapia, cinesioterapia, propriocepção e a musculação. Realizado na cidade de Jaraguá do Sul SC, no CREMF (Centro de Reabilitação Esportiva Malwee Futsal), Arena Jaraguá e Academia Vita. Recursos de eletroterapia, cinesioterapia e propriocepção realizado no CREMF. Recursos musculação, esteira e bicicleta estacionária na Academia Vita. Recursos de gesto esportivo e treinamentos específicos na Arena Jaraguá. Não foram realizados testes ligamentares em função de não perder e/ou piorar o início de cicatrização e agravar a lesão. Na avaliação apresenta dor à palpação, edema + (leve), sem hematomas, leve alteração de temperatura local, sem rubor, ADM preservada porém com nível, Força Muscular de quadríceps e musculatura posterior preservada (GRAU 5) até o momento. Pronto atendimento crioterapia, imobilização com órtese. Marcha com muletas canadense domiciliar, recomendação de máximo de repouso em relação à marcha, marcha com órtese estabilizadora. 1° semana foi realizado tratamento conservador e eletroterapia utilizando recurso com Ultrasom, Ondas curtas, Correntes interferêncial e Lazer HeNe Caneta 660 (50 minutos de sessão). Apartir da 2° semana tratamento conservador, eletroterapia com Ultrasom, Ondas curtas, Correntes interferêncial associado com Infra vermelho e Lazer HeNe Caneta 660 e exercícios de isometria de joelho e isotônia de quadril Íleo psoas, Isometria de joelho e Isotônia de adutores 10 x de 15 repetições, Isometria de quadríceps com borracha 10 x de 15 segundos, crioterapia 20 minutos. A 3°semana ocorreu a Liberação total da marcha sem auxílio da órtese, utilizado eletroterapia recurso com Ultrasom, Ondas curtas, Correntes interferêncial e Lazer HeNe Caneta 660 Isometria de joelho e Isotônia de quadril íleo psoas, Isometria de joelho e Isotônia de adutores 5 x de 10 repetições. Isometria de quadríceps com borracha 10 x de 15 segundos. Quadrante de MMII, Isometria de joelho e Isotonia de adutores, abdutores, Íleo psoas, Glúteo Médio, Máximo e Mínimo 5 vezes de 20 segundos para cada grupo muscular e crioterapia 20 minutos. 4° Semana paciente realizou tratamentos citados acima e também treino proprioceptivo na cama elástica e trote de 20 minutos, crioterapia 20 minutos. Na 5° e ultima semana não mais realizado recursos de eletroterapia, realizado apenas treino de musculação na academia, Esteira 4 tiros de 4 minutos velocidade 10 km/h, Fortalecimento MMII e MMSS 4 série de 12 repetições, Exercício de deslocamento na quadra com cone 10 repetições, teve retorno médico e após avaliação do médico e fisioterapeuta liberado para retornar a suas atividades.

Resultado final

    A Avaliação evolutiva, para fins dessa pesquisa, baseou-se nas medidas de força muscular, perimetria de coxas, edema, dor e estabilidade:

  • Força muscular quadríceps coxa esquerda inicio da lesão: Grau 5

  • Força muscular quadríceps coxa esquerda término do tratamento: Grau 5

Tabela 1. Perimetria das medidas no início do tratamento (referência da linha poplítea com paciente em apoio bipodal)

Perimetria

5cm

10cm

15cm

20cm

Coxa Esquerda

42,5 cm

45,5 cm

52,0 cm

55,0 cm.

Coxa Direita

42,0 cm

46,0 cm

54,0 cm

57,5 cm

 

Tabela 2. Permetria das medidas no término do tratamento (referência da linha poplítea com paciente em apoio bipodal)

Perimetria

5cm

10cm

15cm

20cm

Coxa Esquerda

41,5 cm

45,0 cm

52,0 cm

55,0 cm

Coxa Direita

42,0 cm

45,7 cm

53,8cm

57,3 cm

 

Tabela 3. Edema (inicio do tratamento referência da linha poplítea com paciente apoio bipodal)

Inicio positivo, perimetria 5cm

42,5 cm

Término negativo, perimetria 5 cm 

41,5 cm

 

Tabela 4. Dor -Escala visual Analógica empregada para a mensuração da dor (parâmetro 0-2 leve, 3-7 moderada, 8-10 intensa)

1º dia

7

2º dia

6

3º dia

5

4º dia

5

5º dia

4

6º dia

4

7º dia

3

8º dia

3

9º dia

0

    Estabilidade Inicio de tratamento, não foram realizados testes ligamentares (Lackmam, Gaveta anterior, Gaveta posterior e Apley) em função de não perder e/ou piorar o início de cicatrização e agravar a lesão.

    Estabilidade Término do tratamento, testes ligamentares negativos, obtendo estabilidade normal.

Discussão dos resultados

    Na pesquisa de acompanhamento de estudo de caso foi constatado que o protocolo apresentou-se de maneira evolutiva, respeitando as fases de reparação tecidual. Na primeira semana, o tratamento foi conservador e foram utilizados recursos de eletroterapia e crioterapia, com objetivo de amenizar o processo inflamatório agudo, na segunda semana, o processo encontrava-se na fase sub aguda da lesão permanecendo tratamento conservador, eletroterapia, crioterapia e foi composto de exercícios de fortalecimento isométricos e isotônico, para restaurar de maneira segura a força e o condicionamento muscular. Na terceira semana, permaneceu a fase sub aguda da lesão, sendo que o paciente já não fez o uso de órtese e permaneceu com tratamento de eletroterapia, exercícios de fortalecimento isométricos e isotônicos e crioterapia. Na quarta semana, fase crônica da lesão, o paciente permaneceu com recursos de eletroterapia, fortalecimento e foi iniciada a propriocepção, de maneira que sua lesão já estava estabilizada e em fase final. Na quinta e última semana observou-se que os trabalhos de condicionamento físico, treino de musculação e treino tático mostraram que o atleta estava recuperado e liberado para suas atividades. Os resultados de perimetria de coxas e força muscular comparados no início e término de tratamento não foram significativos, pois a diferença é mínima e a força muscular permaneceu igual, a dor permaneceu do 1° dia decrescendo até ao 9° dia, e a instabilidade retornou a seu aspecto normal no final do tratamento.

Conclusão

    Conclui-se que o acompanhamento e o estudo do protocolo de Ligamento Colateral Medial grau II utilizado pelo departamento médico Malwee futsal para reabilitação de um atleta nível profissional demonstra de maneira qualificativa que obtém resultados positivos para a reabilitação, retornando o atleta as suas atividades com segurança, podendo ser utilizado e explorado pelos demais clubes e centros esportivos de reabilitação. Cabe aqui salientar que outros alunos possam estar utilizando esse protocolo com um número maior de atletas com pesquisas futuras.

Referências

  1. SMITH, Laura; WEISS, Elizabeth; LEHMKUHL, Don. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. São Paulo: Manole, 1997.

  2. PRENTICE WE. Técnicas de reabilitação em Medicina Esportiva. São Paulo: Manole, 2002.

  3. DECANO, G. Coardier Fisiologia articular. 4ª Ed, volume 2. São Paulo: Manole, 1980. Baseado na Obra de KAPANDJI.Artigo interno dos hospitais de Paris, Membro associado da sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia.

  4. JEFFRE D. PLACZEK, DAVID A. BOYCE. Segredo em fisioterapia ortopédica. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

  5. DANIELS, LUCILLE, WARTHINGHAM, CATHERINE. Provas de função muscular, Técnicas de exame manual. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogar, 1996.

  6. KEITH L. MOORE, ARTHUR F. DALLEY. Anatomia Orientada para a clínica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogar, 2007.

  7. Prof. Dr. JONES E. AGNE. Eletroterapia Teoria e Pratica.1ª ed. Santa Maria - RS: Orium, 2005.

  8. MACHADO, Clauton. Eletro termoterapia. São Paulo: Panamed 1987.

  9. CARAVIELLO,E. Z. WASSERSTEIS, S. CHANLIAN, T. R. MASIERO, D. Avaliação da dor e função de pacientes com lombalgia tratados com um programa de Escola de Coluna - ACTA FISIATR 2005:12 (1) 11-14.


Trabalho realizado por:

Arthur Ávila dos Santos*

Cristiano Fagundes Motta**

Guilherme Leonardo Pereira*

Renato Miguel Jorge***


Morte Súbita Cardíaca em Atletas

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A morte súbita e inesperada de uma atleta e um evento trágico, em especial durante uma competição, apresenta-se com uma violação inexplicável da ordem natural da vida, provoca medos e consternação. (Katcher MS; Ghorayeb N.; Maron BJ, et al)

A pratica desportiva proclama-se, no meio médico, como fórmula inegável de juventude, longevidade, qualidade de vida, capacita o individuo a lidar com suas necessidades, anseios  e expectativas e oferecer condições ideais ao desenvolvimento de relações interpessoais . No entanto esta mesma pratica associa-se à imagem do atleta como símbolo de vitalidade e força fazendo com que se tornem motivos de apreensão no meio esportivo e sociedade em geral (Katcher MS;)
Neste contexto torna-se relevante à tentativa de compreensão melhorada sobre os fatores que provocam "A morte Súbita no Atleta", com forma profilática de eventos como este, que assolam a sociedade desportiva.

O colapso repentino de um atleta durante a participação em uma atividade vigorosa tem levantado duvidas a cerca dos benefícios adquiridos com a prática regular da atividade física. A freqüência de imagem divulgada pela mídia  de mortes súbitas em atletas que ocorrem frente às câmeras de televisão,aventa-nos quanto à saúde dos atletas e  as responsabilidades destes fatos.

Em geral, as mortes súbitas são decorrentes de duas patologias principais: a primeira seria a doença isquêmica do miocárdio, mais freqüente em pessoas acima dos 35 anos, decorrente de doenças aterosclerótica; a segunda seria a presença de anormalidades congênitas (Katcher MS;). Desta forma  como explicar estas mortes súbitas se é dever de toda uma equipe de saúde verificar as condições fisiopatológicas do individuo antes de liberá-lo para uma freqüente atividade competitiva?
Traçar um panorama que percorre desde as bases fisiopatológicas da morte súbita cardíaca em atletas até a sua prevenção suscitando discurssão sobre o tema e despertar o interesse para um tema verdadeiramente vital principalmente para a sociedade atlética e os profissionais de saúde é de suma importância visto que a freqüência da morte súbita cardíaca em atletas vem tornando-se ponto importante e passivo de indagações.
O conhecimento sobre um problema tão complexo que é o risco da morte súbita em atletas competitivos impõe-se neste momento como  prioridade  a aqueles que se propõem  ao árduo trabalho nesta área,  e uma avaliação  criteriosa de especialistas com o intuito de reduzir os  riscos significativamente .

Definição geral de morte súbita

A morte súbita cardíaca recebeu sua primeira definição científica em 1707 por Giovani Maria Lancini, em seu trabalho "De Subitaneis mortibus", que definia:
"Eu não tenho conhecimento de morte exceto como súbita ou ocorrendo em um momento do tempo... quando algo necessário na vida é mais consistentemente ausente, aí o final da vida vem sempre subitamente... Algumas delas não obstante, são impostas a nós previstas em medo e tristeza. Outras, entretanto, vêm quietas, como furtivamente súbita, inesperada como fora."
A Morte súbita no passado já foi atribuída de causas inexplicáveis a deuses ou maldições. Mortes repentinas que ocorriam com pessoas normais.Com a evolução da ciência e da medicina, as explicações e fatores foram aos poucos sendo esclarecidos e ampliados. Apesar de rara, a morte súbita é ainda inaceitável pelas pessoas e vista pelas mesmas como uma quebra injusta do ciclo natural da vida, principalmente quando envolve atletas e jovens. Raramente a Morte súbita é atribuída a um coração estruturalmente normal.
A noção da morte inesperada, portanto é bastante antiga. Uma característica fundamental para o conceito da morte súbita é que ela ocorre de modo inesperado em relação ao momento e ao modo de sua ocorrência (Maron BJ, et al.)
A morte súbita é a morte que ocorre repentinamente, sem previsão, sem sinais de trauma ou violência, em adultos à crianças. Geralmente ocorre nas primeiras horas do dia (não se sabe por que). A morte súbita se dá ainda na primeira hora quando se percebe alguns sintomas até o momento em que leva ao óbito, ou nas primeiras 24 horas depois da última vez em que a pessoa é vista com vida.( Myerburg RJ, (CastellanosA)
A OMS (Organização Mundial de Saúde) define como morte súbita àquela que ocorre dentro das primeiras 24 horas do início dos sintomas.
Vários especialistas, no entanto reduzem este tempo na definição, descrevendo-a como uma morte inesperada, marcada pela perda abrupta da consciência em um individuo dentro da 1º hora do início dos sintomas, sendo ou não portador de doença cardíaca conhecida. (Ghorayeb N; Maron BJ, et al)

Essas definições apresentam sérias limitações em relação a grande parte das mortes súbitas, pois essas em geral não apresentam testemunhas, sendo as vítimas encontradas já falecidas em suas casas a um tempo indeterminado. Também por essa definição são excluídos os eventos traumáticos.

Com fim de criar uma limitação do conceito, usa-se o termo Morte Súbita Cardíaca a que exclui outras causas de morte súbita como acidentes cérebro vasculares hemorrágicos, embolia pulmonar e dissecção a órtica.

 Outra consideração que se deve fazer é a respeito da definição de morte, que tanto cientificamente como no senso comum e legalmente consiste num evento biológico e irreversível, mais que encontra paradoxo quando a morte súbita e revertida por intervenções de reanimação cardíaca. Nestes casos, alguns autores propõem que o termo "morte súbita cardíaca", não seje utilizado, sendo substituído simplesmente por parada cardíaca. (. Myerburg RJ, CastellanosA)

Definição geral de morte súbita cardíaca em atletas

Segundo a mitologia grega, Pheidippides correu de Maratona até Atenas com a tarefa de anunciar a vitória dos gregos sobre os persas e morreu ao dar a feliz notícia ao povo ateniense. Provavelmente este foi o primeiro relato de morte súbita relacionada ao exercício físico que se tem notícia (Aubrey de Sélincourt & A.R.Burn ). A pratica esportiva durante a antiguidade , em especial na Grécia antiga, revestiu-se de sentido de provação e sacrifício, que elevava o atleta à condição de semideus, transformando as competições em espetáculos que muitas vezes custavam à vida de seus participantes.(Ghorayeb N).
Em 1896 ressurge as competições esportivas que tem como marco os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna ; entretanto os relatos de morte em atletas ficaram restritos a casos isolados ate meados da década de 1960, quando a disseminação da pratica esportiva e a busca por recordes tornou tal evento comum.(Ghorayeb N , Myerburg RJ, CastellanosA).
A palavra "Atleta", muitas vezes é pouco especifica, podendo incluir indivíduos com características diversas  e níveis diferentes de treinamento (Katcher MS; Salem DN;WangPJ,Estes NAM). A definição de atleta competitivo , que consiste no individuo que participa de equipe esportiva ou pratica modalidade esportiva individual que requer treinamento sistemático e compete regularmente contra outros atletas com o objetivo de conquistar algum premio ou atingir a excelência atlética (Maron BJ,)
É relevante distingui os atletas de acordo com a idade, visto que atletas jovens com idade menor de 35 anos aparentemente são menos susceptível a eventos como a morte súbita em atletas do que os atletas com mais de 35 anos (Katcher MS; Salem DN;WangPJ,Estes NAM , Maron BJ, et al.).
Apesar das mortes súbitas em atletas ocorrerem, na maioria das vezes, durante ou logo apos ao exercício físico,  estas podem acontecer em repouso ou mesmo no sono, sendo necessária à distinção entre morte súbita relacionada ao exercício e morte súbita não relacionada ao exercício, que podem ocorrer em atletas (. Katcher MS; Salem DN;WangPJ,Estes NAM).
Taylor define como morte súbita relacionada com a atividade física aquela que ocorre uma hora após o término desta (Taylor AJ, Roban KM, Virmani R). Outra definição proposta seria aquela que considera a morte súbita  relacionada com a atividade física como uma condição dramática, atraumática e inesperada em indivíduos aparentemente saudáveis, ocorrida 6 a 24 horas após o início dos sintomas ou até duas horas após a prática da atividade esportiva (Maron BJ, et al , Maron BJ, et al).
A crítica cabível em relação a essa definição é a utilização do termo "atraumática", visto que existe uma condição denominada concussão cardíaca (commotio cordis), em que um trauma fechado sobre o tórax poderia provocar parada cardio-respiratoria.
Deve-se acrescentar a esta definição mais um elemento: a morte deve ser provocada por algum transtorno no funcionamento normal do sistema cardiovascular, a fim de que sejam excluídos atletas que venham a falecer quando da prática de esportes com risco de vida, intrínseco, como pára-quedismo, alpinismo, automobilismo, entre outros.

Epidemiologia da morte súbita cardíaca em atletas

A morte súbita cardíaca em atletas, hoje, e vista como um evento raro, no entanto apresentam este evento como parte do "problema da saúde publica global".
Deve-se ressaltar que no texto de Leavell e Clark a definição de problema de saúde é expressa a partir de sua natureza, extensão, severidade e significância. No livro de Morley verificou-se que os critérios que definiriam problemas prioritários seriam: o interesse da comunidade, a prevalência, a gravidade e a possibilidade de controle. Neste sentido a afirmação de que a morte súbita cardíaca em atletas ser  um evento raro é discutível.
A prevalência exata da morte súbita cardíaca em atletas ainda é desconhecida, pois apesar de estudos já estarem sendo realizado a respeito deste tema por diversos atores, ainda não há nenhum banco de dados para registrar a mortes destes atletas em todos os países.
Os maiores estudos disponíveis calculam que os risco entre atletas nos Estados Unidos seja de uma morte para cada 100 mil a 300 mil indivíduos por ano (AlberthCM,Mittelman MA, Chae CU, Lee Im, Hennekens CH, MansonJE), o que corresponde a 50 a 100 casos de morte súbita cardíaca nesta população, a cada ano, nos Estados Unidos.
Sadaniantz e Thompson  calculam que ocorra uma morte súbita para cada 165.000 pessoas que fazem atividade física regular por ano, de forma que o risco relativo para morte súbita aumenta de fato durante o exercício, embora o risco absoluto permaneça baixo.
Pesquisadores verificaram, também, que a morte súbita cardíaca é aproximadamente cinco vezes mais comum em atletas do sexo masculino comparativamente a atletas do sexo feminino (Van Camp SP, Bloor CM, Mueller FO, et al). A incidência absoluta de morte súbita cardíaca relacionada ao exercício é de 0,75 e 0,13 para cada 100 mil atletas dos sexos  masculinos e femininos respectivamente .
A incidência aumenta em pessoas com mais de trinta e cinco anos de idade, em grande parte pela prevalência crescente da doença aterosclerótica do coração. As estimativas da incidência na população com mais de 35 anos de idade ou naqueles que realizam atividades físicas vigorosas são de uma morte para cada 15 mil a 18 mil indivíduos (Thompson PD, et al).
Na década de 1990 estudos realizados concluíram que o risco relativo de sofrer infarto agudo do miocárdio  é de 5.9 no período de uma hora após exercício físico vigoroso (classificado como igual ou superior a 6 METS).. No entanto este mesmo risco relativo apresenta significativamente uma queda quando a pratica do exercício é regular e quando a freqüência semanal aumenta. Estima-se este risco em 19%,8% e 2% respectivamente para os indivíduos que realizam sessões de atividade física 01 ou 02 , 03 ou 04, e 05 ou mais vezes por semana (Thompson PD, et al.).
Pesquisas divulgam freqüentemente que o exercício moderado não aumenta o risco de morte súbita cardíaca em atletas, considerando que outras formas de exercícios mais vigorosos , como esquiar ou correr, são associados a riscos  cinco ou sete vezes maior (Thompson PD, et al.).
Cabe ressaltar que aqueles indivíduos com menor exposição à atividade física têm maior risco para morte súbita que os que se exercitam regularmente (Williams RA.).
A morte súbita cardíaca tem da mesma forma que os outros eventos cardiovasculares agudos, variação circadiana. Há um pico na incidência durante as primeiras horas da manhã ( AlberthCM,Mittelman MA, Chae CU, Lee Im, Hennekens CH, MansonJE), embora não exista qualquer evidência de que exercitar-se durante este período produza riscos maiores que exercitar-se em qualquer outro momento do dia ( AlberthCM,Mittelman MA, Chae CU, Lee Im, Hennekens CH, MansonJE) .
O exercício físico não deve ser encarado como único responsável pelo evento da morte súbita cardíaca em atletas, mas sim como coadjuvante em um sistema complexo que envolve uma patologia preexistente, por vezes silenciosa, e um momento crítico, o qual altera o equilíbrio de forma a iniciar a cadeia de eventos que culmina com a morte súbita. O exercício físico pode, então, ser encarado como este "momento crítico", ou, ainda, como um gatilho (Maron BJ, et al.)  .
Outros eventos podem desempenhar este papel de gatilho, todas elas alterando de forma catastrófica a função miocárdica, quer por aumento excessivo do consumo de oxigênio sem aumento da oferta, quer por desordem aguda no sistema excito-condutor cardíaco (Myerburg RJ, Castellanos A.).
Dessa forma, o exercício pode apresentar um papel paradoxal: é capaz de produzir alterações cardiovasculares que diminuem o risco de morte súbita em indivíduos que são praticantes regulares de atividades físicas, possivelmente por aumentarem a atividade autonômica parassimpática melhorando a estabilidade elétrica do coração (Maron BJ, et al.); porém, é também capaz de aumentar transitoriamente o risco de eventos cardiovasculares agudos, especialmente naqueles indivíduos não praticantes de atividade física regular, provavelmente por ativar o sistema autonômico simpático e promover a ruptura de placas ateroscleróticas vulneráveis ( Maron BJ, et al.)

A Morte Cardíaca Súbita e seus mecanismos

O mecanismo que precede a morte súbita cardíaca durante o exercício é a redução imediata e importante do débito cardíaco, secundário à isquemia miocárdica ou arritmia, a diminuição do fluxo sanguíneo central e a perda de consciência.
O mecanismo de parada cardíaca mais comum é a fibrilação ventricular (FV), que responde por até 80% dos casos e em muitos casos a FV é resultado da degeneração de taquicardias ventriculares. O restante dos casos se agrupam nas bradiarritmias, assistolias e atividade elétrica sem pulso (Sérgio Timerman e col).  A maior parte das vítimas de morte súbita (80%) são os coronariopatas. Seguem-se os portadores de miocardiopatias. As causas primariamente elétricas (ex: WPW -Wolff-Parkinson-White, Sindrome QT longo, Síndrome  Brugada) são a minoria dos casos , respondendo por cerca de 5% do total (PIMENTA, João; Valente, Ney).
A interação de mecanismos fisiopatológicos com elevada demanda miocárdica de oxigênio, alterações do tônus simpático ou parassimpático, distúrbios eletrolíticos e trombogênicos, no miocárdio eletricamente instável, por anomalias estruturais ou funcionais, constituem-se na mais provável explicação para a morte súbita cardíaca em atletas (Ghorayeb N.).
A assistolia e a atividade elétrica sem pulso possuem um prognóstico muito pior que a fibrilação ventricular. A FV que evolui sem respostas ao choque e passa a assistolia tem prognóstico sombrio se não for detectada uma causa reversível tratável (PIMENTA, João; Valente, Ney).
A ocorrência de casos de manutenção prolongada de situações clínicas absolutamente irreversíveis, incluindo casos de morte cerebral, câncer terminal e Insuficiência orgânica múltipla a pontos além do considerado razoável, tendo em vista a total impossibilidade de recuperação daquele determinado paciente. Dentro desse contexto a parada da função cardíaca representa o estágio final de um processo irreversível, que deve ser tratado de maneira correta e digna mais não pode ser classificada como morte súbita cardíaca. (Sérgio Timerman e col).
Fica claro aqui que a parada cardíaca súbita é um evento com três características:
1) É absolutamente inesperada;
2) É potencialmente reversível;
3) Uma vez revertida trará real possibilidade de aumento de sobrevivência do paciente.
Os estudos realizados a cerca da morte súbita cardíaca em atletas mostra que todas as mortes relatadas de pessoas que morreram subitamente durante o exercício possuíam uma doença cardíaca que explicava a causa da morte."Quando se apresenta uma morte súbita, tem-se que supor que existia algum problema, pois é muito difícil o desencadeamento de fibrilação ventricular em coração sadio" (Luna AB.).
Independente dos mecanismos responsáveis pela morte súbita em atletas, o evento que precede todos os casos imediatamente o exercício consiste em redução importante do debito cardíaco (secundário a isquemia do miocárdio ou arritmia) , diminuição do fluxo sangüíneo cerebral e perda de consciência.
Há uma combinação entre eventos ativados e miocárdio estruturalmente suscetível (vulnerável) e fatores que se combinam potencialmente pra iniciar arritmias fatais, em especial fibrilação ventricular. A cessação súbita do exercício e a presença de vasodilatação arterial são fatores  adicionais que poderiam explicar a ocorrência relativamente freqüente de morte súbita cardíaca no período pós-exercicio  imediato.
A morte súbita cardíaca em atletas é a principal ocorrência de vários fatores que interagem e influenciam nos mecanismos que levam às arritmias e conseqüentemente a morte.
Os marcados orgânicos funcionais do substrato miocardico podem estar presentes durante meses ou ate anos, sem que ocorra morte súbita, sendo necessário que, sobre esse miocárdio vulnerável ,atuem um ou mais fatores desencadeantes, entre os quais tem-se destaque o estresse físico.

Fatores Fisiopatológicos

Destacam-se como fatores fisiopatológicos que se pode conduzir à ativação de eventos ou miocárdio suscetível, durante o exercício físico, são:

1.    Demanda miocárdica de oxigênio elevada e redução simultânea da diástole e do tempo de perfusão coronária.
2.    Alteração do tônus simpática ou parassimpático
3.    Liberação de tromboxano A2 e outros vasoconstritores coronários
4.    Hipercoagulabilidade sangüínea.
5.    Acidose láctica e alterações eletrolíticas intra e extracelular.
6.    Concentrações elevadas de ácidos graxos livres.
7.    Elevação excessiva da temperatura corporal. ( Myerburg RJ, Castellanos A)

Fatores de Risco

Os fatores de risco na morte súbita cardíaca podem ser definidos como os fatores que interagem com o coração e que podem desencadear miocárdio eletricamente instável, levando a taquiarritimia maligna quase sempre fatal .Sendo eles:
1.    Substrato do miocárdio (anatômico)::miocardiopatias  dilatada; doença arterial coronária; cardiomiopatia  hipertrófica ; displasia arritmogenica de ventrículo direito;cardiopatia chagásica; cardiopatia valvar; doença de caráter genético ; fatores neuro-humorais ;doenças inflamatórias; substancias tóxicas.
2. Fatores  agudos ou transitórios (gatilhos):drogas; distúrbios eletrolíticos; neuroendócrinos; drogas; disturbioseletroliticos; isquemia/reperfusão;   alterações hemodinâmicas.
3.    Mecanismos das arritmias: reentrada automatismo; atividade deflagrada; bloqueio /desacoplamento celular.
4.    Arritmias finais: taquicardia ventricular; Fibrilação ventricular; dissociação eletromecânica  e assistolia.
Sabe-se que a compreensão dos mecanismos fisiológicos que envolvem os exercícios físicos torna-se de fundamental importância para o entendimento a cerca das modificações cardiovasculares em atletas e da fisiopatologia das diversas causas de morte súbita cardíaca ocorrida nesta classe social.
O metabolismo basal (em repouso), a demanda metabólica de oxigênio (VO2) é dependente basicamente das necessidades de órgãos como cérebro, coração e rins, e equivalem aproximadamente 3,5 ml de oxigênio por quilo a cada minuto. (Levine BD.)
Durante uma atividade física ocorre um aumento substancial deste volume de oxigênio, pois a demanda de O2 da musculatura esquelética é aumentada em mais de 10 vezes podendo chegar a 20 vezes em atletas de alto nível. Este aumento do volume de oxigênio, esta correlacionado ao volume linear do debito cardíaco de 6 litros por minuto para cada litro de oxigênio consumido, podendo chegar a volumes máximos que podem variar de 28 em um individuo totalmente sedentário a 86 em atletas de elite. (Levine BD.).
A análise dos sinais vitais durante a atividade física usa normalmente como parâmetro qualitativo e de segurança cardiovascular, a freqüência cardíaca e a pressão arterial, de forma isolada ou conjunta, dos indivíduos submetidos ao procedimento. Entretanto para indivíduos hipertensos (assim como para outras faixas populacionais como idosos, diabéticos, obesos, ou mesmo indivíduos normotensos), se faz necessário à análise de um terceiro fator: o duplo-produto (DP).
O DP é definido como produto entre freqüência cardíaca e pressão arterial sistólica (FC X PAS) (Farinatti e Leite, 2003)
O DP tem forte correlação com o consumo de oxigênio do miocárdio apresentando-se como o melhor preditor indireto do esforço cardiovascular devendo ser usado como parâmetro de segurança do sistema cardiovascular (Farinatti e Assis; 2000).
Aparentemente a sobrecarga imposta ao miocárdio tende a depender mais do tempo do exercício do que da carga em si. Assim sendo, exercícios contra resistência envolvendo cargas altas e poucas repetições, implicaria em menor trabalho cardíaco do que exercícios envolvendo cargas menores com maior número de repetições, como exercícios aeróbios. Estudo conduzido por Farinatti e Assis em 2000 comparou o encontrado frente a diferentes solicitações (1 RM; 6RM; 20RM; exercício aeróbio de 5 min; 10min; 15min; e 20 min), e concluiu que, segundo a análise do DP, exercícios dinâmicos contra resistência parecem acarretar menores solicitações cardíacas que exercícios aeróbios, e que o número de repetições parece ter influência maior do que a carga absoluta mobilizada.
Já para o exercício aeróbio a intensidade parece ser o fator mais influente.
Os mesmos autores chegam a notar que exercícios aeróbios obtiveram a partir do décimo minuto, valores de DP que poderiam ter desencadeado em pacientes com angina pectoris, sensação de desconforto por dores no peito, com risco de intercorrências cardíaca, e tal fato não ocorreu nos exercícios contra resistência.
Exercícios resistidos diversos também acarretam diferentes respostas cardiovasculares. Estudo conduzido por Farinatti e Leite (2003) comparando a FC, PAS e DP frente a diferentes exercícios de força, obteve uma elevação significantemente maior para a extensão de pernas (realizada em cadeira extensora), que para exercícios envolvendo a musculatura posterior da coxa e exercícios de membros superiores.
De forma aguda, ocorre um efeito hipotensivo pós-exercício que pode perdurar de alguns minutos até algumas horas subseqüentemente ao término do exercício. Dados indicam que um menor número de repetições, mesmo com cargas relativamente altas, (6 RM), acarreta diminuição na PAS pós-exercício, mantendo este efeito por um tempo prolongado. Já para a pressão arterial diastólica (PAD), um número maior de repetições, com cargas menos intensas (12 repetições com 50% de 6RM), gera maior diminuição pós-esforço. Estes dados, entretanto, não são consenso dentro da literatura (Polito: Simão: Senna e Farinatti: 2003)

Prevenção da Morte súbita Cardíaca em atletas

A melhor forma de diminuir a incidência de morte súbita é a prevenção, com a utilização periódica, mais completa possível, de métodos de avaliação tais como questionários, exames físicos diversos, radiografia do tórax e eletrocardiograma, quanto se fizerem necessários. Questionários enfocando sintomas, e antecedentes cardiovasculares devem ser realizados em todo indivíduo aparentemente saudável que inicie um programa de atividades físicas, seja adulto ou criança .
Pacientes sem fatores de risco, importante segmento da população portadora de cardiomiopatia hipertrófica, costumam apresentar evolução favorável e melhor prognóstico e não necessitam habitualmente medidas terapêuticas mais agressivas. Nesses casos, as atividades recreacionais e laborais exigem mínima restrição, embora seja indicado o afastamento da prática de modalidades desportivas de caráter intensivo ou competitivo. (Maron BJ, McKenna WJ, Danielson G, et al).

Conclusão

Conclui-se que a estratificação de risco para morte súbita apresenta vital importância na cardiomiopatia hipertrófica, por constituir esta a principal forma de óbito numa doença, que acomete, entre outros, jovens e atletas e vítima não raro indivíduos assintomáticos sem diagnóstico prévio.
O substrato molecular heterogêneo associado à grande diversidade fenotípica limita a aplicação sistemática do diagnóstico laboratorial genético, com vistas à identificação de mutações malignas. A marcada variação clínica e a complexidade dos mecanismos determinantes de morte súbita dificultam a individualização de preditores de risco. Embora, o conhecimento a respeito tenha evoluído substancialmente desde a descrição inicial da doença, considera-se ainda não ser possível a identificação de todos os pacientes suscetíveis.
Os preditores mostram-se úteis, pois a instituição de medidas terapêuticas efetivas favorece a evolução clínica e o prognóstico.

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A importância e o papel da Fisioterapia no futebol

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Resumo

 

 Esse artigo tem o objetivo de fornecer um melhor conhecimento sobre a atuação da fisioterapia esportiva no futebol, o trabalho que vai desde a prevenção à lesão até sua reabilitação por completa. Foi usada a revisão bibliográfica como forma de metodologia, através dos artigos publicados sobre a fisioterapia esportiva. Foi possível observar que é impossível um clube esportivo não ter a presença de fisioterapeutas, pois eles são extremamente fundamentais. Atualmente esse profissional desempenha um papel muito importante, já que além de reabilitar o atleta, hoje ele trabalha também com prevenção epara prevenir, se necessita de uma grande caminhada. A utilização da prevenção reduz as lesões específicas ou gerais dos membros inferiores, já que o número de lesões nos membros superiores é muitobaixo. Por isso entende-se que a prevenção é mais uma alternativa para a redução da incidência de lesões relacionadas à prática esportiva.

 

Palavras-chave: atuação da fisioterapia; métodos de prevenção; reabilitação.

 

Introdução

O futebol é o esporte mais praticado e o que atrai cada vez mais pessoas no mundo, de idade e sexo diferentes. Alguns vêem esse esporte como forma de crescer na vida e outros apenas como algo que melhora a qualidade de vida. O crescente aumento de adeptos no esporte vem sendo acompanhado por um aumento no número de equipes e ligas desportivas, principalmente direcionadas aos jovens. Mas muitas destas equipes ou ligas, não têm um treinamento adequado e específico para os praticantes do esporte ou não tem uma equipe responsável pelo tratamento ou prevenção das possíveis lesões que venham acometer seus atletas.

Como conseqüência a tudo isto, um grande número de lesões relacionadas ao esporte torna-se cada vez maior, principalmente as lesões músculo-esqueléticas. Tratamentos incompletos ou lesões não tratadas da forma correta são uma das causas de lesões graves, pois deixam o atleta com acúmulo de sobrecarga na área lesionada, fazendo com que o atleta e a equipe tenham um grande desgaste até que este jogador esteja pronto pra retornar às atividades.

Muito se tem feito para diminuir este grande número de síndromes e o fisioterapeuta, como profissional reconhecido e um integrante importantíssimo em qualquer equipe interdisciplinar, tem a obrigação de, não só realizar o tratamento das lesões, mas também deve buscar meios de prevenção para que menos problemas venham a acontecer e prejudicar o trabalho de uma equipe, pois um atleta estando machucado, o clube deixa de ganhar, de receber propostas por esse jogador e dependendo da equipe, o próprio atleta tem uma redução no seu salário. Logo, todos saem prejudicados, e a fisioterapia preventiva pode evitar que esses problemas e síndromes aconteçam, mas se ocorrer uma lesão em um atleta, o profissional da saúde está ali para começar e acelerar o processo de reabilitação.

A fisioterapia esportiva tem buscado saídas para que cada vez menos lesões venham a acontecer durante estas os treinos ou jogos, e para se conseguir reduzir o índice de lesões, principalmente lesões de joelho e tornozelo, pesquisas vêm sendo feitas nas mais variadas equipes profissionais e amadoras de ambos os sexos. Estas pesquisas são caracterizadas por exercícios designados a dar ênfase à coordenação e equilíbrio e são amplamente utilizados pela fisioterapia traumato-ortopédica e esportiva no tratamento de lesões músculo-esqueléticas.

 

Desenvolvimento


ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO FUTEBOL

A fisioterapia esportiva tem como objetivo proteger, restaurar e aumentar a capacidade funcional do atleta, para que ele possa desempenhar o seu trabalho com o máximo de êxito (ROSAN, 2003).

Ela tem se diferenciado do que normalmente se realiza na fisioterapia convencional, tanto em assistência, como em estrutura. O uso intenso dos seus inúmeros recursos, envolvidos na recuperação, atorna essencial. Sua principal função é reabilitar, seguindo técnicas e métodos terapêuticos específicos, fazendo com que o atleta volte em um menor espaço de tempo, sempre protegendo a sua integridade física. Geralmente as lesões são de grau leve ou moderado, não deixando os atletas participarem de treinamentos diários. Quando essas lesões ocorrem, é a fisioterapia esportiva que possibilita ministrar os exercícios de manutenção do condicionamento físico do atleta (ROSAN, 2003).

Rosan (2003) mostra que um clube de futebol é formado por uma equipe interdisciplinar, que é formada por médicos, fisiologistas, preparadores físicos, psicólogos e fisioterapeutas, que tem totalautonomia para avaliar, programar e executar a reabilitação do atleta. Sempre que se trabalha em conjunto, discutindo casos, a reabilitação do atleta é satisfatória.

 

MÉTODOS DE PREVENÇÃO

Grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, como aceleração, desaceleração, pivotamento, mudanças de direção, saltos, entre outros, provocam um alto número de lesões. As mais comuns encontradas na literatura são entorses de joelho e tornozelo, contusões e lesões musculares (SILVA, 2005).

No futebol, a estatística passou a ter extrema importância na avaliação do grau de sobrecarga de treinamentos e excesso de jogos em função do número e tipos de lesões. E esse esporte vem sofrendo mudanças, principalmente na parte física, que é cada vez mais cobrada, obrigando os atletas a trabalharem no seu limite máximo de exaustão, aumentando a probabilidade de sofrerem lesões (COHEN et al, 1997).

Para diminuir o alto número de lesões, um método específico vem conquistando territórios, são os exercícios proprioceptivos. O termo propriocepção foi primeiramente introduzido por Sherrington(1857-1952) em 1906, que a descreveu como a capacidade de um indivíduo, mesmo estando com os olhos fechados, saber em que posições estão as diversas partes do seu corpo em cada momento, em outras palavras, um tipo de feedback dos membros ao sistema nervoso central (DOVER & POWERS, 2003).

A prática constante destes exercícios proprioceptivos ajuda a manter uma excelente resposta do sistema somatosensorial, comprovando que a utilização destes exercícios auxilia na manutenção do equilíbrio (GAUCHARD et al, 1999).

Para Hewett et al. (2001), o programa de exercícios proprioceptivos deve ter exercícios dinâmicos, multidirecionais e específicos. Estes exercícios trabalham com componentes da estabilidade dinâmica das articulações que, durante os movimentos, mantém os membros e as articulações estáveis. Este tipo de treinamento permite facilitações na adaptação proprioceptiva na articulação do joelho em atletas.

Caraffa et al. (1996), mostra um estudo controlado prospectivo de 600 jogadores de futebol, na qual relacionou os possíveis efeitos preventivos de um treinamento proprioceptivo. Foi pedido a um grupo de trezentos jogadores um treinamento de 20 minutos por dia com cinco diferentes fases de dificuldade aumentada. A primeira fase foi um treinamento equilibrado sem qualquer prancha de equilíbrio, a fase dois de treinamento foi em uma prancha de equilíbrio retangular, a fase três de treinamento foi em uma prancha redonda, a fase quatro de treinamento foi em uma prancha retangular e redonda combinado e a fase cinco de treinamento foi em uma prancha chamada BABS. Um grupo controle de 300 jogadores de outros times comparáveis treinava normalmente e não receberam qualquer treinamento. Ambos os grupos foram observados durante três temporadas e possíveis lesões de ligamento cruzado anterior (LCA) foram diagnosticadas por exames clínicos. Foi encontrado um total de 10 lesões de LCA no grupopreventivo, e 70 lesões nos jogadores que somente realizaram o treinamento normal. Este trabalho concluiu que o treinamento proprioceptivo pode reduzir significativamente a incidência de lesões de LCA nos jogadores de futebol.

Em uma pesquisa feita no futebol suíço, entre 1999 e 2000, Junge et al. (2002) mostra 101 atletas que participaram de um grupo preventivo, realizando diversos exercícios que tinham o intuito de prevenir lesões, entre elas um programa de exercícios que aumentava a estabilidade das articulações do tornozelo e joelho, e outros 93 atletas do grupo controle que continuaram a praticar o esporte normalmente. A incidência de lesões no grupo de intervenção foi de 6.7 a cada 1000 horas de treinamentos ou jogos, enquanto no grupo controle foi de 8.5. Notou-se que o grupo preventivo obteve um número de 21% a menos de lesões do que o grupo controle, comprovando claramente que a incidência de lesões no futebol pode ser reduzida com um programa de prevenção.

Treinamentos em discos de tornozelo influenciaram no tempo de reação de alguns músculos durante um entorse de tornozelo simulado em pessoas sem incidências dessa lesão e sem instabilidade funcional do tornozelo (SHETH et al., 1997).

Os exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação e por isso pode ser usado clinicamente na prevenção de lesões desportivas, pois os estudos realizados comprovaram que a prescrição deles melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram (DOVER & POWERS, 2003).


REABILITAÇÃO

Durante o processo de reabilitação, o fisioterapeuta esportivo averigua a melhora do atleta e com a evolução da patologia modifica a forma de tratamento. É importante conscientizar o atleta das aplicações e do porque dos procedimentos fisioterapêuticos. Trabalha-se também o lado psicológico, tentando trazer-lhe de volta a auto-estima e a confiança, já que a dedicação do jogador conta muito nahora da reabilitação (ROSAN, 2003).

Rosan (2003) relatou que vários são os recursos fisioterapêuticos usados durante a fase da lesão, e são eles: crioterapia, hidroterapia, eletroterapia, laserterapia, termoterapia, mecanoterapia,cinesioterapia, massoterapia, e outros.

Dentre as citadas e uma das técnicas mais usadas, é a crioterapia, ou terapia com frio, que segundo Knight (2000) é a utilização de toda e qualquer substância capaz de provocar diminuição da temperatura dos tecidos com finalidades terapêuticas.

 

Conclusão

Com esse trabalho pode-se concluir que, através de outros artigos pesquisados, um trabalho preventivo no futebol reduz significativamente a incidência de lesões musculares e nas articulações dos joelhos e tornozelos dos atletas profissionais, principalmente trabalhando os exercícios proprioceptivos. Provou-se que tem como se fazer esses exercícios à redução de lesões específicas, como as lesões do ligamento cruzado anterior do joelho, ou de lesões em geral de membros inferiores. Pode-se notar também que as lesões articulares de joelho e tornozelo são realmente as que mais acometem estes atletas.

Este trabalho comprovou que a fisioterapia e a atuação do fisioterapeuta são extremamente imprescindíveis na utilização da prevenção de lesões esportivas e na sua reabilitação. Estas pesquisas podem ser mais uma alternativa para a redução do número de lesões relacionadas à prática do esporte.

 

Bibliografia

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Autor:  
Naasser Mendes - Email: naassernml@gmail.com 

Epicondilite lateral em atletas

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Etiopatogenia:

Os danos causados na epicondilite lateral consistem em microtraumas na parte dos tendões e dos músculos no epicôndilo lateral. Os microtraumas promovem o surgimento de hiperplasia fibranginosa no tendão acometido, como resultado de estímulos repetitivos crônicos. Esses achados sugerem que a epicondilite crônica constitui uma entidade mais degenerativa que inflamatória. Depois do trauma inicial, estas áreas se lesam com mais freqüência, conduzindo a hemorragia e a formação com depósitos de tecido granulosos e de cálcio dentro dos tecidos circunvizinhos4.

Cerca da metade dos atletas que jogam ou praticam com freqüência o tênis sofrerão de dores no cotovelo. A dor geralmente é exacerbada em decorrência do golpe de backhand e em cerca de 95% dos casos ocorre em quem joga este golpe com somente uma das mãos. Geralmente acomete pacientes dos 35 aos 50 anos de idade.

É de causa mecânica e os principais fatores de risco podem assim ser resumidos:
v Ao manter contraída a musculatura extensora por um período prolongado durante um jogo, ao segurar o cabo da raquete com muita força, o atleta gera mais força na massa muscular, o que pode sobrecarregar os tendões. Deste modo, para prevenir a lesão, a contração deve ocorrer somente no momento da batida, e não precisa ser tão grande;

v No saque, além da força, uma série de torções de punho e cotovelo são necessárias; por esse motivo, precisam ser treinadas e orientadas com a técnica correta – a chamada cadeia cinética de movimento, que vai desde a geração de potencia dos membros inferiores até os elos de força do membro superior (ombro e cotovelo) devem agir sincronicamente, para evitar a sobrecarga de alguma estrutura em particular;

v Rebatidas impróprias às bolas durante o backhand (revês) são o fator que mais pode gerar a lesão. Essas bolas devem ser rebatidas com o cotovelo em extensão, na hora do impacto da bola, o que somente é conseguido quando se gira rapidamente o tronco na preparação do golpe. Se essa posição ainda estiver incompleta (bater de frente para rede), com a bola em alta velocidade, vai ocorrer uma vibração maior em todo o membro superior, nos prono-supinadores no punho e os extensores no cotovelo.

Quadro clínico:

Os músculos traumatizados, na epicondilite, são os extensores do punho e dos dedos. É um estresse mecânico e conseqüente a um único trauma, ou mais frequentemente, no caso do tênis, a vários micro-traumas.
Os músculos podem inchar no antebraço criando um estresse altamente focalizado nas áreas de inserção dos tendões no cotovelo.

Dor na parte externa do cotovelo, ocasionalmente irradiada para o braço, punho e ombro são os sintomas mais frequentes. A dor ocorre levantando ou dobrando o braço, agarrando objetos tais como um copo de café ou até mesmo num aperto de mão, nos quadros mais avançados.

Diagnóstico

Clínico

O diagnóstico clínico leva em consideração vários aspectos relacionados à prática esportiva do tênis. Uma anamnese bem detalhada sobre o desenvolvimento da disfunção, assim como o tempo de prática do esporte, as formas de aumento e diminuição da dor, movimentos básicos realizados pelo atleta e os testes especiais específicos (teste de Maudsley, teste Cozen7 e o teste de Mill7), praticamente fecham o diagnóstico9.

Radiológico
O exame radiológico simples é realizado de rotina, nas incidências ântero-posteriores e perfil. O Ultra-som na maior parte das vezes pode ser utilizado para o diagnóstico, mas sempre que possível, principalmente nos casos crônicos ou de recidiva a ressonância magnética é feita trazendo dados mais precisos.

Diagnóstico diferencial

O teste do dedo médio auxilia o diagnóstico diferencial da síndrome do nervo interósseo posterior com a epicondilite lateral. Deve ser realizado com o cotovelo em extensão e punho em posição neutra. Pressiona-se o terceiro dedo, evitando que este faça extensão ativa. O aumento da dor nessa manobra sugere síndrome do interósseo posterior. Outro teste utilizado no diagnóstico diferencial entre essas duas patologias é realizado com a infiltração de 1,0 ml de lidocaína no nível do epicôndilo lateral. Nos casos de epicondilite lateral, os sintomas desaparecerão, enquanto que, na síndrome do nervo interosseo posterior, persistirão.9

Tratamento

Clínico e cirúrgico

Quando nos deparamos com uma lesão aguda, o tratamento é realizado através de analgésicos e antiinflamatórios não hormonais. Essa conduta, no entanto, é sempre indicada junto ao tratamento fisioterápico.

A cirurgia da epicondilite lateral só ocorre em casos extremos. Quando os sintomas ainda são aparentes por mais de seis meses e ocorreram o insucesso do tratamento médico não-cirúrgico e fisioterapeutico, a cirurgia é indicada. Essa cirurgia consiste na retirada do tecido fibrótico e / ou liberação parcial da origem do extensor no epicôndilo lateral do úmero (figura da cirurgia da epicondilite lateral). Em alguns casos associa-se a ostectomia do epicôndilo.

Mais recentemente temos utilizado o tratamento com infiltração de plama rico em plaquetas (PRP) como alternativa a cirurgia. Estamos no momento com 40 casos tratados nos últimos 3 anos, e em breve publicaremos os resultados, que em princípio são promissores, desde que o atleta siga as recomendações de ficar afastado do esporte por pelo menos 6 a 8 semanas apos a infiltração. O tratamento com PRP visa proporcionar um melhor aporte sanguineo ao tendão degenerado, possibilitando a progressão da cura por meio de um adequando trabalho de estresse excêntrico no tendão, que é realizado através de um programa especifico de fisioterapia.

Nesta terapia, retiramos de 20 a 30 ml de sangue do paciente, centrifugamos por cerca de 15 minutos a 3200 rotações por minuto, e depois retiramos o plasma rico em plaquetas, que é injetado no local da lesão, guiado por ultrassonografia. Após o procedimento o paciente realiza um tratamento fisiterápico para recuperação do arco de movimento e ganho progressivo de força muscular, e o retorno ao esporte ocorre de 2 a 3 meses apos o procedimento.

Fisioterápico

A reabilitação da epicondilite lateral ainda é muito controversa, talvez pelo fato de se usar muitas técnicas ao mesmo tempo a fim de recuperar o paciente o mais breve possível. As técnicas mais utilizadas para o tratamento são o uso de US, ondas curtas, eletro-estimulação e gelo. Alguns trabalhos na literatura buscaram comparar algumas técnicas de reabilitação enquanto outros fizeram estudos onde se compararam alguma técnica com o placebo.

Pienimaki et al8 comparou alongamentos e exercícios isométricos e isotônicos com US pulsado e, mostrou que a diferença media padrão na escala analógica visual de dor em repouso teve um efeito clínico grande. Já Vicenzino et al11 mostrou efeitos positivos aplicando um deslizamento lateral da cervical relacionado à escala visual analógica de dor e limiar de dor por pressão. Struijs et al10 comparou uma técnica de manipulação de punho com um tratamento combinado de fricção transversa, US pulsado e exercícios, e mostrou não haver diferença significante comparando as técnicas utilizadas, sendo que após 6 semanas a dor diminuir em todos os grupos. Enquanto que Basford et al2 e Krasheninnikoff et al5, mostraram que o Laser não teve efeito significante na dor, força muscular sem dor e melhora global e, Lundeberg et al7 mostrou melhora significante na escala analógica visual de dor e força muscular máxima quando comparado a placebo.

Complicações

A complicação mais relacionada ao tennis elbow é a recidiva da lesão (10% de recidiva)3. A persistência da dor após a cirurgia também pode ocorrer, porém em menor porcentagem12.


Prevenção

A epicondilite lateral em tenistas também pode ser prevenida utilizando equipamentos adequados, realizando a técnica apropriada (principalmente o backhand) e realizando exercícios de flexibilidade para o membro superior3.

Lembre dos seguintes métodos para prevenção da lesão, se você for tenista:

1. Procure jogar com bolas novas, sempre que possível

2. Utilize uma raquete com perfil largo, pois estas tem uma menor chance de causar a lesão

3. Procure utilizar cordas de tripa natural ou sintética, sempre que possível, pois estas absorvem parte do impacto gerado na rebatida

4. Evite atrasar os golpes, procurando deixar o cotovelo sempre atrás da zona de contato da cabeça da raquete com a bola

5. Faça sempre o complemento total dos golpes, para ajudar na dissipação da energia gerada durante o golpe

6. Faça a preparação adequada dos golpes no tênis rodando antes o tronco para gerar energia adequada para as rebatidas


Bibliografia

1. Andrews; et al. Reabilitação física das lesões desportivas. Ed. 2, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2000.

2. Basford J., et al. Laser terapy: a randomised, controlled trial of the effects of low intensity Nd:YAG laser irradiation on lateral epicondylitis. Arch Phys Med Rehabil, 2000, vol 81:1504-10.

3. Birrer R. B. Sports medicine for the primary care physician. Ed.2 , Library of Congress, 1994.

4. Canavan, P. K. Reabilitação em medicina esportiva: um guia abrangente. Manole:2001, São Paulo.

5. Krasheininnikoff M., et al. No effect of low power laser in lateral epicondylitis. Scand J Rheumatol, 1994, vol 23:260-3.

6. Lundeberg T., et al. A comparative study of continuous ultrasound, placebo ultrasound and rest in epicondylalgia. Scand J Rehabil Med, 1988, vol 20:99-101.

7. Magee, D. J.; Avaliação Músculo esquelética. Manole:2005. 4 ed. São Paulo.

8. Pienimaki T., et al. Progressive strengthning and stretching exercises and ultrasound for chronic

lateral epicondylitis. Physiotherapy, 1996, vol. 82:522.

9. Silva, R. T.; Lesões nos esportes: diagnostico, prevenção e tratamento: Cap. 50 Lesões esportivas no tênis. Editora Revinter, Rio de Janeiro, 2003.

10. Struijs P., et al. Manipulation of the wrist for management of lateral epicondylitis: a randomised pilot study. Phys Ther, 2003, vol 83:608-16.

11. Vicenzino B., et al. The initial effects of a cervical spine manipulative physiotherapy treatment oh the pai and dysfunction of lateral epicondylalgia. Pain, 1996, vol 68: 69-74.

12. Weinstein S. L., Buckwalter J. A. Ortopedia de Turek: Princípios e sua aplicação. 5 edição, editora Manole, São Paulo, 2000.


Prof. Dr. Rogerio Teixeira da Silva Mestre e Doutor em Ortopedia e Medicina Esportiva pela UNIFESP

Como é o trabalho do fisioterapeuta que trabalha com esporte?

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A Fisioterapia, ou reabilitação, é um programa dinâmico de exercícios prescritos para prevenir ou reverter os efeitos deletérios da inatividade enquanto o indivíduo recupera seu nível de competição. Diferentemente da reabilitação convencional, na qual o retorno completo da função poderá não ser possível, a reabilitação atlética combina o exercício e as modalidades terapêuticas com a finalidade de restaurar os atletas ao seu nível normal de atividade. A reabilitação atlética não inclui apenas a restauração completa do desempenho irrestrito, mas se esforça também para um nível de condicionamento maior do que o nível que o atleta possuía antes da lesão.
 
Terá que levar em conta força muscular, potência, flexibilidade e resistência (endurance), assim como equilíbrio, propriocepção, momento apropriado e desempenho cardiovascular. Cada programa de reabilitação deve ser individualizado de forma a atender as necessidades individuais de cada atleta.
A fisioterapia desportiva, ou reabilitação atlética abarca principalmente a restauração das estruturas músculo-esqueléticas traumatizadas. 

Só raramente uma lesão é tão leve a ponto de tornar desnecessária alguma forma de reabilitação, e, como regra, quanto mais séria for a lesão, mais prolongada e necessária será a reabilitação. A eficácia da fisioterapia no período de recuperação, tanto após uma cirurgia quanto após um traumatismo, geralmente determina o grau e o sucesso da futura competição atlética. Além do mais, as lesões sofridas durante a participação atlética são em geral, produzidas em circunstâncias inerentes ao desporto especifico: portanto, o atleta pode ficar exposto a um traumatismo recidivante idêntico, o que torna mais provável uma nova lesão. Esse potencial para sofrer uma nova lesão torna necessária um tratamento fisioterápico exaustivo e completo.

Em qualquer lesão, ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta ao traumatismo. Cabe ao fisioterapeuta reduzir a gravidade desses efeitos fisiológicos, otimizar o tempo de cicatrização e devolver o atleta à competição o mais cedo possível sem comprometer seu bem-estar. Os objetivos de todo o programa de fisioterapia incluem:

1) Redução da dor;
2) Redução da resposta inflamatória ao traumatismo;
3) Retorno da amplitude ativa de movimento plena e isenta de dor;
4) Redução do derrame;
5) Retorno de força, potência e endurance musculares plenas
6) Retorno às atividades funcionais assintomáticas plenas no nível pré-lesão

Tumefação, dor e espasmo podem inibir a instituição precoce de um programa de fisioterapia. O uso de várias modalidades pode ser essencial no controle e na redução dessas respostas, permitindo ao atleta iniciar precocemente os exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento. No entanto, a modalidade propriamente dita nunca é considerada a cura para a maioria das lesões atléticas. Apenas através do exercício terapêutico será possível recolocar a parte ou as partes corporais lesadas em seu nível pré-lesão. Se um programa de reabilitação não for instituído em combinação com as modalidades terapêuticas, o ciclo da lesão poderá prosseguir.

O exercício precoce é essencial para a reabilitação. Os atletas podem aprimorar sua condição física em cerca de 1% ao dia , enquanto perdem de 3% a 7% de sua aptidão diariamente quando permanecem totalmente inativos. Portanto, quanto mais longo o período de tempo durante o qual o atleta permanece inativo, mais longo será o período necessário para completar o programa de reabilitação. O uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização, e a falta de exercício durante os estágios iniciais da reabilitação pode resultar em incapacidade permanente. Algumas limitações poderão ser necessárias para proteger um reparo cirúrgico ou permitir que ocorra a cicatrização adequada da lesão. As condições ideais para a cicatrização dependem de um equilíbrio delicado entre a proteção contra o estresse e o retorno à função normal no período mais precoce possível.

Cada programa de fisioterapia deve ser individualizado; não existe um programa de reabilitação do tipo "livro de receitas culinárias" para todas as lesões e que possa ser adotado para todos os atletas. Um programa de fisioterapia deve ser elaborado de forma a atender as necessidades do atleta, abordar as deficiências específicas e a levar em conta as demandas funcionais específicas do atleta para cada atividade esportiva, em vez de encaixar o atleta em um determinado plano de tratamento.

Os objetivos gerais da fisioterapia já foram mencionados. Antes de iniciar um programa de reabilitação, o fisioterapeuta, o técnico e o atleta deverão elaborar um conjunto de objetivos a curto, médio e a longo prazo baseados na lesão do atleta ou no procedimento cirúrgico realizado e na necessidade da competição. O uso do protocolos de reabilitação preestabelecidos como diretrizes para a progressão do atleta através do programo de reabilitação pode ser valioso. Os protocolos deverão fundamentar-se em princípios derivados da pesquisa sobre o tempo de cicatrização e cinemática articular. Os objetivos podem ser delineados em relação à amplitude de movimento, à sustentação do peso e à progressão dos pesos nos exercícios com resistência progressiva. Entretanto, os protocolos de reabilitação são apenas diretrizes e os indivíduos toleram a dor diferentemente e cicatrizam com ritmos variáveis. O avanço da reabilitação no atleta deverá basear-se na avaliação diária do fisioterapeuta quanto aos relatos subjetivos e achados objetivos. A progressão de uma fase para outra somente deverá ocorrer depois que o atleta alcançou os objetivos esboçados na fase atual.

Joelho, um grande problema no Basquete

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O basquete é uma das modalidades esportivas onde podem ocorrer mais lesões por ser um esporte dinâmico e de muito contato físico. Poderia citar várias, mas vou escrever apenas sobre a articulação do joelho, por ser uma articulação que tem alta freqüência de entorses.

O joelho tem uma importância muito significativa para os movimentos corporais. Ele é composto pelos ossos fêmur (coxa), tíbia (perna), patela (antigamente chamada de rótula), por ligamentos (colaterais e cruzados) e pelos meniscos (que absorvem o impacto do nosso corpo). Essas estruturas, quando lesionadas, impedem que o atleta tenha bom desempenho desportivo para alcançar seus objetivos.

Os ossos do joelho são conectados uns aos outros através de ligamentos e cápsulas articulares. Eles agem unindo os ossos para manter a estabilidade da articulação.

Uma lesão ligamentar, por exemplo, pode afastar um jogador por vários meses, pois deve-se respeitar o processo de reestruturação e cicatrização do tecido lesionado. Caso contrário, isso poderá trazer sequelas de difícil tratamento. O tempo para cicatrização é de, aproximadamente, 60 dias. Os ligamentos podem se regenerar espontaneamente, porém, com a fisioterapia esse processo é acelerado. O retorno do atleta ás atividades vai depender do grau da lesão:

colagem_joelho


  • Grau 1: ocorre lesão de apenas algumas fibras, sendo capaz ainda de manter a estabilidade da articulação.
  • Grau 2: ocorre uma ruptura parcial das fibras.
  • Grau 3: essa lesão ocorre quando há uma ruptura total do ligamento tornando a articulação instável, onde seria necessário a realização de cirurgia para a reconstrução do mesmo.

Qualquer trauma direto sobre o joelho ou uma mudança brusca de movimento (torção), pode acarretar em lesão. Em uma torção dos joelhos os meniscos podem ser afetados, como fraturas dos mesmos, tendo indicação de correção cirúrgica por vídeo artroscopia.

Sobrecarga (excesso) de treinamento pode causar inflamações (tendinites) no joelho do atleta. É de suma importância realizar fisioterapia preventiva com o fisioterapeuta para minimizar a ocorrência de lesões através de reequilíbrio muscular, ganho de flexibilidade e exercícios proprioceptivos.

Sempre que o atleta sentir dores e desconforto na articulação é necessário procurar orientação médica e fisioterápica para ter diagnóstico e iniciar o tratamento o mais precocemente possível.

Escrito por: Lilian Santos

Sindrome do Impacto em nadadores

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    A Sindorme do impacoto é freqüentemente vista em pessoas que possuem atividades ocupacionais onde o braço é forçado a ficar constantemente na posição erguida, e também em atletas em que o gesto esportivo exija amplitudes de movimentos contínuas do ombro acima de 90º[5,7].

    Em 2002, Kralinger et al.[10] sugeriram que desportos diferentes impõem cargas de trabalho diferentes ao ombro, classificando-os de acordo com o envolvimento desta articulação em menor ou maior grau durante o gesto esportivo, da seguinte maneira: os esportes do tipo I são aqueles em que o ombro é pouco solicitado e não sofre tensões excessivas, como o ciclismo e a corrida; os esportes que ocasionam pressão moderada ao ombro são os do tipo II, incluindo o esqui, e a natação; os do tipo III são aqueles que oferecem grande sobrecarga ao ombro, ininterruptamente, como é visto no vôlei, no handball e no basquete.

    Entretanto, Ejnisman et al.[11] confrontam a idéia de que o nado proporciona um impacto moderado ao ombro. Devido aos movimentos baliísticos efetuados, esses autores afirmam que a natação é, conceitualmente, uma modalidade de arremesso[3], apresentando, apenas, uma variação biomecânica específica, porém, predispondo o ombro às mesmas lesões típicas daquelas do tipo III de Kralinger.

    A natação é o segundo esporte mais praticado no Brasil. Sua vantagem em relação a outras atividades é que o meio aquático tem ampla funcionalidade, propiciando desde espaços recreativos e educativos, até ambientes de campeonatos amadores ou profissionais. Dentro destes dois últimos grupos, uma diferença significativa de desempenho pode ser notada, uma vez que, indivíduos amadores nadam por prazer, sem exigência de performance técnica, enquanto que atletas profissionais são treinados para obterem o máximo de rendimento físico possível durante a prática esportiva[6,12].

    Em 1999, foi quantificado que, em média, competidores de elite perfazem cerca de 300.000 braçadas e percorrem aproximadamente 15.000 metros diários durante a fase pré-temporada[7]. Dentro deste contexto, cabem os achados de Souza et al.[12] , que, num estudo comparativo, observaram dores articulares em pelo menos um dos ombros em grande parte dos atletas de alto nível avaliados, o que não foi encontrado com a tanta freqüência nos indivíduos que nadavam de 2 a 3 vezes por semana.

    A expressão "ombro de nadador" foi descrita pela primeira vez em 1974 para designar um quadro doloroso causado por sucessivos estresses na região da cintura escapular durante o nado. Atualmente, a maioria dos estudos ainda demonstra que, em média, 65% dos nadadores queixam-se de dor nesta área[2,7,11,12,13,15,19].

    Apesar de a natação apresentar baixo risco traumático, seu próprio gesto esportivo pode contribuir para o aparecimento de lesões, principalmente se este não for orientado corretamente. Condições como trabalhar com o membro superior constantemente elevado, agregando padrões repetidos de rotações interna e externa, somados ainda à resistência imposta pela água, predispõem o ombro a sofrer microtraumas por sobrecarga[2,6].

    Em 2004, Busso[2] descreveu em seu estudo que o MR é uma estrutura que possui um papel crucial durante todo o ciclo das categorias crawl, borboleta e costas, da seguinte maneira: o supra-espinhal realiza tração, roda externamente e abduz o ombro na recuperação nos estilos crawl e costas; o infra-espinhal estabiliza a articulação no início da recuperação nos modos crawl e borboleta; o subescapular realiza tração, rotação interna nos estágios de propulsão, e adução do braço submerso nos nados crawl e borboleta; e o redondo menor age como estabilizador em todas as etapas .

    Para Cohen et. al.[14], o nado borboleta é o que mais representa riscos ao complexo do ombro, uma vez que o úmero roda internamente de 70 a 120º ao mesmo tempo em que se sustenta em abdução.

    Cohen e Abdalla[15], porém, relataram mais recentemente que durante a fase de tração do crawl, o braço também adota uma posição de desvantagem ao sair de uma adução com rotação interna para, em seguida, entrar em uma abdução.

    Maglischo[16] confirma esta tese quando sugere que o ombro faz uma rotação interna excessiva sempre que o nadador estende o braço contra a força da água para emergi-lo.

    Yanai et. al.[17], por sua vez, observando as orientações do membro superior durante o nado crawl, atestaram que o maior pico de sobrecarga recai sobre o ombro no momento em que há elevação máxima do braço (para que o mesmo entre na água) e quando o ângulo de rotação interna ultrapassa seu limite normal de amplitude ativa, o que ocorre na fase de recuperação.

    Dessa maneira, conclui-se, então, que séries de rotações internas máximas, tanto na fase de tração do crawl, como na fase de recuperação dos nados crawl e borboleta, prejudicam o ombro, podendo causar dor e desgaste articular[2,7,15,17].

    Na natação, diferente do que acontece em outros esportes, grande parte das injúrias é procedente dos treinos e não das disputas em si. Nessas circunstâncias, os mecanismos supracitados passam a ser ainda mais prejudiciais na medida em que são executados incessantemente durante os treinamentos, sem tempo para descanso e reparo das estruturas envolvidas, deixando-as mais vulneráveis a lesões[6].

    Estudos destacam que a combinação entre overtrainning e overuse é muito observada em nadadores durante o estágio de pré-competição, o que favorece o desencadeamento de traumas, visto que intensos treinamentos com cargas excessivas de trabalho, em busca de melhores resultados, podem levar o esportista à exaustão prematura e, conseqüentemente, provocar compensações indesejáveis[2,6].

    Sabendo-se que 90% da força de propulsão dos nadadores estão nos braços, a fadiga torna-se um elemento agravante, pois, os músculos ativos, além de serem exigidos dinamicamente em potência e resistência, também precisam cumprir um papel estático para preservar a estabilidade articular[2,6,18].

    A partir disso, um ciclo vicioso é provocado, quando o nadador, na tentativa de se manter com o mesmo condicionamento físico, passa a fazer uso de gestos compensatórios. Porém, o resultado é adverso, uma vez que condutas inapropriadas despertam desequilíbrios musculares, incoordenação de movimentos, disfunção escapulotorácica e mau alinhamento dos membros, podendo o atleta experimentar um declínio significativo em seu desempenho[6,18].

    Músculos e tendões em pressões constantes estão propensos a desenvolver microtraumas cumulativos. Em atletas competitivos de natação, essas agressões ocorrem, em particular, sobre o supra-espinhal e a cabeça longa do bíceps braquial, tendo, na maioria das vezes, como causa primária a instabilidade glenoumeral passiva (decorrente de lassidão ligamentar) ou transitória (decorrente da fadiga dos músculos estabilizadores)[6,11,12,13].

    A irritação e a inflamação músculo-tendínea, quando recorrentes, e mal tratadas, podem vir a se transformar em lesões crônicas degenerativas. A cronicidade desorganiza a sincronia dos grupos musculares, enfraquece a relação agonista-antagonista, e, assim, reduz a força do membro afetado. Todo esse processo patológico torna iminente a chance de lacerações, rupturas e conseqüente desenvolvimento da SI, modificando a mobilidade da cintura escapular e aumentando a incidência de dor no ombro, o que, nitidamente, limita o rendimento do atleta[4,6,13,18].

Retirado daqui


Primeiros socorros em esportes de aventura

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Introdução

Para se aventurar com segurança, um dos itens mais importantes é a preocupação com os primeiros socorros. Saber o que levar e, principalmente, como utilizar cada equipamento é fundamental para que a sua aventura traga ensinamentos e experiências agradáveis e inesquecíveis, mesmo se algum imprevisto acontecer no caminho. Confira abaixo as dicas de Simone Kurotusche, médica do esporte e consultora em segurança e emergências em atividades outdoor.

Quando pensamos em primeiros socorros, lembramos de curativos, atendimento, uso de aparelhos e equipamentos. Porém, para que esse socorro seja possível e eficiente, deverá ser organizado muito antes da aventura, na sua etapa de planejamento.

Se você parte para aventura acompanhado por guias ou com alguma agência operadora, verifique se a empresa está tomando todos os cuidados necessários com a sua segurança e se seus guias estão preparados para prestar primeiros socorros, caso seja necessário. Questione sobre os equipamentos de primeiros socorros, se os profissionais possuem treinamento adequado e atualizado, qual a infraestrutura disponível para lidar com acidentes, etc.. Não arrisque-se desnecessariamente aventurando-se com empresas que não tenham a devida preocupação com o assunto.

Sozinho ou com a ajuda de agências, outro ponto importante é a procura por informações sobre os lugares que serão visitados. Dependendo do local, é necessário tomar uma série de precauções em relação a sua saúde e segurança. Por exemplo: ao fazer uma viagem para regiões onde existam focos de febre amarela, o aventureiro deverá tomar a vacina pelo menos dez dias antes da viagem, para que a mesma seja eficaz. Por isso, nada de preparações de última hora.

Informações sobre as características geográficas, a fauna, flora e condições climáticas também fazem parte de um planejamento adequado: saber o que vestir, precauções em caso de alergias a certas plantas e animais, etc.

É importante saber que tipo de animais há na região, para que sejam levados medicamentos específicos. Para áreas onde haja animais silvestres, morcegos, etc, antes de partir, é bom estar vacinado contra raiva, pois todos eles são transmissores desta doença.

Informações sobre vacinas e pesquisa das características locais também são importantes quando a aventura está programada para acontecer em outro país. Tomar água na Índia, por exemplo, pode significar problemas estomacais, já que a maior parte da água disponível não é tratada. Para orientar os viajantes, alguns hospitais e institutos reservam áreas especiais. É o caso do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo (011 - 3061-5633, ramal 142).


Preparando o kit básico

Independente do esporte a ser praticado na natureza, é importante nunca deixar de levar itens básico em seu Kit de primeiros socorros. Prepare-o também com certa antecedência para que, depois de reunir o básico, possa providenciar o que há de específico para a atividade que você vai praticar, para o local e para as pessoas que participarão da atividade.

Os itens básicos são os seguintes:

- Barreiras universais: são as proteções que todos precisam ter na hora de prestar socorro para evitar contato direto com o sangue e secreções das vítimas; prevenindo contra contaminações, que podem transformar o socorrista numa segunda vítima. As principais barreiras universais são as seguintes:

- Luvas de latex: protege a vítima e o socorrista; todo kit deve ter no mínimo dois pares de luvas, para o caso de rasgar ou de precisar prestar socorro a mais de uma vítima (nunca usar a mesma luva em pessoas diferentes pois desta forma a luva poderá ser um veículo de contaminação entre as vítimas).

- Máscara para respiração boca-a-boca: as melhores possuem "válvula de não-retorno", que permitem que o socorrista insufle os pulmões da vítima de parada respiratória, e evitam que o mesmo entre em contato com as secreções da vítima.

- Óculos: Qualquer tipo é útil para proteger os olhos do socorrista; isso evita o risco de contaminação via mucosa ocular. Existem modelos modernos e eficientes que podem ser encontrados nas principais lojas de aventura. Já há modelos adaptados especialmente para esportes outdoor.

Além das barreiras universais, são necessários materiais para eventuais curativos, como gaze e ataduras. Também é preciso levar, para limpar ferimentos, água limpa ou soro. Vale lembrar que água e sabão é o que há de melhor para ser usado na limpeza de ferimentos, inclusive os provocados por animais.

Não esqueça de levar os remédios que você toma regularmente, de preferência acompanhados da receita médica devidamente carimbada e com a orientação clara e legível, para o caso de alguém precisar medicar e você estiver inconsciente.


Procedimentos básicos

A tecnologia e os equipamentos na área de primeiros socorros estão cada vez mais avançados. Porém, sem treinamento adequado, mesmo o melhor equipamento pode ser uma ferramenta inútil. Até para quem não faz aventuras das mais radicais, mas gosta de encarar trilhas no fim de semana, é importante o conhecimento básico em primeiros socorros.

Há opções de cursos em todo o país. Para conhecê-los, entre em contato com os principais centros médicos de sua região. Em São Paulo, já há algumas alternativas específicas para esportes outdoor. Uma opção é a própria Laborativ, (agência de treinamento ligada ao National Safety Council, instituição norte-americana, líder mundial em educação e treinamentos em emergências médicas e segurança; oferece cursos básicos, intermediários e avançados, com protocolos e credenciamento internacionais).

Em cursos básicos ou avançados, serão aprendidos procedimentos importantes que podem salvar vidas em casos onde o socorro médico está distante ou não tem como chegar com a rapidez necessária.

Saiba o que não fazer - Caso surja a necessidade da prestação de primeiros socorros em alguma atividade de aventura, o primeiro procedimento é manter a calma para analisar corretamente o contexto. Mais importante do que fazer algo imediatamente é saber o que não deve ser feito para não agravar a situação da vítima ou colocar a própria segurança em risco.

Observe a pessoa que está machucada e, se ela estiver consciente, procure saber onde ela sente dor. Caso ela tenha sofrido um corte superficial e esteja sentindo-se bem, deixe-a o mais confortável possível e cuide do ferimento: limpeza e curativo.

Caso exista a menor suspeita de lesão na coluna, principalmente no pescoço, evite manipular a vítima, caso não seja extremamente necessário. Manter o pescoço imobilizado e a coluna alinhada é fundamental para preservar a vida e a qualidade de vida das vítimas com lesão na medula. Qualquer movimento brusco pode causar ferimentos sérios, muitas vezes fatais.

Bom senso e tranqüilidade são essenciais para prestar um socorro adequado. Sempre que não souber exatamente como proceder, a melhor atitude é deixar a pessoa ferida em um local confortável e procurar ajuda, caso não seja arriscado deixar a vítima sozinha. Por isso é tão importante nunca enfrentar os desafios da natureza sozinho. O correto é estar sempre em grupo para que o socorro fique mais fácil.

Curtir a aventura não significa colocar-se em risco de forma irresponsável e inconseqüente. Ao contrário, ser um aventureiro de verdade significa planejar sempre para evitar erros e sofrimento desnecessários. Cuidar da saúde e forma física, informar-se com profissionais confiáveis, procurar operadoras que respeitem sua segurança e integridade física, buscar treinamentos de qualidade, utilizar equipamentos adequados e acima de tudo amar e respeitar a vida e a natureza, certamente garantirão muitos e maravilhosos anos na aventura.

Fonte

Artes marciais são a causa de 12% das lesões nos quadris

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Os brasileiros descobriram o MMA, abreviação de Mixed Martial Arts, um esporte que engloba todas as artes marciais e mistura modalidades de lutas em pé, como karatê e boxe, e no solo, como judô e jiu-jitsu. As artes marciais, de maneira geral, são muito praticadas em todo mundo e integram o programa dos Jogos Olímpicos. Mas, é importante destacar que tanto os atletas profissionais como os recreativos devem ter cuidado na execução dos golpes para não lesionar os quadris.

"As artes marciais requerem muitos movimentos rotacionais que dependem da estabilidade articular. Mais do que outras atividades físicas, exigem muita carga e sustentação, amplitude de movimento e elasticidade da articulação para realizar os golpes. São esportes com muita 'explosão', ou seja, muita aceleração e desaceleração na execução dos golpes", explica Dr. Marcelo G. Cavalheiro (CRM-SP 87147), ortopedista integrante do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador da divisão de Artroscopia do Quadril na Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

Lesões

As mesmas lesões podem acometer atletas profissionais e praticantes recreativos, mas por motivos diferentes. "Estudos mostram a ocorrência de até 12% de lesões em praticantes de artes marciais. As lesões nos atletas recreativos, geralmente, ocorrem devido a um preparo físico insuficiente e por erro de técnicas. Nestes casos, a prevenção adequada às lesões é mais falha, deixando o praticante mais sujeito a uma intercorrência. Nos atletas profissionais, há maior exigência pela extensa carga de treinos. Isso pode favorecer a ocorrência de lesões, que são mais vinculadas à hipersolicitação, fadiga, realização de movimentos de alta complexidade e dificuldade", esclarece Dr. Marcelo.

Segundo o especialista, "as principais lesões são os estiramentos e as inflamações músculo-tendíneas (músculos e dos tendões). Com menor incidência, mas com importância pelas suas consequências, a síndrome do impacto femoroacetabular pode ocorrer quando não há um encaixe perfeito entre a cabeça do fêmur e a cavidade da bacia, o que pode resultar em lesões do labrum e da cartilagem e, a longo prazo, em artrose".

Tratamentos

Apenas um médico poderá diagnosticar a lesão e indicar o tratamento adequado. "Se for uma lesão músculo-tendínea, geralmente, não há necessidade de cirurgia. O conceito é somar medidas terapêuticas para auxiliar na cicatrização da estrutura lesada e para eliminar a inflamação local, evitando posições ou atividades que possam 'alimentar' a inflamação. Entre essas medidas, estão a imobilização ou o 'isolamento' da estrutura lesada, fisioterapia, meios físicos para analgesia, termoterapia, bandagens, medicações, manipulações, infiltrações locais, acupuntura, reabilitação e cinesioterapia (terapia do movimento). Em apenas alguns casos, como na lesão completa do tendão, o tratamento é cirúrgico", detalha o ortopedista.

De acordo com o Dr. Marcelo G. Cavalheiro, se for diagnosticada a síndrome do impacto femoroacetabular, normalmente, a indicação é cirúrgica. "São muitas variáveis a serem consideradas para definir o tipo de tratamento. Quando se opta pelo tratamento não cirúrgico, medidas são empregadas para administrar o problema, procurando deixar o paciente assintomático. No entanto, por se tratar de um problema biomecânico do quadril, a resolução definitiva se faz com cirurgia, com o objetivo de abordar diretamente a causa, ou seja, corrigir a estrutura anatômica responsável pela lesão", esclarece. Nesses casos, o procedimento mais adequado é a artroscopia do quadril, uma cirurgia minimamente invasiva, realizada com uma câmera, uma ótica de 4 mm, e outros instrumentos cirúrgicos finos e estreitos e acompanhada por meio de de um monitor de vídeo.

"Os objetivos do tratamento são tirar a dor, restaurar a função do quadril em sua plenitude, permitir que o atleta volte com total desempenho e desenvolva o seu potencial durante as competições, além de dar um prognóstico melhor para a articulação, evitando que o quadril progrida para uma degeneração, ou seja, para uma artrose", revela.

Recuperação

O ortopedista ressalta que tanto no tratamento cirúrgico, como no não cirúrgico, há a necessidade de "poupar" a região e, portanto, a prática do esporte é interrompida momentaneamente. "Nessa fase, exercícios e atividades físicas são executados para favorecer a reabilitação e para manter o condicionamento físico. No caso de realização da artroscopia de quadril, a alta hospitalar é no mesmo dia. O pós-operatório depende do tratamento e dos procedimentos que foram feitos durante a cirurgia", explica.

"Infelizmente, a reincidência de lesões músculo-tendíneas em atletas é comum. Isso se deve ao retorno precipitado ao esporte, ainda sem a cicatrização completa da lesão. No caso de tratamento do impacto femoroacetabular, a correção tende a ser definitiva após a cirurgia", comenta.

Prevenção

A prevenção das lesões é feita com treinamentos com orientação, técnica e equipamentos adequados; preparação física paralela, com fortalecimento, alongamento, equilíbrio muscular, propriocepção, postura, descanso adequado e respeito ao tempo da adaptação do corpo ao progresso dos treinos; e condições ideais de treinamento, como local, vestimenta, alimentação e hidratação. "A prevenção minimiza a incidência de lesões, mas não impede de ocorrer. Uma vez diagnosticada, o indicado é iniciar o tratamento o quanto antes para não permitir um agravamento do quadro e para possibilitar uma resolução mais rápida", finaliza o médico.

Autor: Dr. Marcelo G. Cavalheiro (CRM-SP 87147) é formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP).

Incidência de lesões traumato-ortopédicas no futebol de campo feminino e sua relação com alterações posturais

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Introdução

    A estrutura do rendimento no futebol tem características bastante específicas: o espaço de jogo é muito grande, exigindo uma grande capacidade física, principalmente em corridas; o fato de se jogar com os pés, exige uma elevada capacidade técnica e tática; os jogadores usam 4 variações de corrida: corrida lenta, velocidade sub-máxima, velocidade máxima e corrida para trás; e o elevado nível de estabilidade psíquica dos jogadores em função do baixo número de êxitos quantitativos (gols) conseguidos durante um jogo (FERNANDES, 1994).

    Por outro lado, mais da metade das atividades do jogador em uma partida são executadas sem a bola, cerca de 57,6% (cinqüenta e sete por cento e seis décimos), enquanto que as restantes 42,4% (quarenta e dois por cento e quatro décimos) são executadas com a posse da bola. Sendo que, na maioria dos casos, as lesões tráumato-ortopédicas ocorrem durante a posse de bola, quando ocorre a marcação do adversário (FERNANDES, 1994).

    O futebol moderno requer muitas qualidades físicas que parecem ser independentes da posição do futebolista. Capacidade de aceleração rápida, alta velocidade de corrida, boa habilidade para saltar, força explosiva dos músculos de membros inferiores, resistência de velocidade são exigências constantes para os atletas (SILVA, 2001).

    Nos últimos anos, o treinamento para jogadores de futebol de alto nível vem sofrendo modificação substancial em relação ao que era feito há algumas décadas. O número de jogos e de horas dedicadas às sessões de treinamentos aumentaram significativamente. Desde então, a dinâmica das cargas de treinamento também foi alterada, em decorrência da entrada de novos conceitos para a prática do futebol na atualidade (SILVA, 2001).

    O futebol apresenta características próprias que propiciam lesões traumato-ortopédicas. Por outro lado, temos na literatura que alterações posturais como genovaro ou valgo, curvas lordóticas ou escolióticas estruturadas, discrepâncias verdadeiras no comprimento dos membros, quadris com anteroversão ou retroversão, exagerado genu recurvatum e tipo anormal do pé aumentam o risco de lesões no esporte (GOULD III, 1993).

    Segundo SILVA (2002), os músculos trabalham em conjunto tanto para sua estática como para sua dinâmica, pois, o sistema nervoso central não atende o trabalho de um músculo isolado ou em um único plano, mas, sim, de forma tridimensional. Portanto, qualquer alteração postural causará a retração de suas cadeias musculares posturais e vice-versa, e qualquer agressão nestas cadeias causará um alteração de desalinhamento ósseo.

    Os nossos músculos são organizados, interligados e harmonizados entre si em forma de cadeias (BUSQUET, 2001; SOUCHARD, 1986; DENYS-STRUYF, 1995 e TANAKA e FARAH, 1997). Na contração de um músculo, ele não vai apenas puxar o tendão e o segmento que lhe diz respeito, mas também transmitir uma tensão muito longe através do sistema aponeurótico, por meio do reflexo miotático inverso ou reflexo inverso de estiramento, que foi descrito por Sherinton (SILVA, 2002).

    BRODY e THEIN (1998), diziam que a correção postural se faz necessária. Quando existe um mau alinhamento patelar, por exemplo, sempre existirão desvios compensatórios em outras articulações, pois todos os músculos estão associados entre si (SILVA, 2002).

    O objetivo deste estudo é analisar as lesões traumáticas ocorridas em futebol de campo feminino, verificando as relações dos traumas de maior incidência com as alterações posturais apresentadas pelas atletas lesionadas. Ratificando assim, a importância da Reeducação Postural Global no meio esportivo.

Metodologia

    A amostra foi formada por 38 atletas, com idade entre 14 a 18 anos, de um time feminino de futebol de campo. Foi feito um contato inicial com as atletas e o preparador físico do time para esclarecimento dos objetivos e etapas do trabalho. As atletas passaram por uma avaliação postural, seguindo os princípios de um protocolo do método RPG de SOUCHARD (1986), visando observar possíveis alterações posturais que pudessem predispô-las às lesões. Os treinos e jogos competitivos foram acompanhados para observação da incidência das lesões, registrando todas as ocorrências, por um período de 6 meses.


Resultados

    Observou-se que a entorse de tornozelo foi à ocorrência mais comum no período de observação, correspondendo há 34% das ocorrências, seguida por contusões nos membros inferiores que representaram 30% das ocorrências. A entorse de joelho também representou uma significativa ocorrência de 16% das lesões (Gráfico I).

    Este resultado é condizente com conclusões de GOULD III (1993), que considera o entorse de tornozelo a lesão mais comum nos esportes. Já a pesquisa de EITNER (1989), enfatizou que as contusões no joelho aparecem com mais freqüência ficando o entorse de tornozelo em segundo lugar e RODRIGUES (1994), enfatizou que 90% das lesões musculares em atletas de futebol, localizam-se no membro inferior.

    Utilizando a classificação dos graus de entorse de BROWN e NEUMANN (1996), observou-se que o entorse grau II foi o mais comum (Gráfico II). As atletas apresentavam frouxidão leve, edema de partes moles e dor moderada.

    Todas as entorses de tornozelo ocorridas durante esta pesquisa foram pelo mecanismo de inversão, lesionando os ligamentos laterais do tornozelo. Segundo EITNER (1989), a inversão do pé supinado e plantarmente fletido produz 85% (oitenta e cinco por cento) dos entorses. As estruturas ligamentares possuem maior reforço na loja medial do pé e tornozelo, como também, a diferença angular entre as duas pinças maleolares propicia maior exposição do compartimento lateral".

    Observou-se também, que as meio-campistas foram as atletas que mais sofreram lesões traumáticas, ou seja, 66% das ocorrências foram sofridas pelas atletas de meio-campo (Gráfico III). Para GOULD III (1993), estes atletas são mais exigidos fisicamente do que os atletas de outros setores, pois, fazem movimentos rotacionais em excesso e correm maior distância na velocidade submáxima, sendo desta forma, mais expostos às lesões traumato-ortopédicas.

    Do grupo de atletas lesionadas, 82% apresentavam alterações na postura que podem aumentar o risco à lesão (Gráfico IV), enquanto que, no grupo de atletas não lesionadas durante as partidas, somente 2% delas apresentavam alterações posturais (Gráfico V). Este resultado mostra a maior incidência de lesões em atletas com desvios posturais.

    As principais alterações posturais apresentadas foram anomalias do pé (83%), aumento do ângulo Q (80%), rotação interna de pelve (78%), assimetria de membros inferiores (72%) e genuvalgo (70%).


Discussão

    Nesta pesquisa a entorse de tornozelo, por inversão, de grau II, foi a lesão de maior incidência. No tornozelo as estruturas ligamentares possuem maior reforço na loja medial e a diferença angular entre as duas pinças maleolares propicia maior exposição do campo lateral, por isso, habitualmente lesões por inversão, são vistas no vôlei, basquete e também no futebol.

    O ligamento lateral mais comumente lesado é o ligamento talofibular anterior, que é o estabilizador primário do tornozelo em flexão plantar. O ligamento calcaneofibular, ou estabilizador secundário, resiste à inversão do tálus e do calcâneo. Ele é habitualmente rompido em associação com uma ruptura do ligamento talofibular anterior (BROWN e NEUMANN, 1996).

    Observou-se nesta pesquisa que 83% das atlestas lesionadas apresentavam anomalias do pé. Segundo GOULD III (1993), o pé pronado em combinação com treinamento intenso e a utilização inadequada de calçados esportivos, podem criar uma sobrecarga excessiva sobre as estruturas da extremidade inferior, levando ao entorse de tornozelo. Por outro lado, o pé plano ou cavo, tensão e debilidade do músculo tríceps sural e assimetria linear dos membros inferiores, alterações também encontradas na maioria das atletas lesionadas, desta pesquisa, podem produzir uma pronação aumentada e prolongada do pé.

    Em relação a pronação do pé, ainda pode-se afirmar que esta anomalia associa-se com uma rotação interna obrigatória da tíbia e do fêmur, criando um vetor valgo na largura das pelves, genu-varo ou genu-valgo, o que conseqüentemente leva ao aumento do ângulo Q. As tensões musculares tracionando as aponevroses, também fazem surgir desvios nas articulações (DENYS-STRUYF, 1995).

    O genu-valgo esteve presente em 70% da atletas lesionadas e esta deformidade do joelho, segundo GRELSAMER e KLEIN (1998), contribui significativamente para o aumento do ângulo Q. Também, tem sido firmado que a espinha ilíaca ântero-superior (EIAS), é mais lateral nas mulheres, o que também leva ao aumento do ângulo-Q (SILVA, 2002).

    O aumento do ângulo Q, significa um alinhamento deficiente rotacional, e consequentemente um alinhamento anormal da patela (SILVA, 2002). Quando existe um mau alinhamento patelar sempre existirão desvios compensatórios em outras articulações, pois todos os músculos estão associados entre si (SILVA, 2002).

    O desalinhamento patelar faz com que haja uma insuficiência dos músculos estabilizadores dinâmicos da patela (semitendinoso, sartório, grácil e vasto medial obliquo) e frouxidão do retináculo medial, o que pode levar ao derrame articular crônico e/ou repetitiva subluxação (GRELSAMER e KLEIN, 1998; DOUCETTE E GOBLE, 1992; HILYARD, 1990 e ZAPPALA et al.,1992), isto pode explicar a incidência de entorses de joelho presente nesta pesquisa.

    Outra observação importante, foi a incidência de hiperlordose lombar e escoliose nas atletas, o que leva ao desalinhamento do membro inferior, aumentando o risco de lesões. Segundo BRACCIALLI (2000), a lordose lombar nas meninas mostra-se mais proeminente do que nos meninos em diferentes grupos etários. Para POUSSA e MELLIN (1992) e SOUCHARD e OLLIER (2001), as meninas estão mais predispostas a desenvolverem uma escoliose idiopática progressiva devido à baixa resistência de sua coluna, ao pico de crescimento ser mais precoce e à maior flexibilidade de seus ligamentos.

    Observou-se também a presença de pequenas assimetrias de comprimento dos membros inferiores (inferiores a 20mm). Para GOULD III (1993), em atletas submetidos a sobrecarga e estresse por esforço repetido pequenas assimetrias são significativas. Além das dores no quadril, na coluna lombar e também nos membros inferiores, relatadas pelas atletas, esta assimetria causa mudanças compensatórias (maior pronação do pé do lado do membro inferior mais longo ou mais curto).

    A dificuldade de adaptação ao uso de chuteiras com travas pode ter interferido na incidência das entorses de tornozelo e joelho, pois, as chuteiras com travas, usadas pelas atletas, causaram uma instabilidade lateral do tornozelo. Observou-se que as mulheres têm um período maior de adaptação ao uso de chuteiras com travas. Ao correr, assumem uma posição de genu-varo com tornozelos invertidos.


Conclusão

    Evidenciamos que a incidência de lesões esportivas estão diretamente relacionadas com alterações posturais presentes nas atletas. O que enfatiza a importância da Reeducação Postural Global na Fisioterapia Esportiva como prevenção de lesões.

    Todos os atletas devem receber uma avaliação postural global, pois somente essa avaliação pode deixar evidente a associação existente entre os músculos e as articulações, desta forma, um tratamento global de cadeias musculares deve ser prescrito e não um tratamento localizado.

    A amostra desta pesquisa foi formada por adolescentes do sexo feminino. Além das meninas apresentarem características posturais específicas que aumentam a incidência de desvios posturais, a adolescência caracteriza-se por ser uma fase em que ocorre alterações significativas repentinas e desordenadas do corpo.

    Portanto, este período etário, facilita o aparecimento ou acentuação dos desvios na postura, tornando-o como o período mais adequado para interferir sobre as estruturas esqueléticas, pois o crescimento não encontra-se, totalmente concluído.


Referências bibliográficas

  • BRACCIALLI, Lígia Maria P.. Estudo das relações existentes entre crescimento e desvios na postura. Reabilitar, 9:19-24,2000.

  • BRODY, L.T. e THEIN, J.M. Nonoperative treatment for patellofemoral pain. J.Orthop.Sports Phys. Ther.28(5):336-344, 1998.

  • BROWN, David E. e NEUMANN, Randall D.. Segredos em Ortopedia. Porto Alegre/RS. Editora Artes Médicas.1996.

  • BUSQUET, Léopold. As cadeias musculares - volume 2, Lordoses - Cifoses - Escolioses e Deformações Torácicas. 1ª Edição. Edições Busquet, Belo Horizonte, 2001. 191 p.

  • DENYS-STRUYF, Godelieve. Cadeias musculares e articulares: o método G.D.S. São Paulo, Editora Summus, 1995. 133 p.

  • DOUCETTE, S.A. e GOBLE, M. The effect of exercise on patelar tracking in lateral patellar compression syndrome. Am.J.Sports Med.20(4):434-40, 1992.

  • EITNER D. et.al. Fisioterapia nos Esportes. São Paulo/SP. Editora Manole. 1989.

  • FERNANDES, José Luiz. Futebol: Ciência, Arte ou Sorte. São Paulo/SP. Editora Pedagógica e Universitária - EPU. 1994.

  • GOULD III, James A. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do Esporte. São Paulo/SP. Editora Manole. 1993.

  • HILYARD, A. Recent developments in the management of patello-femoral pain. Physiotherapy. 76(9);559-65, 1990.

  • POUSSA, M. e MELLIN, G. Spinal mobility and posture in adolescent idiopathic scoliosis at there stages of curve magnitude. Spine, v.17, n.7, p.757-760, 1992.

  • RODRIGUES, Ademir. Lesões musculares e tendinosas no esporte. CEFESPAR, 1ª Edição, São Paulo, 1994. 164 p.

  • SOUCHARD, Philippe-Emmanuel e OLLIER, Marc. As escolioses - seu tratamento fisioterapêutico e ortopédico. Editora Realizações, São Paulo, 2001. 240 p.

  • SILVA, Rogério de Paula. Estudo das alterações posturais em indivíduos portadores de Síndrome da Dor Patelo-femoral. Reabilitar 15:6-19,2002.

  • SILVA, Paulo Roberto Santos. O papel do Fisiologista Desportivo no futebol - Para que? e Por que? Reabilitar, 13:30-35, 2001.

  • SOUCHARD, P.E. Reeducação postural global: método do campo fechado. 2ª edição, São Paulo: Editora Ícone, 1986, 104 p.

  • TANAKA, Clarice e FARAH, Estela. Anatomia funcional das cadeias musculares. São Paulo: Ícone, 1997. 105 p.

  • ZAPALLA, F.G. et al.. Rehabilitation of patellofemoral joint disorders. Ortho. Clin. North Am. 23(4):555-66, 1992.

Princípios da reabilitação desportiva

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Alguns princípios têm que ser estabelecidos na reabilitação. Princípio de adaptação específica às demandas impostas – Para desenvolver força em grupos musculares específicos (adaptação específica), deve exigir que esse grupo de músculos se contraia repetitivamente contra uma sobrecarga (demanda imposta), assim poderá atingir a reabilitação completa ou total. Estabelecimento dos objetivos terapêuticos – Planejamento de metas específicas diárias. Metas de curto alcance progridem até atingir as de longo alcance. Com isso também há um auxílio psicológico . Avaliação contínua – Para avaliar a reação do atleta ao esquema terapêutico e o progresso em relação às metas. Progressão funcional – Segundo Kegerreis, uma seqüência ordenada de atividades que possibilita a aquisição de habilidades necessárias para o desenvolvimento seguro e eficiente do desempenho atlético. Exercício precoce – O exercício é essencial durante a cicatrização das lesões por dois motivos. O exercício estimula a circulação aumentando o fornecimento de oxigênio para o tecido que está cicatrizando. O outro é que o exercício promove tensão no tecido direcionando a reestruturação do colágeno. Os exercícios têm que ser controlados, pois exercícios vigorosos demais rompem o tecido em cicatrização. Existe uma divisão entre a quantidade de exercício que otimiza o reparo do tecido e a que destrói essa reparação. Uma vez controlada a resposta aguda à lesão, o atleta pode prosseguir com a amplitude precoce de movimento e exercícios ativos. Os exercícios de fortalecimento deveriam incluir atividades de CCA (cadeia cinética aberta), assim como de CCF (cadeia cinética fechada) com finalidade de incorporar um treinamento funcional e proprioceptivo. A intensidade do exercício deveria prosseguir através de um protocolo ERP consistente. Duração, especificidade, freqüência, ritmo e progressão são outros fatores importantes que deverão ser enfatizados ao se elaborar um programa de reabilitação. É importante restaurar a força, potência e endurance (resistência) musculares e proporcionar a educação neuromuscular e endurance cardiovascular durante as fases do recondicionamento. Um programa de reabilitação bem balanceado tornará possível uma progressão ordenada dos exercícios que incluem os que sejam de cadeia tanto aberta quanto fechada, além de treinar os músculos através de velocidades variáveis de movimento e de padrões variáveis de contração funcional (concêntrica e excêntrica), e de incorporar gestos esportivos específicos do desporto do atleta. Velocidade de recondicionamento – Grande parte da perda de desempenho atribuível à lesão é conseqüência de inibição induzida pela dor. Eliminação da dor – Todos os exercícios devem ser livres da dor.A dor residual em geral decorre de atividade muito extenuante no dia anterior e mostra que se deve aliviar um pouco o atleta. Biofeedback – Existe um delicado equilíbrio entre muito pouco exercício e exercício em demasia durante a reabilitação. Muito pouco exercício resulta em incapacidade permanente enquanto o exercício vigoroso causa mais lesão aos tecidos em cicatrização. É importante traçar os exercícios, medir o desempenho e relatar ao atleta o resultado. O feedback específico de desempenho ajuda o atleta a progredir mais rápido.

A Fisioterapia Esportiva como prevenção

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Na sociedade atual, a prática esportiva vem crescendo consideravelmente.  Não me refiro aqui somente aos atletas de alto rendimento – uma minoria que tem a atividade esportiva como profissão – mas sim aos que praticam procurando um lazer, melhor qualidade de vida e mais saúde. Associado ao início precoce, o aumento da expectativa de vida – contribuição do esporte – faz crescer estatisticamente o número de pessoas que praticam atividade física. Estes aspectos contribuem diretamente para o aumento do número de lesões decorrentes dessa prática.

Outro fator de extrema relevância, que também tem efeito no aumento do número de pessoas lesionadas nos dias atuais, é o maior envolvimento das mulheres em esportes recreacionais e competitivos. Através de estudos científicos provou-se que as mulheres apresentam maior predisposição e risco de sofrerem lesões. Isto ocorre por fatores estruturais, mecânicos, neuromusculares e até mesmo hormonais.

Existem dois tipos de fatores que podem comprometer a prática esportiva tanto em mulheres quanto em homens: os intrínsecos (sexo, idade, condição física, nutrição, fatores psicológicos e sociais) e os extrínsecos (relacionados a planejamento e intensidade da atividade física, condições climáticas, local do treino e equipamentos utilizados como vestuário, acessórios e calçados). Desta forma, devem ser levados em consideração, por exemplo, overtraining, alterações posturais, sobrepeso, piso inadequado, desequilíbrio muscular e até mesmo o tipo de pisada.

Uma vez gerada a lesão, o atleta busca o tratamento e, apesar da evolução da medicina desportiva como um todo (destaco o trabalho em conjunto de médicos e fisioterapeutas), esse não é um caminho tão fácil. Para que o tratamento seja satisfatório, o atleta amador precisa incluir em sua rotina as sessões diárias de fisioterapia mais acompanhamento médico com realização dos exames complementares. Isso quando não é obrigado a diminuir a intensidade das suas atividades de vida diária. No caso do esporte de alto rendimento profissional, é ainda mais complicado quando se tem um atleta lesionado. Um jogador de futebol, por exemplo, sofre cobrança por parte dos patrocinadores, por parte dos torcedores e por parte da família. Se estiver em temporada de competição o time é obrigado a contratar jogadores para repor o elenco.

Por isso é tão importante se buscar formas de prevenir as lesões esportivas para beneficiar tanto os atletas amadores quanto os profissionais. Com este fim, o fisioterapeuta possui inúmeros recursos como avaliação estática e dinâmica completa, avaliação postural, avaliação de deambulação, corrida e gesto esportivo, testes específicos para cada articulação ou grupo muscular, equipamentos como plataforma de força, de contato e dinamômetro para avaliação de equilíbrio muscular. Através deste trabalho, é possível prever possíveis lesões e, a partir de então, trabalhar em parceria com o treinador, educador físico ou técnico, de forma a minimizar os riscos existentes.


Milena Matias - Fisioterapeuta - CRECITO 93811F

Ultrasom nas lesões musculares

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A lesão muscular é, para a medicina esportiva, considerada incapacitante e, para a traumatologia, um grande desafio. Quando acontece, ela constitui um ferimento  ramático. Os atletas que sofrem esse ferimento ficam incapacitados consistentemente por longos períodos de tempo, e suas carreiras profissionais passam a estar sob perigo
constante. A lesão muscular, que ocorre quando o músculo, após o trauma direto, é atravessado por um objeto afiado, permanece como um problema de difícil controle para os médicos, e nenhum tratamento real existe descrito na literatura (Hannafin et al., 1994; Buckwalter et al., 1996; Menetrey et al.,1999). O maior problema desse desafio que
enfrentam os profissionais da área da saúde está no fato de que o período de cicatrização da lesão muscular é demorado e, por vezes, o processo cicatricial é incompleto. Em vista desse quadro, o ultra-som terapêutico é a modalidade geralmente usada por fisioterapeutas para o tratamento de lesões de tecidos moles, na tentativa de redução do período de cicatrização (Huard et al., 2002).

Lesão muscular

As lesões músculo-esqueléticas podem ocorrer em esportes profissionais e recreacionais ou mesmo em atividades diárias. A maior incidência dessas lesões musculares, no entanto, é observada na prática desportiva, em decorrência de trauma direto ou indireto, gerando uma resposta inflamatória local. O tratamento realizado com o objetivo de
diminuir a reação inflamatória e promover a cicatrização tecidual é a imobilização do local e o uso de antiinflamatórios não-esteroidais, levando a um tempo prolongado de afastamento das atividades laborais, nem sempre com uma eficácia comprovada (GUOZHEN et al., 2005).

Os tecidos musculares dividem-se em três tipos: esquelético, cardíaco e liso. Os cardíacos e esqueléticos possuem morfologia estriada e constituem os blocos contráteis do corpo. As células de sua constituição são multinucleadas, chamadas fibras por apresentarem um aspecto alongado, que atinge a massa muscular de uma extremidade à outra.

Sua membrana externa é chamada de sarcolema, seu citoplasma é o sarcoplasma e o conteúdo sarcoplasmático é constituído por um número variável de mitocôndrias, além das miofibrilas, que são feixes alongados de cadeias peptídicas, as quais respondem pela capacidade contrátil da fibra. O elemento estrutural básico do músculo é a fibra
muscular ou miofibrilas. As miofibrilas estão divididas em módulos funcionais denominados sarcômeros. A estrutura muscular composta por células musculares, organizadas em redes de nervos e vasos sangüíneos e por uma matriz extracelular, é a estrutura necessária para produzir movimento articular e locomoção e para o suporte na regeneração muscular após lesão (Riegel, 1999; Huard et al., 2002).

Dependendo do teor de mioglobina, deriva a denominação dos músculos de "brancos" ou "vermelhos", embora uma mesma massa muscular contenha fibras dos dois tipos musculares, variando entre os diferentes músculos do corpo. Os músculos vermelhos têm muita mioglobina, que pode armazenar algum oxigênio, sendo, por isso, usados em esforços submáximos de longa duração.

Estruturalmente, são mais resistentes à tensão por apresentarem maior teor de colágeno nos espaços interfibrilares, e suas fibras são do tipo I (de contração lenta). Os músculos brancos têm pouca mioglobina, mas elevada capacidade ATPásica e alta atividade das enzimas glicolíticas. Possuindo menos mitocôndrias que os vermelhos, são especializados em realizar glicólise anaeróbica e utilizados em trabalho máximo e supramáximo. Suas fibras são do tipo II, ou de contração rápida (Riegel, 1999).

A lesão muscular envolve uma série de  processos teciduais, principalmente a degeneração intrínseca da fibra muscular e a destruição da lâmina basal, o que caracteriza uma desorganização das miofibrilas nos sarcômeros, ruptura de mitocôndrias e retículos sarcoplasmáticos, descontinuidade do sarcolema, alterações dos níveis de cálcio, autodigestão e morte celular (Oliveira, 2004).

Processo Cicatricial

O processo cicatricial é descrito em três fases. Na primeira, ocorre inflamação caracterizada por formação de coágulo e atividades de substâncias biologicamente ativas como prostaglandinas, serotoninas  e fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF). Durante esse período, a liberação de histamina aumenta a permeabilidade dos capilares, ocasionando edema na região lesada. Os neutrófilos têm a função de eliminar as partículas estranhas do local lesado, os mastócitos fagocitam as bactérias e debris do tecido lesionado, além  de serem outra fonte de substâncias biologicamente ativas que auxiliarão no processo de reparo. Essa fase de degeneração e inflamação inicia-se de imediato após a lesão e se estende a até 14 dias.

Após a inflamação, inicia-se a fase de proliferação, na qual os fagócitos migram para a área lesada e formam um tecido de granulação, o que determinará o acúmulo de substância basal e de colágeno na área lesada, preparando a reconstrução dos tecidos danificados. Uma nova camada epidérmica se forma e um movimento centrípeto
da pele circunjacente provoca uma redução do tamanho da ferida, processo chamado de contração da ferida. Essa fase pode ter início alguns dias após a fase inicial e durar três semanas, atingindo seu ápice em duas semanas. A terceira e última fase é a da maturação ou remodelagem, também chamada de fase da fibrose, na qual o tecido de granulação é substituído pelo fibroso, quando o colágeno e os fibroblastos se realinham, tentando adaptar-se à orientação e função do tecido original. Ela inicia duas semanas após a lesão, aproximadamente, e pode continuar por meses ou até anos após a ocorrência da fase proliferativa do reparo (KITCHEN e BAZIN, 2001; HUARD et
al., 2002; STARKEY, 2002; LOW e REED, 2003).

Atualmente, buscam-se formas de tratamento no sentido de diminuir o tempo de imobilização e o aparecimento de fibrose muscular, o que leva à perda da amplitude normal de movimento da articulação (HUARD et al, 2002).

Ultra-som

Vários estudos sugerem que o uso do ultrasom reduz a inflamação induzindo a liberação de  histamina, o que causa vasodilatação local e aumenta a permeabilidade vascular. Diversos pesquisadores relatam que o ultra-som aumenta a cicatrização tecidual (MAXWELL, 1992; PRENTICE, 1999; FISHER et al., 2003).

A terapia por ultra-som influencia a atividade das células – plaquetas, mastócitos, macrófagos neutrófilos – envolvidas na fase inflamatória do processo de regeneração tecidual, acelerando o processo de cicatrização. As ondas ultra-sônicas produzem o aumento da permeabilidade da membrana e das plaquetas facilitando a liberação de
serotonina. Os mastócitos terão o rompimento de sua membrana celular em resposta ao aumento dos níveis de cálcio intracelular, liberando histamina. A capacidade de efetuar o transporte do cálcio através das membranas celulares, segundo mensageiro, pode exercer efeito profundo na atividade celular, aumentando a síntese e secreção dos fatores de lesão pelas células envolvidas no processo de cicatrização.

Na fase de proliferação, quando as células são expostas a níveis terapêuticos de ultra-som, a motilidade dos fibroblastos estará aumentada, não tendo comprovação na literatura sobre a ação dessa terapia no estímulo da atividade dos fibroblastos. Outro efeito está relacionado ao aumento da velocidade de angiogênese e aumento na secreção de colágeno presentes nesta etapa. Estudos informam que o tratamento com ultra-som fornece melhor resistência tênsil e elasticidade do tecido, quando o mesmo é realizado na última fase, a de remodelagem no processo do reparo. Alvo de diversos estudos sobre seus efeitos biológicos do tratamento da lesão muscular, a terapia por ultrasom tem seus achados relacionados aos efeitos mecânicos em oposto ao térmico como atuante no reparo do tecido (FREITAS et al., 2007; KITCHEN e BAZIN, 2001).

O ultra-som é produzido por uma corrente alternada que se propaga através de um cristal piezoelétrico (quartzo) alojado em um transdutor. Tais cristais produzem cargas elétricas positivas e negativas ao se contraírem ou expandirem. A vibração desses cristais provoca a produção mecânica das ondas sonoras de alta freqüência (acima de 20.000 Hz). Na fisioterapia, o ultra-som é definido pelas oscilações, ondas cinéticas ou mecânicas produzidas pelo transdutor vibratório que, aplicado sobre a pele,
atravessa e penetra no organismo em diferentes profundidades, dependendo da freqüência, que varia de 0,75 a 3,0 MHz.

Propriedades Físicas da Onda do Ultra-Som

Absorção: é considerada como a capacidade do tecido ou material em armazenar energia, quando a energia vibracional é transformada em energia molecular. A absorção diferencia-se conforme: as proteínas em tecido nervoso; nos ligamentos; nas cápsulas articulares; nos tendões com alta capacidade de concentração de colágeno; a quantidade de proteínas no músculo e hemoglobina.

Reflexão: é caracterizada pela capacidade que o tecido tem de evitar que o feixe passe para outro meio. A reflexão consiste no retorno de uma onda, fazendo com que ela seja refletida. Ocorre em ossos/ periósteo e no cabeçote transdutor com ar.

Refração: é um desvio da onda de som nas váriasinterfaces dos tecidos. 

Cavitação: ocorre quando a energia se armazena em uma cavidade, promovendo um estado de pressão, temperatura mais elevada, concentrando energia em zonas vizinhas (LOW & REED, 2003).

a) Efeitos Mecânicos e Térmicos

O ultra-som produz dois efeitos no organismo, o mecânico e o térmico. Pode ser emitido de forma constante ou em ondas, intercalando pausas entre os impulsos. Aplicando ultra-som de forma  contínua, o efeito mecânico consiste na vibração  sobre os tecidos incididos, nos quais será gerada uma energia térmica por atrito entre as moléculas ou por agitação do meio eletrolítico dos líquidos intersticiais.  Quando a aplicação for por ultra-som pulsado, os efeitos térmicos serão mínimos, uma modulação utilizada no caso de inflamação, dor e edema. Na modalidade pulsada, a emissão é interrompida  periodicamente, intercalando pausas cujo objetivo é dissipar o mínimo calor possível gerado durante o impulso (KITCHEN e BAZIN, 2001; STARKEY, 2002; AGNE, 2004).

b) Técnicas de Aplicação

Meios de condução: água, gel, emulsão, óleos.

Manipulação do cabeçote: movimentos lentos, curtos e uniformes, circulares ou em forma de oito.

Tempo máximo recomendado: 15 minutos (AGNE, 2004).

c) Indicações e Contra-indicações

A aplicação de ultra-som está indicada em artralgias, artroses, anquilose, bursite, braquialgia, ciatalgia, lesões musculares, edemas, fibrose, neuroma de coto, tendinite, reparação de região epitelial.

Dentre as contra-indicações a essa aplicação, está a gravidez, além do uso nos olhos, testículos e epífise óssea. É de fundamental importância atentar-se para o déficit
de sensibilidade, tumores, tromboses, inflamação séptica, implantes metálicos (KITCHEN e BAZIN, 2001).

Conclusão

O melhor tratamento para lesões musculares ainda não está claramente descrito. Enquanto se continua a investigar a questão, mantém-se o tratamento atualmente realizado com o objetivo de diminuir a reação inflamatória e promover a  cicatrização tecidual. Em vista disso, opta-se pelo tratamento conservador, levando o paciente ao afastamento prolongado de suas atividades laborais. Visando diminuir especificamente o tempo do processo regenerativo do tecido muscular, diversos estudos estão sendo realizados. Nesse contexto, a utilização do ultra-som terapêutico se apresenta como uma resposta eficaz na cicatrização e aceleração da regeneração do tecido outrora lesado, salientandose, porém, que o fisioterapeuta deve estar atento a cada etapa da cicatrização. Para que se obtenha uma melhor utilização dessa técnica fisioterapêutica,
baseada no uso adequado, pulsado ou contínuo do ultra-som terapêutico, é importante conhecer em profundidade todas as fases do processo cicatricial pelas quais a lesão muscular passa.

Referências

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Dissertação do programa de Pós Graduação em Bioengenharia Interunidades – Escola de Engenharia de São Carlos/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo; São Carlos.

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Starkey C (2002). Recursos terapêuticos em fisioterapia. Ed. Manole, São Paulo.

Aspectos Preventivos no Esporte

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O aspecto preventivo no tratamento das lesões esportivas reveste-se de muita importância quer se discuta atividade física de alto desempenho quer como mero coadjuvante de tratamentos médicos.

A necessidade de aumentar a longevidade dos atletas, a maior indicação terapêutica de atividade física e o próprio aumento do número de pessoas que querem usufruir de seus benefícios fazem com que os aspectos preventivos devam ser encarados com prioridade cada vez maior pelos profissionais da área de medicina esportiva.

O desempenho esportivo de cada pessoa é baseado na interação de aspectos cognitivos, capacidades físicas e psicológicas, que, na presença de certos fatores externos associados a condições limitantes, levam à aptidão física.

A ocorrência de lesões esportivas é decorrência de inter-relação ente o atleta e o esporte praticado.

Toda atividade física gera uma sobrecarga em algum ponto do aparelho locomotor. Se esta sobrecarga fica circunscrita à capacidade fisiológica do organismo de se recuperar, não há a instalação de um processo patológico.

A base de todas as teorias envolvidas no trabalho de prevenção das lesões leva em conta a capacidade de se avaliar adequadamente as limitações de quem pratica o esporte associada ao conhecimento da magnitude e tipo de sobrecarga que a prática do esporte gera. Atletas bem condicionados sofrem um menor número de lesões.

Os aspectos intrínsecos (relacionados ao atleta) como biótipo do atleta, presença de lesões prévias, capacidades físicas desenvolvidas, presença de alterações corporais, desequilíbrios musculares presentes, são tão importantes nesta análise quanto os extrínsecos (relacionados ao esporte), por exemplo: tipo de esporte, material utilizado, regras utilizadas, quantidade e tipo de treinamento ministrado.

Os erros de treinamento, porém, são os maiores responsáveis pelas lesões esportivas (60% segundo JAMES, 1978). Estes erros geralmente são causados por: quantidade inadequada de treino (muita intensidade), técnica inadequada de execução e avaliação inadequada das capacidades e/ou necessidades do atleta.

A quantidade de treino que se aplica a um atleta é um produto das variáveis: freqüência, intensidade e duração. Cada período de treino (preparatório, competição intermediário) tem sua quantidade específica previamente determinada segundo as peculiaridades de cada esporte e respectivo calendário. Cada período de treino será subdividido em: microciclos (por ex.: planilhas de treino semanais, mesociclos (planilhas de treino mensais ou bimensais) e macrociclos (uma visão mais panorâmica das atividades do atleta levando em conta seus ápices de desempenho escolhidos).

Organizar e quantificar um trabalho de treinamento é a melhor forma para que treinadores, médicos, profissionais de educação física e terapeutas falem a mesma língua visando identificar pontos de risco neste cronograma de treino, evitando tanto o supertreinamento ou o mal condicionamento, ambos muito frustrantes para toda a equipe.

Três aspectos são básicos quando se discute treinamento: força muscular, flexibilidade articular e capacidade cardio-respiratória.

O trabalho muscular tem como dado primordial a carga máxima que um músculo pode suportar num determinado movimento. Temos que lembrar que nunca um movimento é executado por apenas um músculo e que sempre existe um músculo antagonista modulando a execução deste movimento. O trabalho muscular como qualquer outro deve ser o mais específico possível para o esporte praticado, para que o músculo desenvolva as capacidades necessárias para a execução repetitiva dos atos motores seqüenciais determinados pelo esporte.

Devemos levar encontrar que os músculos compõem-se de fibras que possuem características metabólicas diferenciadas:

I - baixa velocidade de condução do impulso, suporta prolongada tensão, baixo índice de fadiga com alta atividade oxidativa;

II - alta velocidade de condução do impulso, suporta tensão maior por tempo menor, alto índice de fadiga com baixa capacidade oxidativa.

A composição muscular de um indivíduo é determinada geneticamente, embora estudos mais recentes mostram uma plasticidade maior das fibras tipo II. Esta plasticidade ocorre em função do tipo de sobrecarga que é imposta a estas fibras.

O treinamento muscular deve ser expresso em porcentagem da carga máxima levando-se em conta o número de repetições de cada exercício, o número de séries, o tempo de execução do exercício, o tempo de repouso entre as séries e a seqüência de sua execução.

O fortalecimento muscular pode ser dividido em componentes de potência e resistência de força, de acordo com o trabalho realizado. A manutenção do equilíbrio entre musculatura antagonista e agonista de um movimento é condição essencial para que este movimento seja executado sem sobrecargas biomecânicas articulares. Atualmente já existem sistemas computadorizados (Cybex, Kinkon, Merec, etc.) que podem aferir com precisão dados como: trabalho executado, equilíbrio muscular, picos de torque, dentre outros.

Quanto à flexibilidade articular, sabe-se que a sua determinante é anatômica e extremamente individualizada para cada pessoa. A capacidade de um bom programa de treino de melhorá-la gira em torno de 30%. A sua perda diminui a eficiência mecânica do movimento. Fatores como idade e sexo influem decisivamente, devido à maior ou menor concentração de água no colágeno que compõe as estruturas periarticulares (menor teor de água, maior rigidez do sistema).

O exercício clássico para melhora desta flexibilidade é o alongamento. É dividido em componentes passivo e ativo (ativo, o atleta executa e passivo, executam no atleta). Os exercícios de alongamento devem ser executados antes e depois da atividade física (aquecimento e relaxamento ou volta à calma) Antes ele prepara o músculo para o exercício e depois ele o recupera deste mesmo exercício. Isto se reveste de importância pois sabe-se que as lesões musculares geralmente ocorrem com exercícios excêntricos (tensão grande com alongamento do sistema miotendíneo) e na transição miotendínea.

A maneira comumente utilizada para sua execução é séries de 5 repetições, com manutenção por 15 a 30 segundos, sempre sem resistência e com relaxamento muscular. Existem outras técnicas que podem potencializar este trabalho como a facilitação neuro-proprioceptiva (o atleta faz alongamento progressivo até o limite, contração isométrica seguida de relaxamento e novo período de alongamento.

A capacidade cardio-respiratória é dividida em componentes aeróbio e anaeróbio. Dentre os três itens discutidos é a que é mais facilmente mensurável e tem tido maior destaque na literatura. O componente aeróbio é aquele de características metabólicas oxidativas, responsável pelos exercícios de longa duração (provas de fundo e o anaeróbio é caracterizado por vias glicolíticas (ATP - CP e ácido lático), responsável por aquelas de curta duração (provas de velocidade).

Existem várias formas de desenvolver a capacidade aeróbia: andar, trotar, correr, pedalar, nadar, remar e dançar são algumas delas. Quanto à capacidade anaeróbia são os exercícios de alta intensidade e curta duração ("sprints") que causam o seu aprimoramento.
Há vários protocolos já bem conhecidos (Bruce, Ellestad, Wingate) que podem avaliar estas capacidades. Salienta-se que a capacidade aeróbia é o primeiro componente que deve ser trabalhado em qualquer programa de condicionamento físico, pois ele fornece a base para o desenvolvimento de outras capacidades.

Os itens anteriormente abordados têm como finalidade discutir conceitos básicos, não tendo o objetivo outro que não o de alertar todos os profissionais da área esportiva para o estabelecimento objetivo e realista de metas para um programa de treinamento que leve em conta: as características fisiológicas do atleta, com reavaliações freqüentes destas capacidades, as características biomecânicas de cada esporte, para que se possa maximizar o desempenho esportivo minimizando o número de lesões.

Na ocorrência de uma lesão decorrente de treino, a quantificação, subdivisão e organização deste mesmo treino nos seus componentes permite uma rápida identificação do agente causal com pronta intervenção terapêutica ara diminuir suas conseqüências.

>> Referências bibliográficas

Barbanti, V. J. Treinamento físico: bases científicas. São Paulo, Balieiro, 1988.

Hollmann, W.; Hettinger, T. Medicina de esporte. Traduzido por Maurício Leal Rocha. São Paulo, Editora Manole, 1989.
 

O uso das bandagens funcionais na fisioterapia esportiva

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Bandagem funcional (BF) é uma técnica de utilização de fitas adesivas aplicadas sobre a pele cujo principal objetivo é a estabilização articular, promovida pela resistência mecânica da fita. A bandagem teve origem nos Estados Unidos por uma necessidade do meio esportivo de se prevenir lesões, reabilitar e diminuir o tempo de afastamento dos atletas da prática esportiva.

Hoje sua maior utilização continua sendo na prevenção e tratamento de lesões relacionadas ao esporte, por diminuir o tempo de afastamento dos atletas, especialmente quando o trauma é decorrente da própria prática esportiva.

A técnica de bandagem é um recurso muito importante, já que proporciona efeito imediato na estabilização articular e alívio da dor para os atletas. Além disso, é de fácil e rápida aplicação. O material para a bandagem é especial e existe uma seqüência para a sua aplicação. Para lesões de tecidos moles, pode-se usar fitas de material elástico e para se fazer uma proteção articular, utiliza-se material não elástico. Então, a BF, na verdade é um conjunto de fitas com finalidades de aplicação distintas. A disposição, colocação e tensão destas fitas serão de acordo com o objetivo e a anatomia do segmento a ser tratado. A eficácia da BF depende da técnica de aplicação, do tipo de material, do tempo de utilização e do tipo de prática esportiva

As vantagens da utilização da bandagem funcional são várias, dentre elas:

- sustentar e apoiar às áreas de estresses excessivos e/ou repetidos

- estabilizar as articulações que apresentem histórico de lesões

- oferecer uma compressão moderada, controlando o edema.

Portanto, as indicações da bandagem funcional são:

- distensões ligamentares- entorses articulares

- frouxidão da cápsula articular- pequenas fissuras ósseas

- lesões musculares, como distensões e contusões


Muitos estudos vêm sendo realizados com o objetivo de analisar o mecanismo de ação das bandagens, ou seja, para verificar se a diminuição da incidência de lesões ocorre devido ao efeito mecânico ou por um efeito neuromuscular. Porém, alguns estudos mostram que após 20 minuto de atividade física, a BF perde parcialmente sua resistência mecânica, tornando-se frouxa.

Fisioterapeutas ganham destaque com Olimpíadas

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A profissão de fisioterapeuta está cada vez mais ligadas à área esportiva, oferecendo tratamentos e soluções a atletas do futebol, do basquete, do vôlei, da natação, do tênis, entre outras modalidades esportivas. Esta semana, comemorou-se o Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional, áreas que contam com mais de 100 mil profissionais. As atividades, cuja função é prevenir e tratar distúrbios funcionais do movimento que ocorrem em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças, ganham destaque na mesma proporção em que aumenta a preocupação das pessoas com a saúde. No que tange à reabilitação física, por exemplo, a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional têm obtido êxito. "Atletas e esportistas têm se beneficiado com os avanços tecnológicos e a qualificação profissional alcançada na área", explica Orlando de Carvalho, diretor da Carci, empresa especializada em soluções para Fisioterapia e Reabilitação Física. Atuação O profissional formado em Fisioterapia tem várias possibilidades de escolha: pode atuar tanto no seu próprio consultório quanto em clínicas, hospitais, postos de saúde, creches, universidades, academias e clubes. Durante sua carreira, o fisioterapeuta tem a chance de optar por uma especialização, escolhendo um entre os tantos caminhos possíveis em sua profissão: com as gestantes, por exemplo, pode colaborar para melhores resultados em um parto normal, ensinando a paciente a contrair e relaxar músculos de forma a facilitar o nascimento do bebê. Nas diversas áreas de atuação, as formas de tratamento são várias e utilizam recursos como água (hidroterapia), calor e frio (termoterapia), raios infravermelhos e ultravioleta (fototerapia), técnicas de movimento (cinesiologia), estímulo e massagem (massoterapia). É importante, em qualquer segmento escolhido, que o fisioterapeuta busque o conhecimento do ser humano em todos os aspectos, ou seja, tenha condições de aliar o físico, o psíquico e o social. Desta forma, poderá atender seus pacientes de maneira mais completa e eficiente, respeitando sua individualidade e suas emoções.

Fisioterapia 24 horas de olho na seleção de Judô

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A seleção brasileira de judô possui um departamento de fisioterapia onde cada pequeno detalhe é fundamental para o sucesso dos judocas. Num esporte onde o contato faz parte da rotina e cada vez mais o calendário internacional cresce, a recuperação, tratamento e acompanhamento é feito praticamente 24 horas por dia. Seja em treinamentos ou competições.

"Os tipos de fadiga que são causadas no treinamento são diversos. E a importância da fisioterapia é ficar o tempo todo próximo ao atleta. Durante o treino de tatame para dar suporte de lesões traumáticas, após com alongamentos e manobras de massagem e, na parte da tarde, depois do almoço, tratamento clínico por conta das micro-lesões. A noite, voltamos a trabalhar com os atletas. São quase 24 horas de prevenção, recuperação e análises clínicas", explica a fisioterapeuta da seleção brasileira Roberta Mattar.

Além de Roberta Mattar, integram a equipe da Confederação Brasileira de Judô, Fábio Minutti, Júlio Barrichello, Thiago Takara e Camila Oliveira, além de Peter Strubreiter, que cuida da massoterapia. Gláucio Paredes, na foto ao lado de Minutti e Roberta, faz parte da equipe militar e colabora com a CBJ nos eventos.

Em competições, o tempo é curto para recuperação dos atletas. A ação rápida é fundamental. A crioterapia, técnica de aplicação de gelo, é a grande aliada.

"A crioterapia pode funcionar como varredura para uma recuperação muscular. Ter raciocínio rápido para descobrir qual técnica escolher é essencial, pois é preciso repor rapidamente a musculatura sadia", afirma Roberta. 

Fisioterapia nas contusões musculares

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Numa fase inicial (aguda) em que há hematoma, inflamação, necrose com miofibrilas danificadas e fagócitos, o objetivo do tratamento é minimizar a inflamação e controlar o quadro álgico, através da remoção do hematoma (EITNET, 1989; LARSON, 2002). Deve-se iniciar imediatamente, com a seguinte conduta:

- Repouso: para aliviar a dor musculoesquelética e promover a cicatrização é necessário repouso da parte afetada pelo processo inflamatório nas primeiras 24 horas. A área deverá ser repousada de atividades esportivas adicionais até que ela tenha sido recuperada, porém a imobilização completa poderá levar a aderências de fibrilas em desenvolvimento no tecido vizinho, enfraquecimento do tecido conectivo e alterações da cartilagem articular (LIANZA, 1995; KISNER, 1998; MILNE, 2002);

- Elevação: o membro lesado deve ser elevado fazendo com que ocorra uma redução na pressão hidrostática capilar e também uma redução na pressão de filtração capilar, favorecendo ainda o aumento do retorno venoso e linfático, estimulando a absorção do edema. A elevação pode tanto auxiliar na prevenção do aparecimento de edemas quanto na sua reabsorção (RODRIGUES, 1995; EITNET, 1989; MILNE, 2002; PRAY, 2002);

- Compressão: o efeito mecânico e fisiológico da compressão faz com que ocorra um aumento na pressão extravascular permitindo ou auxiliando na reabsorção do edema. A compressão não deve exceder 80% da força tênsil da bandagem quando esta for elástica. Deve-se considerar que a bandagem deve ser semi-rígida e não elástica, pois esta acompanha a distensão provocada pelo aumento do edema (RODRIGUES, 1995; MILNE, 2002; PRAY, 2002);

- Crioterapia: o uso do gelo para o tratamento das lesões agudas em atletas é preconizado pela maioria dos autores. Quando usado adequadamente diminui a quantidade de tecido lesado com a redução da hipóxia secundária; o edema é reduzido, pois com a crioterapia torna o ritmo das reações químicas mais lenta e inibe a liberação de histamina que é um vasodilatador aumentando o fluxo sanguíneo local; o espasmo muscular, a dor e o tempo de incapacidade também são minimizados devidos seu efeito na redução do metabolismo celular e na diminuição da condução nervosa pelos nervos periféricos (EITNER, 1989; KITCHEN, 1998; RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998; ANDREWS, 2000; KNIGHT, 2001; LOW, 2001; STARKEY, 2001).

- Laser: quando usado com 3J de intensidade torna-se favorável devido ao efeito antiinflamatório que possui, já que o laser inibe a produção de prostaglandinas (que é um mecanismo similar à inibição produzida por outros antiinflamatórios). Com isto, decresce a potencialização de bradicinina e, por conseqüência, o limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos tem sua manutenção favorecida. Há estimulação também da microcirculação, reduzindo assim o edema e o quadro álgico. Outro efeito que o laser apresenta é o da cicatrização, pois ele promove o aumento da produção de ATP, aumentando a velocidade mitótica das células, o que proporciona também melhor trofismo dos tecidos (KITCHEN, 1998; RODRIGUES, GUIMARÃES, 1998);

- Ultra-som: de forma atérmica ou pulsada a 20%, é indicada devido ao aumento da velocidade de cicatrização na fase inflamatória, já que ele aumenta a liberação de mastócitos, macrófagos e neutrófilos, influenciando nas suas atividades e levando a aceleração de reparo das lesões. Há também aumento da permeabilidade vascular aumentando a reabsorção do edema. Estudos demonstraram que a motilidade dos fibroblastos e a velocidade da angiogênese eram aumentadas quando expostas ao ultra-som, aumentando a quantidade de colágeno e sua deposição num padrão tridimensional, assemelhando-se à pele não lesada, favorecendo extensibilidade dos tecidos, que pode ser empregado de forma vantajosa incorporando-se exercícios de amplitude de movimento depois da sua aplicação. Quanto à freqüência, deve-se usar 1MHz (se a lesão for profunda, pois há maior absorção nesta freqüência) e 3MHz se a lesão for superficial. Sua intensidade para lesões agudas e para aumentar a velocidade de cicatrização deve ser igual ou inferior a 0,5W/cm2. A forma contínua neste caso é contra-indicada, pois nesta forma o ultra-som encontra-se na forma térmica, o que pode apresentar um efeito não desejável já que ocorre o aumento do metabolismo que é desfavorável na presente fase (KITCHEN, 1998; STARKEY, 2001);

- Movimentos passivos: devem ser iniciados no tratamento na fase aguda quando tolerado. Eles diminuem as complicações da imobilização, mantêm a integridade e mobilidade funcional e auxiliam no processo de cicatrização. Estes movimentos devem ser específicos para a estrutura envolvida evitando aderência anormais das fibrilas em desenvolvimento aos tecidos vizinhos e evitando futuro rompimento da cicatriz. A intensidade deverá ser leve devido a algia intensa do paciente e para não lesar novamente o tecido (KISNER, 1998);

- Exercícios isométricos: indicado para melhora a força muscular. Deve ser sabido que o seu efeito é mínimo com relação à resistência e à fadiga.

- Movimentos intra-articular passivos grau I e II: para manter as articulações com mobilização normal enquanto o músculo começa a cicatrizar e para alívio da dor (KISNER, 1998).

Na segunda fase do tratamento muscular, conhecida como fase de recuperação ou regeneração ou ainda subaguda o principal característica é a proliferação de células satélites e fibroblastos, seguidos da ação de síntese de proteínas. O principal objetivo desta fase é restauração da mobilidade ativa do músculo (EARL, 2002; LARSON 2002). A conduta consiste em:

- Compressão, elevação e gelo: com o mesmo objetivo anterior (EITNER, 1989; KITCHEN, 1998; RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998; ANDREWS, 2000; KNIGHT, 2001; LOW, 2001; STARKEY, 2001; PRAY, 2002);

- Alongamentos leves de contração-relaxamento: essa técnica baseia-se no fato de que após uma contração pré-alongamento do músculo retraído o mesmo irá relaxar como resultado da inibição autogênica e assim será alongado mais facilmente. Os órgãos tendinosos de Golgi podem disparar e inibir a tensão ao músculo permitindo que ele seja alongado com maior facilidade sempre respeitando o limite do paciente (KISNER, 1998);

- Exercícios ativos: a fase subaguda é um período transitório durante o qual os exercícios ativos dentro da ADM livre de dor no tecido lesado podem ser iniciados e progredidos com cuidado, mantendo-os dentro de uma dose e freqüência, os sintomas de dor e edema diminuem a realização desses tipos de exercícios. Eles são utilizados para desenvolver controle dos movimentos além de manter a elasticidade e contratilidade fisiológica dos músculos promovendo a integridade óssea e articular (MILNE, 2002);

- Exercícios de cadeia cinética fechada: utilizados para impor carga inicial à região de modo controlado e para estimular a co-contração estabilizadora nos músculos, além de desenvolver a percepção e controle motor quando o paciente faz transferência de peso lateral ou ântero-posteriormente. Na medida que o paciente evolui pode-se diminuir a quantidade de proteção ou suporte e acrescentar resistência;

- Manter movimentos intra-articulares grau II: com o mesmo objetivo da primeira fase (KISNER, 1998);

- Ultra-som: de forma atérmica ou pulsada só que a 50% com o objetivo de relaxamento para otimizar amplitude de movimento (RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998; KITCHEN, 1998; STARKEY, 2001).

Entrando na terceira fase do tratamento muscular sabe-se que a maturação ou remodelação é caracterizada por uma gradual recuperação das propriedades funcionais do músculo incluindo a recuperação de força tensionada do componente tecidual conectivo. O objetivo desta fase é continuar com a mobilização ativa que está restaurando a função total do músculo e da articulação. Exercícios progressivos com resistência são encorajados ao paciente (MILNE, 2002). A conduta se basearia em:

- Alongamento: dando flexibilidade ao músculo trabalhado e também fazendo parte de um aquecimento muscular;

- Exercícios de cadeia aberta concêntrica e excêntrica: para ganho de força muscular;

- Exercícios resistidos: para aumentar força muscular, resistência à fadiga e para otimizar a potência muscular (KISNER, 1998);

- Propriocepção: deve ser iniciada depois de recuperada a amplitude de movimento articular, força, resistência, a flexibilidade muscular e após a redução do quadro álgico com o objetivo de promover segurança adequada ao músculo para que o atleta volte a desempenhar sua atividade esportiva (CORRIGAN, 1992).

Prática de corrida requer cuidados para evitar lesões nos joelhos

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Seja na academia ou nas ruas, a prática de corrida tem ganhado cada vez mais adeptos. Isso porque o esporte oferece benefícios para a beleza e saúde do corpo, sem que seja preciso um grande investimento em equipamentos. De acordo com estudiosos, uma hora de corrida, a 11 quilômetros por hora, por exemplo, é capaz de queimar cerca de 700 calorias. Porém, o esporte requer cuidados para evitar lesões, principalmente nos joelhos.

"O impacto de cada passada numa corrida impõe aos joelhos uma sobrecarga que chega a cinco vezes o peso do corpo do praticante. Com o tempo, se não houver o preparo adequado da musculatura dos membros inferiores, o joelho passa a sofrer um processo de desgaste, levando a lesões meniscais e cartilaginosas", revela o Dr. Paulo Henrique Araujo (CRM-DF 13519), cirurgião ortopedista especializado em trauma ortopédico e cirurgia de joelho, membro das Sociedades Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), de Cirurgia de Joelho (SBCJ), de Trauma Ortopédico (SBTO), Sociedade Latinoamericana de Artroscopia de Joelho e Trauma Desportivo (SLARD) e International Society of Arthroscopy, Knee Surgery (ISAKOS).

Esteira, rua ou pista de atletismo

A diferença da prática de corrida em esteira, rua ou pista de atletismo está tanto no tipo de piso onde o esporte se desenvolve, como nos riscos de cada um deles. "O asfalto é uma superfície mais dura e gera um maior impacto aos joelhos, enquanto que a esteira e a pista de atletismo têm melhor absorção do impacto. Outra diferença diz respeito a possíveis irregularidades do piso que podem levar a entorses. Na rua e numa pista mal conservada de atletismo, os riscos são maiores", alerta o ortopedista.

Além de um piso mais duro, a prática de corrida nas ruas também conta com um percurso diferenciado, com subidas e descidas que interferem na biomecânica do corpo. "Quando a corrida é praticada em aclive ou declive, os grupos musculares mais envolvidos mudam e as forças que agem nos joelhos também. Nas subidas, o trabalho muscular é maior e, com isso, existe uma diminuição no ritmo e um menor impacto sobre os joelhos. Nas descidas, há a tendência de aumentar o ritmo e, com isso, o impacto pode ser maior e a musculatura do quadríceps passa a ser utilizada para frear a velocidade da descida. Esse mecanismo provoca uma sobrecarga no tendão patelar, no tendão quadriciptal e cartilagem da articulação patelofemoral, podendo desencadear lesões nestas estruturas", esclarece.

Lesões mais comuns

Segundo o Dr. Paulo Henrique Araujo, as lesões mais frequentes são condropatia patelar (condromalácia), a síndrome do trato iliotibial (joelho de corredor) e as canelites (que podem evoluir para fraturas na tíbia por estresse). "A condromalácia é um problema que acomete a cartilagem da patela, que perde sua consistência normal. Se não for tratado, ele pode progredir para fissuras e perdas cartilaginosas mais extensas. Essa é uma lesão muito comum entre os corredores", explica.

As lesões nos joelhos podem acometer tantos corredores de longas como de curtas distâncias. "Em todas as modalidades, as estruturas dos joelhos são fortemente afetadas. Os corredores de curta distância se utilizam da explosão muscular para atingir grandes velocidades e, por isso se expõem a impactos maiores, porém com curta duração, enquanto que os corredores de longa distância têm impactos menores por mais tempo", comenta especialista.

Tratamento conservador

"O tratamento varia de acordo com a patologia, mas, de forma geral, é feito por meio do reequilíbrio muscular, sessões de fisioterapia, um bom programa de treinamento e um bom tênis. As condromalácias respondem bem ao tratamento e o paciente volta a praticar as corridas depois de dois a três meses, em média", revela o ortopedista.

O tratamento cirúrgico é menos frequente, mas possível em casos específicos. "A técnica empregada no tratamento cirúrgico dependerá do grau da lesão apresentada e, principalmente, das causas que levaram ao seu aparecimento", explica. Apenas um médico especializado poderá avaliar a lesão e indicar o tratamento mais indicado.
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