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Terapia do banho frio na recuperação após exercício de alta intensidade

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    Hoje a maior parte dos atletas de elite em geral participa de treinamentos exaustivos, freqüentemente duas ou mais vezes ao dia, acarretando num acumulo da fadiga muscular entre o período de treinamento e as competições.
    Para superar isso é importante que os atletas mantenham um equilíbrio entre os treinamentos, as competições e a sua própria recuperação.
    A fadiga muscular é uma das inúmeras causas que afetam o desempenho dos atletas, acarretando em problemas como incapacidade de gerar força, estress físico e psicológico e segundo autores, a fadiga pode ser central ou periférica.
    Segundo Powers & Howley (2000) processo de fadiga central ocorre quando o Sistema Nervoso Central (SNC) interfere no mecanismo de fadiga, acarretando assim em uma redução da quantidade de unidades motoras envolvidas na atividade ou, por haver uma redução na freqüência de impulsos nervosos; o processo de fadiga periférica ocorre quando, além do SNC ha outros processos neurais, mecânicos ou energéticos impedem a produção de tensão muscular.
    Embora a fadiga tenha sido tema de inúmeras pesquisas, ainda não se sabe ao certo a sua origem, sua formação e suas causas exatas. (BOMPA, 2001). Mas sabe-se que uma má recuperação ou um intervalo muito curto de descanso entre os treinamentos e competições, pode resultar em reações bioquímicas e neurais que levam o atleta a fadiga, tendo como conseqüência disso a redução da capacidade do sistema neuromuscular em gerar força durante uma atividade física. (BOMPA, 2001).
    A necessidade de desempenho faz com que os profissionais da área corram em busca de novos conhecimentos para testar novos métodos, com objetivo de proporcionar uma melhora na recuperação da fadiga muscular, aprimorando cada vez mais as técnicas já existentes.
    A busca por métodos que otimizem o processo de recuperação ou, minimizem os impactos das sobrecargas de treinamento, tem conduzido os estudos mais recentes na direção de procedimentos de intervenção mais efetivos. A termoterapia de resfriamento, entendida no âmbito desta pesquisa como Terapia do Banho Frio, tem sido uma das técnicas estudadas.
    Estudos como o de Micholovitz 1996 (apud, COSTA& KOKUBUM, 2005) onde se realizou um experimento com ratos para explicar os efeitos da crioterapia na microcirculação concluindo que a crioterapia causa um aumento no diâmetro das vênulas permitindo assim uma maior absorção fluídica diminuindo o processo de formação de edemas.
    Essa terapia do Banho Frio consiste em o atleta ficar com o membro inferior de seu corpo submerso em um turbilhão de água por certo tempo, que pode ir de 5 a 30 minutos, estando esta com uma temperatura baixa de no mínimo 6ºC e máximo de 10ºC.
    Neste sentido, o intuito do estudo foi analisar se a melhora na recuperação da fadiga muscular em pequenos intervalos de tempo, após alta intensidade de treinamento, tende a contribuir no melhor desempenho dos atletas durantes as competições.
    Pensando neste pressuposto é que se buscou aplicar a terapia do banho frio em indivíduos treinados com uma boa aptidão física, residentes em de São Miguel do Oeste/SC, cuja idade foi de 17 a 21 anos.
    A aplicação dessa terapia nessa determinada faixa etária, se da devido às competições e eventos que ocorrem no estado de Santa Catarina tanto no âmbito do alto rendimento quanto no âmbito amador, que enfocam principalmente atletas dessa determinada faixa etária.
    Assim o estudo teve como objetivo os seguintes pontos:
  • Verificar o comportamento dos níveis de LaS com e sem a utilização da terapia do Banho Frio após treinamento.
  • Comparar o comportamento das variáveis LaS, PA e FC com e sem a utilização da terapia do Banho Frio em indivíduos treinados.
  • Analisar a percepção subjetiva de fadiga pós-esforço e 24 horas após o treinamento.
Revisão de literatura
    Atualmente várias são as técnicas disponíveis para a recuperação da fadiga, entender como usá-las e como agem no organismo humano e crucial para desenvolver um bom treinamento.
    Para Gayton (1986) a fadiga muscular resulta da incapacidade dos processos contráteis e metabólicos da fibra muscular em manter o mesmo funcionamento de forma continua, ou seja, o músculo recebe impulsos nervosos através de suas junções neuromusculares, porem sua capacidade de contração se torna cada vez menor devido à redução na produção de ATP na fibra muscular.
    Weineck (1993, apud DANTAS, 1995) relata que a fadiga muscular se da pela redução reversível da capacidade de desempenho físico, mas que, no entanto ainda a possibilita uma continuação da carga, embora com um gasto maior de energia e com a coordenação dos movimentos prejudicados.
    E o mesmo autor prossegue ao falar que a fadiga é um meio de proteção, pois esta impede a utilização da “energia de reserva” impedindo um esgotamento de energia do organismo evitando um perigo vital.
    Segundo Wilmore & Costil (2001) normalmente, utiliza-se o termo fadiga para descrever as sensações gerais de cansaço e concomitantemente redução do desempenho muscular proveniente da falência do sistema energético, do acumulo de subprodutos metabólicos, do sistema nervoso central e da falha do mecanismo contrátil das fibras musculares.
    Em termos gerais a fadiga é um processo agudo que interfere na produção de energia e desempenho do atleta, podendo ela à fadiga ser desencadeada por inúmeros fatores centrais e periféricos, que compreendem variáveis como nível de condicionamento físico até depletação de substratos metabólicos.
    Para Farinatti (2000) as causas da fadiga central incluiriam, deficiências na condução do estímulo nervoso pela medula, e o recrutamento dos motoneurônios. Embora a fadiga supostamente originou-se nos músculos, o Sistema Nervoso Central (SNC) exerce papel fundamental, uma vez que o SNC influencia em fatores psicológicos e físicos que afetam a fadiga.
    Segundo Wilmore & Costil (2001) o SNC pode causar fadiga talvez como um mecanismo de proteção. A fadiga precedida geralmente antecede a fadiga fisiológica e os atletas que se sentem exaustos normalmente podem ser estimulados psicologicamente para continuar.
    Um exemplo disso segundo Bompa (2001) é que o músculo esquelético produz força pela ativação de suas unidades motoras, sendo estas capazes de neutralizar a fadiga muscular até um determinado ponto, tendo como resultado, um maior período de desenvolvimento de força sob certo estado de fadiga, entretanto com o prolongamento do tempo de contração a freqüência com que as unidades motoras são acionadas diminui, mostrando que a fadiga se faz presente.
    Weineck (1999,) relata que a possível causa para isto é a concentração de esforços sobre um numero reduzido de fibras musculares, acarretando em um estresse agudo gerado pela tensão em demasia na fibra muscular e carência de nutriente, ocorrendo assim além de uma fadiga central uma fadiga periférica.
    Para Farinatti (2000) uma perspectiva periférica dos elementos da fadiga muscular, é aqueles que ocorrem apartir do momento que os estímulos nervosos chegam à junção neuromuscular.
    Segundo Foss & Keteyian (2000) existem algumas evidências tanto a favor quanto contra de que a fadiga é causada por uma falha na junção neuromuscular, para o autor a fadiga ocorre por uma incapacidade da junção neuromuscular em retransmitir os impulsos nervosos para as fibras musculares devido, a uma menor liberação de um componente químico a acetilcolamina por parte das terminações nervosas.
Segundo Fox (1989 apud BOMPA, 2001) outro fator que leva a uma possível fadiga periférica é o acumulo de acido lático no músculo devido à depletação do ATP, diminuindo a capacidade do músculo contrair-se em grau máximo.
    Para Wilmore &l Costil (2000) o acido lático é um subproduto da glicose e do ATP, que se acumula na fibra muscular após atividades de alta intensidade. Se não eliminado do músculo, o acido lático se dissocia transformando-se em lactato causando um acumulo de íons de hidrogênio, esse acumulo de H+ produz acidificação muscular resultando numa condição conhecida como acidose.
    Dantas (1998) relata que alem do acumulo de acido lático, a fadiga se da também devido à diminuição da concentração de potássio no liquido intracelular e a ineficiência dos sistemas de produção de energia.
    Para Sahlin (1986 apud BOMPA, 2001) quando a creatina fosfato do músculo que esta contraindo entra em falência ou o glicogênio muscular é todo consumido e ainda quando a reserva de carboidrato é esgotada. O resultado final desse processo é uma menor atividade de contração muscular propiciando a fadiga.
    Embora a fadiga muscular ocorra por conseqüência de inúmeros fatores a capacidade do atleta suporta - lá pode ser alterado, em função do estado de treinamento e a recuperação após este, assim a carga de treinamento e o tempo de recuperação devem sempre estar relacionados. (WEINECK 1999).
    Como já mencionado a recuperação é muito importante, por isso os métodos e técnicas de recuperação a ser aplicados devem estar baseados principalmente no que foi trabalhado durante o treinamento, sendo que o tempo de duração pode variar de acordo com a atividade que foi praticada.
    Atualmente a uma preocupação referente ao treinamento de atletas de elite, em como reduzir os efeitos fisiológicos e psicológicos negativos ao treinamento de alta intensidade, possibilitando aos atletas treinar dia após dia em seus níveis máximos de esforço. (WILMORE & COSTIL 2001).
    A terapia utilizada no estudo é uma aplicação terapêutica que poder ser utilizada em qualquer parte do corpo, causando uma redução na temperatura corporal.
Técnica do banho frio
    A técnica do Banho Frio é uma aplicação terapêutica que pode ser utilizada em qualquer parte do corpo, resultando numa retirada do calor corporal.
    A técnica do Banho Frio, também conhecida como Crioterapia é uma terapia aplicada intensamente na Medicina Esportiva dos países de primeiro mundo, e começa a ganhar espaço no Brasil.
    O Banho Frio é uma terapia utilizada para cobri o segmento corporal utilizando água misturada com gelo. Podemos utilizar essa técnica em extremidades como: cotovelo; antebraço; mão, tornozelo e também grandes áreas do corpo como o membro inferior.
    Em geral a técnica do Banho frio, dura em torno de 5min a 30min, é uma das técnicas mais utilizadas na atualidade, alem de ser uma técnica de baixo custo e fácil manuseio.
    Apesar de ainda ser motivo de muita discussão as técnicas que utilizam a crioterapia vem se expandindo e sendo aplicado de várias maneiras, sempre com o objetivo de auxiliar na recuperação pós treino.
    Para Baroni et al (2010) O efeito inicial da crioterapia se constitui na redução da temperatura. Com a imersão de grandes áreas corporais, esta diminuição é observada não só em nível local, mas também da temperatura corporal sistêmica. Também devido à aplicação de baixas temperaturas, ocorre a diminuição do metabolismo por uma reação do organismo em diminuir a demanda energética e de oxigênio do local, assim a principal efeito da crioterapia sobre a circulação é a vaso constrição, promovendo assim também uma sensação analgésica de vido a baixa excitabilidade das células nervosas de dor em baixas temperaturas, liberação de endorfina e inibição dos nervos espinhais.
    Além disso, as outras sensações que podem estar relacionados à crioterapia são diminuição do espasmo muscular e edema.
Caracterização da pesquisa
    Este estudo caracteriza-se como experimental. Para Gil (2001) a pesquisa de cunho experimental, parte de uma investigação empírica que objetiva o teste de hipóteses sobre o determinado assunto pesquisado, onde deve se selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciar no estudo, e definir as formas de controle e de observação do efeito destas sobre a pesquisa.
População / amostra
    A população foi selecionada de intencional e constituída por 07 indivíduos treinados do gênero masculino com idades de 17 a 21 anos residentes em São Miguel do Oeste – SC, cujas características são apresentadas na tabela abaixo:
Instrumentos de coletas de dados
    Para a coleta dos dados foi utilizados os seguintes instrumentos:
  • Ficha de coleta de dados
  • Lactímetro
  • Esfigmomanômetro
  • Estetoscópio
  • Sensor de Freqüência Cardíaca
  • Estadiômetro
  • Balança
Protocolos de coleta de dados
    O protocolo utilizado no estudo foi um protocolo de exaustão, sendo este realizado em forma de circuito com duas séries de 10 minutos intercalado por um intervalo de 5 minutos de repouso passivo.
    A coleta de dados foi realizada em dois momentos distintos com um intervalo de cinco dias, entre a primeira e a segunda avaliação. Foi realizado dois teste que se repetiram em cada etapa do projeto, onde a condição manipulada foi à recuperação imediata após esforço no protocolo intermitente de velocidade.
    As duas avaliações foram realizadas sob as mesmas condições:
  • Nos dois dias que antecediam cada etapa da avaliação os sujeitos não realizaram nenhum tipo de exercício físico com intensidade moderada ou forte.
  • As coletas foram realizadas no período da tarde e a refeição que antecedeu a cada avaliação foi realizada, no mínimo, 2h e 30 min. e no máximo, 3 horas antes dos testes.
  • Cada sujeito realizou dois testes; o primeiro foi um protocolo intermitente de velocidade, e o segundo um teste de quarenta segundos, em uma pista de 162 metros.
  • A coleta de dados foi realizada nas condições de repouso, exercício e recuperação nos dois testes descritos anteriormente, e foram avaliados durante estes a FC, PA e a concentração de lactato sanguíneo como mostra a Tabela 0.2 abaixo:
Protocolo de exaustão
    Protocolo de exaustão foi em forma de circuito com duas séries de 10 minutos para que o atleta atingisse seu ponto máximo de exaustão. Entre as séries dos exercícios utilizou-se um tempo de recuperação com duração de 5 minutos.
    O circuito de exaustão foi constituído de exercícios de deslocamentos curtos com variação de direção e executados em velocidade máxima.
    Durante a execução da pesquisa, houve dois grupos que realizaram o protocolo de teste; após a execução deste um dos grupos fez sua recuperação utilizando a técnica do Banho Frio e o outro grupo fez sua recuperação de forma passiva, descansando somente. Antes do inicio do teste foi coletado amostra de sangue em repouso de cada um dos participantes, e após o teste foi dado um intervalo de recuperação de 6 minutos e durante este, foi coletado amostra de lactato sanguíneo a cada 2 minutos e monitorado a freqüência cardíaco e a pressão arterial a cada 2 minutos também dos dois grupos, após se passar os 6 minutos as coletas de lactato sanguíneo e monitoramento FC e da PA foram analisadas aos 10 minutos, tendo uma duração total do teste de 35 minutos.
    No dia seguinte os mesmos indivíduos foram submetidos a um teste de quarenta segundos para avaliar seu desempenho após terem feito o teste de exaustão. Durante o teste de quarenta segundo foi coletados amostras de FC, PA, LaS em repouso, no término dos quarenta segundos e 2º, 4º 6º minutos após termino do teste.
    Passando uma semana, o protocolo foi realizado por todos os atletas novamente, mantendo o mesmo procedimento das coletas anteriores.
    A terapia utilizada consistia em os atletas mergulhar seu membro inferior em um turbilhão de água com gelo a uma temperatura de aproximadamente 6C° a 10Cº, onde permaneceram imersos por 6 minutos.
Protocolo de recuperação
    Para avaliar a influência da terapia do banho frio sobre a recuperação e desempenho dos indivíduos foi utilizado um protocolo de recuperação durante e após o treinamento de velocidade intermitente.
Durante o protocolo de recuperação eram feitas coletas de PA, FC, LA, no término do treinamento de velocidade intermitente como mostra a Tabela 0.3 abaixo:
Testes dos 40 segundos
    No dia seguinte da execução do treinamento de velocidade, foi aplicado aos indivíduos que realizaram o treinamento, um teste de quarenta segundos em uma pista de 162 metros para avaliar seu desempenho vinte e quatro horas após esforço físico, sendo coletado também no término do teste amostrar de PA, FC, LA como mostra a Tabela 0.4 abaixo:
Coleta de lactato sanguíneo
    O procedimento de coleta das amostras de lactato sanguíneo foi igual para todos os sujeitos.
    O protocolo de testagem compreendeu o registro de lactato sanguíneo em repouso de cada sujeito e após o período de teste.
    A medida do lactato é, foi feita através de punção, realizada no lóbulo direito da orelha do participante onde se retirou uma pequena amostra de sangue arterializado para análise dos dados.
    O protocolo de testagem compreende o registro de lactato em repouso (inferior a 2mmol/l). Quando se submete o avaliado a um esforço com aumento gradual da intensidade e interrupção para a dosagem da quantidade de lactato em cada estágio, estabelece-se a curva intensidade que poderá estar correlacionada com a FC e a PA no trabalho empregado.
Mensuração da pressão arterial
    Durante o protocolo de teste a mensuração da PA foi feita, primeiro em repouso em um período não inferior a 5 minutos e logo após o teste no período de recuperação.
    Durante a mensuração da PA o individuo manteve seu braço na altura do coração, livre de roupas, com a palma da mão voltada para cima e cotovelo ligeiramente fletido.
Mensuração da freqüência cardíaca
    Para o monitoramento da FC, o indivíduo fez uso de um frequêncimetro a fim de registrar os valores da FC de repouso e após o teste.
Tecníca de análise dos dados
    Para a análise dos dados foi utilizado o seguinte procedimento estatístico:
  • Estatística descritiva
  • Teste “t” de Student
  • Análise de Variância
  • Correlação de Pearson
Análise e discussão dos resultados
    O estudo teve como objetivo analisar a influência da Terapia do Banho Frio na recuperação, analisando as variáveis de Lactato Sanguíneo, Freqüência Cardíaca e Pressão Arterial, em indivíduos treinados com idade entre 17 e 21 anos residentes em São Miguel do Oeste - SC
    Na Tabela 5 são apresentados os dados de LaS, FC, PAS e PAD no repouso e ao final dos dois períodos de 10 min do protocolo de exaustão.
    Como pode ser observado, exceto para a PAD que se manteve estável durante todo o protocolo as demais variáveis apresentaram alterações estatisticamente significantes (p<0,001), do repouso para o exercício. Esse comportamento em relação a FC e a PAS são resultantes do amento no débito cardíaco como demanda do exercício.(FOSS & KETEYIAN, 2000). Já o aumento nas concentrações de LaS, são conseqüências do aumento da utilização da via glicolítica para suprir as demandas do exercício.
    Quando se analisa o comportamento das variáveis LaS, PAS e PAD ao final do 2º turno de 10 min do protocolo de exaustão somente o LaS apresentou uma variação significativa (p<0,001), em relação ao final do primeiro turno. A redução nas concentrações de LaS, segundo Rossi & Tirapegue (apud SNYDER 1998) se dá devido a depletação do glicogênio muscular, onde ocorre uma deficiência na produção glicolíticade energia que pode afetar a contraçãomuscular levando a fadiga.
    O gráfico 1 mostra o comportamento do Lactato Sanguíneo no período de recuperação com e sem a utilização da terapia do Banho Frio.
Gráfico 1. Variação do lactato sanguíneo (LaS/mmol/mg) durante o período de recuperação com e sem a terapia do banho frio
    O teste “t” não evidenciou uma diferença estatisticamente significantes para (p< 0,005) o LaS nas diferentes momentos de coleta com e sem o uso da terapia do banho frio.
    Segundo Foss & Keteyian (2000), a recuperação do lactato pós-esforço depende da intensidade do exercício. Neste aspecto, pode se observar que a Terapia do Banho Frio não promoveu diferença na recuperação do lactato sanguíneo em relação a recuperação passiva (sem imersão).
    O gráfico 2 nos mostra o comportamento da FC no período de recuperação com e sem a utilização da terapia do Banho Frio. Conforme pode-se observar à FC a Terapia do Banho Frio não produziu diferenças estatisticamente significantes em relação à recuperação passiva (sem imersão).
    Cabe salientar porem, que durante a recuperação com a Terapia do Banho Frio os valores da FC foram mais elevados em relação aos da recuperação passiva. Este fato pode ser explicado por Mcardle, Katch & Katch (1998), onde os autores relatam que em baixas temperaturas ocorre uma vasoconstrição periférica, que desvia o sangue da superfície da pele para áreas mais centrais; essa vasoconstrição do músculo aumenta o fluxo sanguíneo que conseqüentemente faz aumentar a FC a fim de conservar o calor interno do corpo.
Gráfico 2. Variação da Freqüência Cardíaca (Bpm) durante o período de recuperação com e sem a utilização da terapia do banho frio
    O gráfico 3 mostra a variação PAS e PAD no período de recuperação com e sem a utilização da terapia do Banho Frio.
Gráfico 3. Variação da Pressão Arterial Sistólica (PAS em mmHg) e Pressão Arterial Diastólica (PAD em mmHg) durante o período de recuperação com e sem a terapia do banho frio
    Através do gráfico podemos observar que tanto a PAS quanto a PAD imediatamente após o término do protocolo de exaustão atingem seu pico e depois diminuem de maneira semelhante durante todo o período de recuperação em ambos os protocolos.
    Essa redução gradativa da Pressão Arterial se da porque a um maior fluxo de sangue durante o pico do exercício, acarretando um aumento da Pressão arterial, em seguida a medida que a intensidade do exercício diminui a Pressão Arterial se estabiliza e começa a ter um declínio devido a diminuição da resistência periférica total havendo uma diminuição no fluxo sanguíneo e no debíto cardíaco. McARDLE, KATCH & KATCH (1998).
    A tabela 06 mostra a média e o desvio padrão do pico de lactato e da freqüência cardíaca no teste de quarenta segundos realizado 24 horas após o protocolo de exaustão.
    Como podemos observar as variáveis de lactato e freqüência cardíaca não apresentam diferenças significativas que possam interferir na distância percorrida em ambos os protocolos, pois seus valores respectivos são muito próximos.
    Mas se analisarmos somente à distância percorrida nos dois protocolos notaremos que à uma diferença estatística significativa com relação a distância (p<0,005). Quem fez sua recuperação no dia anterior com a terapia do banho frio teve um melhor rendimento no dia seguinte.
    Sabendo que a análise da concentração de lactato e um parâmetro confiável para avaliar a fadiga muscular e observarmos que em ambos os protocolos as concentrações de LA forma muito próximas não tendo diferença significativas entre ambos , deduzimos que a outros mecanismos que podam interferir no desempenho de atletas 24 horas após treinamento intenso.
Considerações finais
    Em relação aos objetivos propostos para a analise dos resultados podemos considerar que:
  • Não houve diferença significativa na redução da concentração de lactato sanguíneo entre os protocolos com e sem a terapia do banho frio.
  • Não teve diferença significativa nas variáveis de freqüência cardíaca e pressão arterial em ambos os protocolos com e sem a terapia do banho frio.
  • Vinte quatro horas após o protocolo de exaustão, no teste dos quarenta segundo houve diferença significativa na distância percorrida pelos atletas. O melhor desempenho se deu aos atletas que no dia anterior fizeram uso da Terapia do Banho Frio no período de recuperação.
  • Média da distância percorrida com a terapia, x 281,3, ±S 14,6, sem a terapia, x 270,4, ±S 18,4 .
  • O estudo mostro que em relação as variáveis análisadas a terapia do banho frio não se mostrou eficiente na redução variaveis no período de recuperação, mas que 24 horas após a aplicação da tecnicas os atletas respondiam melhor a teste de esforço, fazendo com que tivessemos algumas indagações referentes ao processo de recuperação das microlesões nas miofibrilas.
  • Será que devido a baixa temperatura da água utilizada na terapia do banho frio não gera uma vasoconstrição dos pequenos vasos capilares, gerando assim uma menor produção de edema muscular, minimizando assim os impactos do treinamento e estimulando o processo de recuperação da fibra muscular diminuindo a sensação de dor.
  • Devido a complexidade das variáveis analisadas, e a grande quantidade de técnicas de recuperação pós treino que surgem a todo momento, ve-se a necessidade de se aprofunção esse tema nos proxímos estudos para que possamos ter apontamentos mais conclusivos.
Referências
  • ACMS – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual para Teste de esforço e Prescrição de exercício. Tradução: José Kawazoe Lazzoli. Rio de Janeiro – Livraria e Editora Revinter Ltda, 1996. 4º edição
  • BARONI et. al - Efeito da Crioterapia de Imersão Sobre a Remoção do Lactato Sanguíneo Após Exercício. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano. 2010, 12(3): 179- 185.
  • BOMPA Tudor. O – Periodização: Teoria e Metodologia ao Treinamento, São Paulo: Phorte Editora 1º Edição, 2001.
  • BOMPA Tudor. O – Periodização do Treinamento Esportivo, São Paulo: Editora Manole 1º Edição, 2002.
  • DANTAS Estélio H.M – A pratica da Preparação Física, Rio de Janeiro: Editora Shape 4º Edição, 1998.
  • FARINATTI Paulo de Tarso V; MONTEIRO Walace. D – Fisiologia e Avaliação Funcional, Rio de Janeiro: Editora Sprit 4º Edição, 2000.
  • FOSS Merle L; KETEYIAN Steven. J – Bases Fisiológicas do Exercício e do Esporte, Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan 6º Edição, 2000.
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  • GIL Antônio. C – Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo, editora Atlas 3º edição, 1991.
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Lesões da coluna vertebral nos esportes

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A incidência de lesões da coluna vertebral na prática esportiva é estimada entre 10 e 15% e 0,6 a 1% apresenta algum grau de déficit neurológico associado. Obviamente, qualquer lesão da coluna vertebral observada entre não atletas pode ser encontrada entre os participantes da prática esportiva. Porém, algumas lesões são mais características dos atletas e apresentam peculiaridades que justificam abordagem mais específica. Entre as lesões da coluna vertebral mais características entre os atletas destacam-se as seguintes: – instabilidades da coluna cervical; – tetraparesia transitória; – apofisite da coluna toracolombar; – espondilólise traumática; – fraturas do arco vertebral. Os mecanismos de lesão incluem forças de flexão, extensão, cisalhamento, torção e microtraumas repetitivos. Em geral, há combinação de forças produzindo a lesão. Por exemplo, no golfe atuam forças de compressão, cisalhamento, torção e inclinação lateral. Pode haver lesões de partes moles, disco intervertebral e osso. As lesões das partes moles são as mais comuns, ocorrendo em músculos e ligamentos. As lesões do disco intervertebral podem-se traduzir na forma de discopatia precoce ou hérnia de disco traumática. As lesões ósseas podem ocorrer na forma de microfraturas, avulsões ou fraturas propriamente ditas. A coluna vertebral e sua musculatura são uma estrutura biológica e mecânica complexa. É composta de dois tipos bá-sicos de tecido: osso e partes moles, sendo uma estrutura anisotrópica. Suas propriedades mecânicas dependem da orientação específica e carga aplicada. A resistência do osso é maior em flexão e menor em tensão. O oposto é válido quando se trata das partes moles. Outra propriedade importante dos materiais biológicos é a viscoelasticidade, característica dos materiais viscosos. Existe uma deformação contínua dependendo do tempo de aplicação da carga. O sistema absorve energia em determinado tempo, em geral por mecanismo hidráulico, O que ocorre no disco quando a água é eliminada sob pressão. O mesmo ocorre no osso esponjoso, no qual a medula óssea atua como uma bomba hidráulica. Atividades contínuas ou cíclicas podem prejudicar esse mecanismo ou mesmo impedi-lo e desencadear degeneração precoce do disco intervertebral lombar. O principal elemento na capacidade da vértebra para suportar carga é o osso esponjoso. O osso cortical contribui com 10% da resistência à compressão e o esponjoso, com 50%. Atividades cíclicas podem produzir fraturas da placa vertebral e do anel apofisário. Na osteoporose diminui a resistência da vértebra, podendo haver fratura ou mesmo colapso dela, o que pode ocorrer no atleta idoso. Os discos intervertebrais são extremamente complexos em sua anatomia, fisiologia e propriedades mecânicas. Durante a compressão o núcleo e as fibras internas do anel transmitem forças de vértebra a vértebra, provocando deflexão dos platôs vertebrais adjacentes, protrusão discal e o desenvolvimento de tensão no ânulo. A compressão pura não causa a hérnia discal. Ao contrário do disco jovem, a compressão excessiva pode conduzir à fratura da placa vertebral, principalmente em atividades que promovem a carga rápida ou quando há fraqueza no platô vertebral decorrente da idade, ocorrendo, então, um defeito referido como nódulo de Schmorl. Os ligamentos espinais atuam como estabilizadores da coluna. Os músculos atuam como estabilizadores ativos e passivos. Os ligamentos isoladamente não conseguem suportar a coluna, havendo necessidade de suporte externo através da musculatura. Os músculos da coluna vertebral são descritos em termos de flexores e extensores. Os flexores são compostos de duas camadas. A primeira camada é o músculo psoas,cujo momento de atuação é pequeno. A segunda camada são os músculos abdominais, que apresentam um grande momento de atuação. Os músculos abdominais atuam também como estrutura hidráulica, suportando as vísceras abdominais de con-teúdo aquoso. Os músculos paravertebrais atuam como extensores, tendo pequeno momento de atuação, sendo limitada sua atuação como estabilizadores da coluna. Novo tratamento Desenvolvido nos Estados Unidos e presente em 25 países, o equipamento de descompressão e tração – trazido ao Brasil é novidade em tratamentos para a hérnia de disco. O método funciona assim: uma cinta acoplada à máquina é colocada no paciente, proporcionado uma tração na região da hérnia. O paciente permanece deitado durante o trabalho de descompressão. O fisioterapeuta vai identificar o disco lesado e programar a máquina para efetuar a tração na medida e no local. O equipamento aplica exatamente a tensão necessária para a abertura entre uma vértebra e outra sem submeter a área ao risco de lesão. Com o novo método, a possibilidade de que o descolamento do disco intervertebral seja amenizado é maior do que nos tratamentos convencionais, pois a descompressão é realizada diretamente no disco afetado. Fonte: Tribuna do Norte

Incidência de lesões esportivas em atletas de voleibol profissional

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O voleibol é um esporte coletivo que exige esforços próximos ao nível máximo de intensidade, favoráveis ao acometimento de uma série de lesões nos atletas. Lesões essas capazes de gerar preocupações tanto para os atletas lesionados quanto para os técnicos e dirigentes esportivos, haja vista que além do comprometimento físico e psíquico do desportista, o clube pode ser prejudicado durante o tempo em que o atleta encontrar-se lesionado (Vimieiro-Gomes e Rodrigues, 2001; Santos et al., 2005). Considera-se lesão qualquer descontinuidade traumática ou patológica do tecido, ou perda de função de uma parte. Lesão desportiva é um tipo de lesão que é acidental em alguns esportes e mais incidente em outros, como nos de alto contato, sejam individuais ou coletivos. Quase toda modalidade esportiva apresenta risco de lesões musculares, estresse psicológico e outros agravos (Moraes e Bassedone, 2007). As lesões são resultantes de uma complexa multi e interfatoriedade de riscos. Sua etiologia pode associar-se a fatores intrínsecos como idade, sexo, condição física, desenvolvimento motor, alimentação e condições psicológicas, dentre outros. 

Os fatores extrínsecos se associam à especificidade técnica de cada modalidade, aos equipamentos utilizados, à organização e cargas do treino e da competição e às condições climáticas. Os mecanismos básicos de lesões de acordo com a medicina desportiva são: contato ou impacto, sobrecarga dinâmica, uso excessivo –overuse-, vulnerabilidade estrutural, inflexibilidade, desequilíbrio muscular, crescimento rápido, deformação por esmagamento, impacto impulsivo, aceleração esquelética, absorção de energia e extensão e grau de deformação tecidual (Santos et al., 2005 e Silva et al., 2005). Na visão de Sakamoto, Parcesepe e Bojikian (2009), os fatores físicos são as principais causas das lesões desportivas. No voleibol especificamente, essas se associam a esforços repetitivos, principalmente aos saltos, que são considerados os maiores causadores das lesões nos joelhos de voleibolistas. O overuse também é responsável pela alta incidência de lesões nos ombros desses atletas (Ejnisman et al., 2001). Em relação às lesões agudas a entorse de tornozelo se desponta como mecanismo de lesão mais frequente entre atletas dessa modalidade (Cardoso et al 2005). Ao se considerar essas premissas o objeto de estudo da presente pesquisa foi averiguar a incidência de lesões esportivas em atletas de uma equipe de voleibol profissional.

Metodologia 
    
O delineamento do presente estudo caracterizou-o como pesquisa de natureza descritiva, de abordagem quantitativa, retrospectiva e de caráter transversal.
    
A população foi composta por atletas que compuseram uma equipe profissional de voleibol em Montes Claros – MG, durante o primeiro semestre de 2010. De acordo com o fisioterapeuta responsável por essa equipe e pela clínica fisioterapêutica referência para assistência a esses atletas, no período delimitado pelo estudo, 11 atletas foram vítimas de lesões, o que possibilitou a avaliação de 11 prontuários de atendimento fisioterapêutico na referida clínica. Considerou-se como critério de inclusão para avaliação dos prontuários, que o atleta tivesse idade acima de 18 anos, com histórico de lesão musculoesquelética nos últimos 24 meses durante os treinos e/ou jogos e que tenha realizado tratamento fisioterapêutico no primeiro semestre de 2010.
    Para a realização desse estudo utilizaram-se: formulário de autorização para realização da pesquisa na clínica fisioterapêutica onde os atletas são assistidos e formulário estruturado constituído por 10 itens elaborado pelos autores do estudo e que avaliou dados referentes à idade, posição em quadra, situações e mecanismos envolvidos na lesão, diagnóstico e segmento corporal lesionado e história prévia de outras lesões, dentre outras.
    A estratégia adotada para a obtenção dos dados deu-se a partir de levantamento nos prontuários de atendimento fisioterapêutico e por meio de entrevistas ao fisioterapeuta responsável pela assistência fisioterápica aos atletas e responsável pela clínica de fisioterapia que assiste aos voleibolistas. Obteve-se a análise dos dados por estatística descritiva por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) - 18. O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Unidas do Norte de Minas (CEP-FUNORTE) sob o parecer consubstanciado nº 1261/10.

Resultados e discussão

    A análise dos prontuários permitiu identificar que os atletas apresentaram média de idade de 26,64 anos (±4,3). Entre os que sofreram lesões, 36,4 % (n=4) eram ponteiros, 27,3% (n=3) opostos, 18,2% (n=2) meios de rede e 18,2% (n=2) levantadores. O estudo de Moraes e Bassedone (2007) que descreveu a incidência de lesões entre jogadores da Superliga Nacional de Voleibol averiguou que os jogadores que exercem a função de ponteiros foram os que mais se lesionaram. Provavelmente pelo acúmulo de funções técnico e tática, uma vez que, além atuar na rede, são co-responsáveis com os líberos pelo passe e ainda podem exercer a função ofensiva. No presente estudo, os jogadores que exercem essa função também foram os mais susceptíveis a lesões. Já no estudo epidemiológico de Arena (2005) referente às lesões esportivas entre atletas jovens, se constatou que entre os jogadores de voleibol, os que ocupam a posição de meio de rede apresentaram maior frequência de lesões. Quanto à incidência de lesões verificou-se que 63,3% dos atletas (n=7) tiveram como mecanismo da lesão traumatismos indiretos; 45,5% (n=5) se lesionaram durante treinos; 36,4% (n=4) durante jogos e 18,2% (n=2) tanto em atividades de treinamento quanto em jogos. A pesquisa de Farina e Mansoldo (2006) em meio a atletas federadas de base do voleibol no estado de São Paulo verificou que 74% dos atletas sofreram lesões durante treinamentos e os demais durante jogos ou coletivos. A incidência de lesões por segmentos corporais são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Incidência lesão por segmento corporal
    Para Ingham et al. (2007) a literatura evidencia que a torção de tornozelo é a lesão mais frequente no voleibol, sendo responsável por cerca de 15% a 60% de todas as lesões. Fortes e Carazzato (2008) além de concordarem com essa alta frequência esclarecem que as mesmas têm como principais fatores de risco os movimentos de aterrissagem e saltos vinculados aos fundamentos de bloqueio e ataque. Em relação ao período de instalação da lesão, observou-se que 36,4% (n=4) dos atletas lesionaram-se no 4º mês após o início da temporada. Verificou-se também 54,5% (n=6) apresentaram lesões recidivantes. A Tabela 2 esboça os diagnósticos associados às lesões.
Tabela 2. Diagnósticos associados às lesões
    O estudo de Moraes e Bassedone (2007) averiguou alta incidência de lesões musculares entre os atletas, perdendo apenas para os processos inflamatórios. Esse alto índice associa-se às peculiaridades dessa modalidade desportiva como as combinações de aceleração e desaceleração envolvidos nos movimentos de saltos, viradas e cortadas dentre outros.
    No que se refere à reabilitação fisioterapêutica dos atletas lesionados, averigou-se que o número médio de sessões realizadas é de 13,2 (±12,0) sessões. A Tabela 3 detalha as condutas fisioterapêuticas abordadas com os atletas.
Tabela 3. Conduta fisioterapêutica
    O estudo de Menezes, Menezes e Santos (2008) que teve por objetivo verificar as lesões que mais acometem o atleta de voleibol de praia masculino de alto-nível, identificou que o fisioterapeuta foi o profissional mais procurado pelos atletas lesionados. Verificou-se ainda que a maioria absoluta dos atletas (75%) realizam a modalidade fisioterapêutica de crioterapia após os jogos com intuito de prevenir a cronicidade de artralgias.
    Na presente pesquisa constatou-se que as condutas mais utilizadas pelo fisioterapeuta responsável pelo atendimento dos atletas em estudo foram: crioterapia, cinesioterapia, massoterapia e kinesio tape. De acordo com Prentice (2002) a crioterapia nesses agravos apresenta eficácia principalmente na promoção da analgesia e na redução do processo inflamatório. Para Wood e Domenico (2008) as manipulações massoterápicas podem constituir-se em uma parte extremamente útil do plano terapêutico de traumatismos ou afecções locais, onde dentre as indicações terapêuticas, destacam-se a minimização do processo inflamatório, o auxílio no processo cicatricial e o alívio do quadro álgico.
Conclusão
    O estudo permitiu concluir a existência de alta incidência de lesões entre os atletas de voleibol, principalmente entre os ponteiros. Em sua maioria, as lesões são causadas por traumatismos indiretos, durante treinos, têm como característica serem recidivantes e o principal seguimento corporal lesionado é o tornozelo. Os principais diagnósticos são as lesões musculares e em relação à reabilitação fisioterapêutica verificou-se que são realizadas em média, 13,2 sessões, onde as modalidades terapêuticas mais utilizadas são crioterapia, cinesioterapia, massoterapia e kinesio tape.
Referências
  • Arena, SS. Estudo epidemiológico das lesões esportivas no basquetebol, futsal e voleibol ocorridas em atletas jovens: aspectos de treinamento e acompanhamento médico. 2005. Tese (Doutorado de Ortopedia e Traumatologia) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
  • Cardoso, JR et al. Influência da utilização da órtese de tornozelo durante atividades do voleibol: avaliação eletromiográfica. Rev Bras Med Esporte, 2005, v. 11, n. 5, p. 276-280.
  • Ejnisman, B. et al. Lesões músculo-esqueléticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva. Rev Bras Ortop, 2001, v. 36, n. 10, p. 389-393.
  • Farina, ECR; Mansoldo, AC. Incidência das lesões em atletas federadas nas categorias de base do voleibol no Estado de São Paulo. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, 2006, v. 11, n. 101. http://www.efdeportes.com/efd101/volei.htm
  • Fortes, CRN; Carazzato JG. Estudo epidemiológico da entorse de tornozelo em atletas de voleibol de alto rendimento. Acta ortop. bras. 2008;  v. 16, n. 3, p: 142-147. 
  • Ingham, SJM; et al. Torções de tornozelo em atleta feminina de voleibol. Rev Med. Reabil. 2007; v. 26, n. 2, p. 25-29.
  • Menezes, Menezes e Santos. Análise das lesões mais freqüentes nos atletas de voleibol de praia masculino de elite. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, 2008, v. 12, n. 116.http://www.efdeportes.com/efd116/lesoes-mais-frequentes-nos-atletas-de-voleibol-de-praia.htm
  • Moraes, JC; Bassedone, DR. Estudos das lesões em atletas de voleibol participantes da Superliga Nacional. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, 2007, v. 12, n. 111.http://www.efdeportes.com/efd111/estudo-das-lesoes-em-atletas-de-voleibol.htm
  • Prentice, WE. Modalidades terapêuticas em medicina desportiva. São Paulo: Manole, 4. ed., 2002, 309 p.
  • Santos, SG et al. Magnitudes de impactos das cortadas e bloqueios associados com lesões em atletas de voleibol. Lecturas: Educación Física y Deportes. Buenos Aires, 2005; v.10, n. 87.http://www.efdeportes.com/efd87/volei.htm
  • Sakamoto, M; Parcesepe, R; Bojikian, JCM. A contribuição da intervenção psicológica da recuperação do atleta de voleibol lesionado. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2009, v. 7, n. 3.
  • Silva, ML. Prevalência de Lesões em Atletas de Voleibol Masculino da Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina. Santa Catarina: 2005. Disponível em: http://www.fisio-tb.unisul.br/Tccs/MarcosLuiz/tcc.pdf Acesso: 30 outubro 2010.
  • Vimieiro-Gomes, AC e Rodrigues, LOC. Avaliação do estado de hidratação dos atletas, estresse térmico do ambiente e custo calórico do exercício durante sessões de treinamento em voleibol de alto nível. Rev. Paul. Educ. Fís, 2001, v. 15, n. 2, p: 201-211.
  • Wood, E; Domenicco, G. Técnicas de Massagem de Beard. São Paulo: Elsevier, 5. ed., 2008, 352p.

Fisioterapia nos esportes de gelo

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De acordo com o centro de investigação de acidentes da Universidade de Monash, em um período de três anos, as lesões de esporte de gelo mais comuns foram causadas por patinação no gelo. A maioria dos ferimentos foram causados por quedas, com a parte inferior do corpo mais freqüentemente sendo ferido. Para ajudar a recuperar ou evitar futuras lesões, participantes em esportes de gelo podem exigir terapia física.

Formação do fisioterapeuta

A Comissão de acreditação de fisioterapia educação requer fisioterapeutas para completar um programa de grau post-baccalaureate. Programas de diploma de mestrado levar entre dois e dois e uma metade anos para programas de doutoramento e concluídos levam três anos para ser concluído. O curso que conclui um fisioterapeuta inclui biologia, anatomia, fisiologia e biomecânica. Todos os Estados-Membros regulamentam a prática da terapia física e exigem indivíduos passar por um exame nacional de fisioterapia.

Hóquei no gelo

A maioria dos ferimentos neste jogo de alta velocidade são devido aos hits. Lesões de hóquei no gelo comum incluem lesões no joelho e separados ombros. Recebendo tratamento correto imediatamente após uma lesão ajudará a minimizar o tempo de recuperação. Tratamentos de fisioterapia para estas lesões começam com controlando a dor e inchaço através do gelo e estimulação elétrica. Uma vez que a dor e o inchaço tenha diminuído, fisioterapeutas trabalhará no intervalo de movimento exercícios, ativos, alongamento e fortalecimento dos músculos do ombro e joelho. De acordo com o manual de alongamento, os estiramentos superiores para jogadores de hóquei no gelo incluem o estiramento de lado lateral chegando e o trecho de Aquiles calcanhar para baixo ajoelhado.

Ondulação

Lesões comuns para os indivíduos que participam no curling incluem ombro, joelho e dor nas costas. Estas lesões ocorrem por causa da constante varrendo o movimento que o jogador deve fazer. Este movimento envolve uso repetitivo dos membros superiores e sustentado no joelho e flexão traseiro. Outras lesões ondulando ocorrem quando o indivíduo entrega a pedra para baixo do gelo. Para fazer isso corretamente sem prejuízo, um indivíduo requer mobilidade e flexibilidade nos quadris, ombros e parte superior das costas. Em fisioterapia, indivíduos serão ensinados trechos específicos que podem ajudar a aumentar a flexibilidade nessas partes do corpo. Um bom trecho de curlers seria o estiramento do manguito rotador ou o trecho de alcance do ombro para ajudar a aumentar a amplitude de movimento do ombro.

Patinação artística

Patins de gelo, muitas vezes referida como botas, têm provado para ser a causa de muitas lesões relacionadas a patinação artística. De acordo com o U.S. Figure Skating, as botas provocar lesões de uso excessivo, como tendinite, fraturas de estresse e lesões de cadeia cinética, como dor no joelho, dor anca e divisões de canela. Para ajudar a aliviar essas lesões ou impedi-los completamente, figura skatistas pode beneficiar de um fisioterapeuta, especificamente através de alongamento e fortalecimento. Uma terapeuta físico orientará uma patinadora sobre como aumentar sua amplitude de movimento e irá ajudar afrouxar a articulação para promover melhor alongamento. Outra lesão comum de patinação é dor crônica no joelho. De acordo com a sociedade médica de Wisconsin, patinadores com esta lesão beneficiariam de terapia física, que poderia ajudar a reduzir qualquer inchaço, dor e alongamento do joelho. Um bom trecho que um fisioterapeuta pode mostrar uma patinadora que ajudará a alongar o quadril, isquiotibiais, bezerros e aumento no joelho bend é o bezerro complexo.

Patinação de velocidade

De acordo com uma publicação em American Journal of Sports Medicine, os ferimentos de patinação de velocidade em pista curta mais comuns afetam o joelho, tornozelo, coluna vertebral, perna e virilha. Uma das lesões mais comuns é devido à excessivo rolo dentro do pé e tornozelo quando repetidamente indo em torno de uma pista de velocidade. Esse uso excessivo pode levar a degeneração ao Músculo tibial posterior. Músculo tibial posterior da tíbia e perónio e ajuda a estabilizar os músculos da perna. Therapists físicos pode ajudar atletas com esta lesão, ensinando-lhes melhor alongamento técnicas e auxílio no reforço da área danificada sem causar ainda mais danos.

Acupuntura nos esportes de alto rendimento

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Esportes de alto rendimento

Superar obstáculos é um dos desafios constantes dos atletas de alto rendimento, em decorrência destes treinos desgastantes ocorre tanto o esgotamento físico quanto mental. No esporte o bom desempenho vem de uma somatória destes fatores físicos e mentais aliados aos treinos constantes do gesto esportivos de cada modalidade onde o limite acaba sendo a dor, tendo o atleta pouco tempo para descansar.

Atletas de alto rendimento são aqueles que treinam regularmente e buscam objetivos extremamente específicos como superar seus próprios limites e tempos (Rubio, 2007). Segundo Rubio (2007), na vida do atleta de alto rendimento a dor é constante em decorrência da busca pela superação de seus limites. Devido a intensidade dos treinos, estes atletas vivem constantemente com lesões, levando ao encurtamento de sua vida profissional.

Praticas esportivas provocam um aumento na incidência de lesões, varias são as causas, como a falta de preparação física e de orientação no esporte (COHEN, 2003).

Os aspectos preventivos acabam tornando-se uma prioridade pela equipe multidisciplinar com intuito de aumentar a longevidade dos atletas (FONTANA, 1999).

O desempenho esportivo de cada atleta baseia-se na interação de aspectos cognitivos, capacidades físicas e psicológicas, que através de certos fatores externos levam a aptidão física (PEDRINELLI, 2002).

Segundo Parreira (2007), a ocorrência de lesões esportivas é decorrente da inter-relação entre o atleta e o esporte praticado.

Cada esporte tem sua característica motora prevalecente, onde o corpo trabalha como um todo, envolvendo vários grupos musculares e articulares, dando prioridade dependendo da modalidade para determinados grupos, esta predominância pode ocasionar uma sobrecarga muscular, esquelética e articular (GEMEO, 2004).

Medicina Tradicional Chinesa

Na acupuntura o universo se baseia na oposição entre duas forças antagônicas, que devem estar com igual intensidade de força para que haja o equilíbrio. O ser vivo possui uma energia primordial, chamada QI . Esta energia tem dois aspectos: YIN e YANG. O YIN é o aspecto material e interno, já o YANG é a manifestação da matéria exteriormente. O bom funcionamento (saúde) do ser depende do bom equilíbrio entre estas duas forças. Tanto o YIN como o YANG têm, cada um, suas funções. Quando estão em mesmo nível energético, um controla o outro, porém quando um se sobressai em relação ao outro ocorre o desequilíbrio, ou seja, ocorre à doença. A desarmonia YIN / YANG pode ser causada por motivos
endógenos ou exógenos. Alguns fatores exógenos podem ser o excesso de frio ou calor, alimentação inadequada, acidentes, poluição; já os fatores endógenos se pode encontrar a raiva, preocupação, pensamento excessivo (obsessão), pesar, medo e tristeza. Existe uma inter-relação entre os sentimentos e os órgãos do nosso corpo. A acupuntura refaz o equilíbrio
natural.

Segundo Maciocia (2007), a relação e a interdependência do Yin-Yang podem ser representados pelo símbolo chamado de Supremo Final (Tai Ji). O balanço e a harmonia do Yin e do Yang são governados pelos Cinco Elementos (Cinco
Movimentos), A teoria dos Cinco Elementos é baseada na idéia de que tudo no universo é produto do movimento e da mudança dos cinco elementos básicos: água, fogo,madeira, metal e terra. Determinada emoção influencia um órgão, e este também mantém uma influência sobre a emoção relacionada a ele: pulmão ( tristeza), coração ( alegria), fígado (raiva), baço (pensamento) e rim(medo).

Identificado à causa ou as causas são selecionados os locais aonde será feito o tratamento. São inseridas finas agulhas por alguns minutos nos locais identificados. Durante o tratamento ocorre uma sensação de bem estar e relaxamento. Pode ocorrer a associação com preparados aquecidos de ervas que também são colocados em determinados pontos. A estimulação
Na acupuntura não existe uma doença, mas sim um doente que necessita de um tratamento geral, visando seu equilíbrio como um todo.

A Organização Mundial da Saúde lista mais de 40 doenças para as quais a acupuntura está indicada, como por exemplo: Vias Aéreas Superiores: rinite e sinusite, faringite e amidalite agudas e crônicas, sobretudo de natureza alérgica. Sistema Respiratório: bronquite aguda e asma brônquica. Perturbações oculares e da boca: conjuntivites, dor de dentes, gengivites.

Distúrbios funcionais gastrintestinais e ginecológicos: espasmos do esôfago, soluços, náuseas e vômitos, gastrites agudas e crônicas, diarréias crônica e constipação, colites inespecíficas, cólon irritável, tensão pré-menstrual e cólicas menstruais. Distúrbios funcionais neurológicos: cefaléia tensionais, enxaquecas, nevralgia do trigêmeo, parestesias subseqüentes de isquemias cerebrais, paralisias faciais na fase inicial, neuropatias periféricas com déficit motor ou alterações sensitivas, doenças de Méniere, vertigem e zumbido por labirintopatia, enurese noturna na infância e disfunção neurogênica como incontinência, polaciúria ou estrangúria. Distúrbios musculares, tendinosas, articulares e esqueléticas: síndrome cervicobraquialgias, torcicolo, processos leves de traumas como contusão e entorses, algias do ombro, cotovelo e punho, dores lombares de origem muscular, dores ciáticas, dores coxofemorais e do joelho, tornozelo e dos pés, alívio de processos de osteoartrites de origem reumáticas e processos dolorosos do osteoartrose em geral, lesões inflamatórias resultados do trauma ou esforços repetitivos, fibromialgia, dores pós-operatórias e reabilitação pós-imobilização.

A acupuntura procura determinar a natureza da doença ou da desarmonia da mente ou do corpo. Através de uma anamnese minunciona são analisados os sintomas, históricos familiares e de doenças, dieta, estilo de vida, comportamentos da digestão, circulação. São observados o ritmo do sono e as alterações emocionais. A língua é examinada (estrutura, cor,
revestimento), os pulsos também são avaliados (qualidade, ritmo e força). Além disso, também é observado a postura da pessoa, cor da face, jeito de falar e respiração. Hoje em dia também temos aparelhos para diagnóstico, como o Ryodoraku, que é uma técnica que mede a corrente elétrica de nosso corpo em pontos específicos que representam cada meridiano de nosso corpo e pela análise dessas medidas podemos ter um diagnóstico(MACIOCIA, 2007).
elétrica também pode ser utilizada através das agulhas. A acupuntura também pode ser

Acupuntura
Os pontos de acupuntura funcionam como meio de comunicação entre o exterior e o interior do corpo, esses pontos influenciam as energias transmitindo-as para os canais de energia principais conduzindo aos Zang Fu (órgãos e vísceras) e destes para os tecidos(YAMAMURA,1995). Segundo Sun (2001), a acupuntura tem sido usada para o tratamento de desordens clínicas na China por mais cinco mil anos.

Os chineses descreveram cerca de 1000 pontos de acupuntura, dos quais 361 foramclassificados em catorze grupos principais. Todos os pontos que pertencem a uma mesma função geral são ligados por uma linha imaginária na superfície do corpo denominada meridiano.

Os doze meridianos principais controlam o pulmão, o intestino grosso, o estômago, o baço, o coração, o intestino delgado, a bexiga, o rim, o pericárdio, o triplo aquecedor, a vesícula biliar e o fígado. Existem também dois meridianos localizados no centro do corpo, um que passa pela frente e outro pelas costas (Vaso Concepção e Vaso Governador, respectivamente). Todos os pontos de acupuntura ao longo destes meridianos afetam o órgão mencionado, mas
não necessariamente da mesma maneira. Para os chineses, nosso organismo é formado de matéria e energia e é justamente a parte energética, a força vital ou Qi, que circula nestes meridianos.

Todas as doenças seriam consequências de um distúrbio da circulação de Qi. A acupuntura não causa apenas efeito analgésico, ela provoca múltiplas respostas biológicas. Estudos mostram que o estímulo por acupuntura pode ativar o hipotálamo e a glândula pituitária, resultando num amplo espectro de efeitos sistêmicos, aumento na taxa de secreção de
neurotransmissores e neuro-hormônios, melhora do fluxo sanguíneo e também a estimulação da função imunológica (AMIGOSDOTAICHI, 2005).

Os pontos de acupuntura encontrados sobre o meridiano são áreas da pele através das quais podemos afetar e alterar o fluxo de Qi. Quando se está doente, existe um desequilíbrio ou interferência no fluxo de Qi. Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de milhares de anos de prática médica (RISTOL, 1997).

Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de terminações nervosas sensoriais, essa região está em relação íntima com nervos, vasos sanguíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares (WU, 1990). Sua estimulação possibilita acesso direto ao SNC (FARBER & TIMO-IARIA, 1994). Estudos morfofuncionais identificaram plexos
nervosos, elementos vasculares e feixes musculares como sendo os mais prováveis sítios receptores dos acupontos.
Outros receptores encapsulados, principalmente o órgão de Golgi do tendão e bulbos terminais de Krause também podem ser observados (HWANG, 1992). Diversos trabalhos têm demonstrado grande número de mastócitos nos acupontos. Segundo Yamamura (1995) os pontos de acupuntura funcionam como meio de comunicação entre o exterior e o interior do nosso corpo, com isso esses pontos estão sujeitos diretamente a influências das energias transmitindo-as para os canais de energia principais conduzindo aos Zang Fu (órgãos e vísceras) e destes para os tecidos. A acupuntura é uma das muitas modalidades de tratamento do arsenal terapêutico tradicional chinês (ANDERSSON, 2001).

Atualmente, está sendo usada em mais de 140 países como uma terapia alternativa com 5 poucos efeitos colaterais, de simples manipulação e baixo custo (ZHANG, 2004). Tem sido aplicada para tratar de uma ampla variedade de doenças e situações (MIDDLEKAUFF, YU, HUI, 2001).

Pode ser definida como a penetração da pele com agulhas de aço inoxidável que estimulam o tecido manual, térmica e eletricamente (AKIMOTO et al., 2003). A Acupuntura tem sido utilizada para o tratamento de dores crônicas e agudas de diversas origens, e para controle da dor durante alguns procedimentos cirúrgicos, além de seu uso para
a prevenção e tratamento de doenças (KARVELAS, HOFFMAN, ZENI, 1996 ). Tem sido também utilizada por atletas, profissionais e amadores, (KARVELAS, HOFFMAN, ZENI, 1996; AKIMOTO et al., 2003) para modular o bem-estar físico (AKIMOTO et al., 2003), para o alcance de um nível mais alto de performance competitiva (KARVELAS, HOFFMAN, ZENI, 1996; EHRLICH, HABER, 1992) e para um melhor treinamento (EHRLICH, HABER, 1992). Segundo a tradição chinesa os pontos de acupuntura estão localizados ao longo de canais específicos cuja puntura nesses locais facilita e restaura o fluxo
de energia no corpo (MIDDLEKAUFF, YU, HUI, 2001).

A efetividade da Acupuntura é bem documentada e já existem experimentos em bases neuroquímicas, histoanatômicas e neurofisiológicas para explicar seu mecanismo de ação (EHRLICH, HABER, 1992). Recentes estudos têm apoiado o conceito de que a Acupuntura ativa os opióides endógenos (MIDDLEKAUFF, YU, HUI, 2001) e têm demonstrado que a eletroacupuntura induz uma regulação positiva da expressão da relação da sintase do óxido nítrico neuronal (nNOS) / NADPH diaforase (NADPHd), bem como que o óxido nítrico (NO) no núcleo grácil media os sinais da Acupuntura através de vias talâmicas e da medula dorsal (MA, 2001).

Alguns dados sugerem fortemente que outros mecanismos além dos opióides são responsáveis pelos efeitos da Acupuntura na dor (BUCINSKAITE et al., 1994). Segundo Frezza (2004), a acupuntura alem de ser utilizada para promover o equilibrio
energetico, pode tambem melhorar o desempenho esportivo. Durante a pratica de atividades físicas os músculo devem ser bem nutridos com Xue (sangue) e o Qi deve estar fluindo adequadamente, isso pode ser feito atravez da tonificação dos órgãos que produzem o Xue e mantem do o fluxo do Qi livre (Baço-Pancreas, Rim e Figado) no corpo pode-se melhorar o
desempenho de qualquer tipo de atividade fisica.

Frezza (2004) comprovou que através de sessões semanais de acupuntura, obteve-se um aumento significativo de força muscular, alem da melhora da disposição fisica durante dos treinos e melhora do cansaço os treinos.

Fonte

Principais lesões dos esportes

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Com a consistência encontrada na literatura desportiva, parece razoável sugerir que o tornozelo e o joelho representam as regiões mais comumente lesionadas (Meeuwisse et al., 2003).

Estudos da topografia das lesões no futebol, como a realizada durante os 64 jogos da Copa do Mundo de futebol de 2002, em que as lesões ocorridas durante esta competição afetaram predominantemente as articulações do joelho e tornozelo; e os músculos da coxa e panturrilha. Foi reportado um total de 171 lesões, o equivalente a 2.7 lesões por jogo ou 81.0 lesões por 1000 horas de jogo. Mais de um quarto destas lesões ocorreu sem contato com outros jogadores, e destas, mais de 90% provocou a ausência de jogos ou treinamentos subseqüentes (Junge, Dvorak & Graf-Baumann, 2004).

Durante os torneios de futebol organizados pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association) e Jogos Olímpicos entre os anos de 1998 e 2001, as lesões ocorreram predominantemente no tornozelo (17%), coxa (16%), perna (15%) e joelho (12%) (Jung et al., 2004).

Lesões de tornozelo e joelho são as lesões mais freqüentes em jogadores de basquetebol (Meeuwisse et al., 2003). O entorse de tornozelo é uma das lesões mais comuns do esporte, particularmente no basquetebol (Fu & Hui-Chan, 2005).

Durante o estudo realizado no campeonato mundial de vôlei de praia masculino e feminino de 2001, a incidência de lesões agudas foi de 3.1 por 1000 horas de competição e 0.8 por 1000 horas de treinamentos. As regiões do corpo mais acometidas foi joelho (30%), tornozelo (17%) e dedos (17%) (Bahr & Reesern, 2003 ).

Lesões agudas no voleibol, o entorse de tornozelo representa 15-60% do total de lesões. A maioria dos jogadores de voleibol lesiona o tornozelo após realizar o bloqueio e o mecanismo usual da lesão é o entorse por inversão do tornozelo (Briner & Benjamin, 1999).

Os resultados encontrados nos levantamentos realizados sobre lesões desportivas podem ser usados para planejar estratégias preventivas na redução do número de lesões, particularmente as regiões mais comumente lesionadas como joelho e tornozelo (Meeuwisse et al., 2003).

Retirei daqui

Lesões mais frequentes no Futsal

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As lesões nos membros inferiores são as mais frequentes no futsal.

Decorrente da prática deste tipo de futebol, há dois tipos de lesões: as traumáticas de carácter agudo e as de sobrecarga.

As agudas resultam sempre de um episódio traumático súbito e fortuito e o seu diagnóstico habitualmente é quase imediato.

Exemplos destas lesões são, as entorses do joelho, do tornozelo e do médio-pé, as fracturas da tíbia, da clavícula, da rótula e do antebraço, a rotura do menisco e do ligamento cruzado anterior, a luxação da articulação acrómio-clavicular e a do ombro, as fracturas dos ossos da face, a concussão crâneo-encefálica, os hematomas intra-musculares, o higroma rotuliano, etc.

Por seu lado as lesões de sobrecarga, que são mais frequentes do que as anteriores, têm um processo de instalação mais subtil, evoluem lentamente no tempo, não permitindo frequentemente estabelecer o diagnóstico com facilidade e também não possibilitado uma resposta terapêutica com efectividade acelerada. Resultam fundamentalmente de microtraumatismos de repetição sobre os tendões e músculos, os ossos e as articulações.

Exemplos destas lesões são, a tendinose do rotuliano, as tenovaginites do tibial anterior, do Aquiles e dos isquio-tibiais, a doença da cartilagem da rótula, as fracturas de fadiga do pé e da tíbia, o sindroma compartimental da perna, a isquialgia, a pubalgia, etc.

Saiba como evitar as lesões no futebol

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O assunto de hoje é lesão no futebol. Não irei falar uma a uma, apenas falar de aspectos gerais que podem fazer com que a lesão não aconteça.

Algumas lesões que ocorrem no futebol são como qualquer outro tipo de acidente: imprevisíveis e inevitáveis. A maioria delas, no entanto, pode ser evitada. O mais importante é saber como.

Para jogar cada vez melhor, prevenir a ocorrência de lesões é tão importante quanto os treinamentos. Quando você não se machuca, pode continuar jogando e aperfeiçoando as suas habilidades. Aprenda, portanto, a proteger a si mesmo e aos seus companheiros:

1. Aguarde sempre a recuperação total da lesão
Lesões mal curadas só fazem aumentar os riscos de novas lesões. Voltar a jogar cedo demais pode ser perigoso caso o seu corpo ainda não esteja pronto para suportar o estresse. Nenhuma partida é tão importante quanto a sua saúde. Converse com o seu médico e fisioterapeuta para tomar a decisão correta.

2. Proteja-se com o equipamento adequado

  • Caneleiras protegem a parte inferior da perna de fraturas ósseas durante treinos e jogos. Elas devem ser ajustadas de acordo com cada pessoa, de forma a cobrir toda a região abaixo do joelho tanto em largura quanto em comprimento.
  • Em caso de torção no tornozelo, proteja-se com bandagens ou com uma tornozeleira para evitar um agravamento da lesão.
  • Goleiros devem usar uniformes acolchoados para proteger quadris, cotovelos e ombros (e joelhos durante os treinos), além de luvas adequadas.

3. Fair Play: respeite as Regras do Jogo
As Regras do Jogo velam pela saúde dos jogadores, dado que proíbem ações perigosas capazes de causar lesões graves, como, por exemplo, o uso do cotovelo em disputas pelo alto. Os árbitros são orientados a punir rigorosamente os jogadores imprudentes que ignorarem os princípios do fair play.

4. Realize exercícios preventivos regularmente
O corpo humano possui mecanismos naturais de defesa contra contusões que podemos exercitar a fim de melhorar a nossa resistência a elas. Programas de prevenção combinam exercícios para treinar essas defesas de maneira estruturada, mas nem o melhor dos programas será eficiente se ele não for colocado em prática regularmente. Incorpore o "11+, um aquecimento completo para evitar lesões" à sua rotina de treinos.



Lesões no futebol de campo

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O futebol chegou ao Brasil em 1894 pelo brasileiro Charles Miller, filho de ingleses, que desembarcou em São Paulo com duas bolas de couro e as regras aprovadas pela Football Association. A primeira partida foi realizada em 1895, entre empregados ingleses das companhias de gás e de transporte ferroviário. Em 1910, surgiram clubes e federações por todo o país. Cada estado começou a realizar seu próprio campeonato, despertando interesse do público e da imprensa. Em 1914, criou-se a Federação Brasileira de Sports e, dois anos depois, a Confederação Brasileira de Desporto (CBD). Durante quase quarenta anos o esporte foi exercido por amadores, estudantes, empregados de companhias e jovens de nível social elevado. Em 1933, oficializou-se no Rio de Janeiro e em São Paulo, o profissionalismo (LIMA, 2002).

Segundo Ribeiro e Costa, (2006), por se tratar do esporte mais popular no mundo e no Brasil, tem despertado grande interesse cientifico, com especial enfoque no estudo das lesões. Silva et al (2008), comentam que o futebol é atualmente considerado como uma das modalidades desportivas onde o risco de lesão é mais elevado, fato confirmado por vários estudos que têm mostrado uma grande incidência de lesão no futebol. Lesão esportiva é definida como qualquer acometimento físico que resulte no afastamento do jogador, seja de uma partida ou de um treino, independentemente da maior ou menor necessidade de atendimento junto à equipe médica ou do tempo de afastamento das atividades do esporte (IKEDA; NAVEGA, 2008). Como afirma Bahr et al (2003 apud ATALAIA, 2009), lesão desportiva é um nome coletivo para todos os tipos de lesões suscetíveis de ocorrerem no decurso de atividades desportivas.

O futebol da atualidade é dinâmico, o atleta quase não pára, devendo ter:

1º) eficiente sistema transportador de oxigênio;
2º) boa capacidade de tolerar o exercício de longa duração sem fadiga excessiva;
3º) boa endurance anaeróbia aláctica e láctica para compensar os movimentos explosivos e de velocidade prolongada;
4º) nível adequado de gordura corporal;
5º) ser veloz e ágil;
6º) boa habilidade para saltar.

Com o equilíbrio desses requisitos físicos representa uma parte dos fatores que, relacionados a aspectos técnicos e táticos, fornecem as condições necessárias para o rendimento compatível com as exigências do futebol moderno (SILVA et al, 2002).

No Brasil tem sido difícil encontrar um ponto de equilíbrio entre o preparo físico dos atletas e as exigências do cronograma a ser cumprido pelas equipes durante a temporada. O número de jogos e as horas dedicadas às sessões de treinamentos aumentam significativamente, o que torna mais frequente a ocorrência de lesões musculares e oesteoarticulares nos atletas Cohen et al, (1997 apud LEITE; CAVALCANTE NETO,2003). Em decorrência dessa mudança de visão do futebol, muda-se também o modo de classificação das mesmas. Ikeda e Navega (2008) ao citar a pesquisa de Luthje et al (1996), realizada com jogadores na Finlândia, que detectou que 50% das lesões ocorridas eram classificadas como leve, 36% como moderada e 14% como severas, verifica em anos anteriores uma prática de futebol aparentemente menos agressiva e com lesões mais amenas.

Para Leite e Cavalcante Neto (2003), as lesões se classificam em duas categorias básicas, sendo elas traumáticas ou por excesso de uso. O mesmo autor ainda descreve três categorias de mecanismos de lesão relacionada com esporte: uso excessivo também denominado de overtraining; contato direto é insuficiência de partes moles.A combinação de variáveis internas e externas pode resultar em diferentes lesões no futebol, com distintos graus de incapacidade nos atletas. Para Cohen e Abdala (2003), estas lesões estão baseadas nos fatores intrínsecos ou pessoais (como idade, lesão previa,
instabilidades articulares, preparação física e habilidade). Por outro lado os fatores extrínsecos são a sobrecarga de exercícios, o número excessivo de jogos, a qualidade dos campos, equipamentos (chuteira, roupas) inadequados e violações as regras dos jogos como as faltas excessivas ou jogadas violentas.

No que se refere ao posicionamento dos atletas em campo, segundo Santos e Sandoval (2011), os atacantes se apresentaram em maior número com lesões, seguidos dos zagueiros e laterais, e se relacionado ao fato de que os atacantes e zagueiros utilizam de muito arranque, potência e força física, estes valores são facilmente compreendidos, pois consequentemente são os mais sujeitos a lesão. Estes resultados coincidem com os apresentados por Vasconcelos Júnior e Assis (2010), onde se pode observar que os atletas com maior índice de lesão são os atacantes, com (31,5%) de ocorrências de lesionados.Estudos apresentados pelos autores Ribeiro et al, (2003); Simões (2005); Cohen, (1997 apud Baldaço et al, 2010) sugerem que, além das características próprias desta modalidade, fatores como alterações posturais, baixo índices de flexibilidade, movimentos desportivos incorretos, equipamentos inadequados, traumas diretos e déficit proprioceptivos nos membros inferiores, principalmente nas articulações de joelho e tornozelo, podem contribuir para ocorrência de lesões.

Veiga et al (2011), contudo, acreditam ser difícil fazer a correlação desses desequilíbrios com lesões sofridas. No seu estudo com 28 atletas de futebol de campo, foram observadas diversas alterações posturais nos atletas como: joelho varo, anteriorização da cabeça, anteversão pélvica, assimetria dos triângulos de Tales e uma diminuição na flexibilidade da cadeia posterior na maioria dos atletas, o que pode demonstrar, dessa forma, uma postura padrão que os jogadores de futebol apresentam. A flexibilidade nestes atletas encontrava-se diminuída, pois o futebol por suas características pode levar a uma rigidez crônica nos praticantes.

Uma característica esperada das lesões do futebol é que se localizem preferencialmente nos membros inferiores. Johnson e Neef (2002) discutem que a extremidade inferior representa em torno de 60 a 80% de todo as lesões e as lesões de tronco, costas, pelves, cabeça e face são as menos frequentes, chegando aproximadamente em 15% das lesões. Silva et al
(2008) cita o estudo de Cohen et al, et 1997, que encontrou lesões nas extremidades superiores em apenas 5 a 15% das lesões do futebol, mostrando a pouca variação que ocorreu no futebol quanto ao local de lesão. Estiramentos musculares (músculos do grupo isquiotibial, adutor, e quadríceps) e as contusões da coxa e panturrilha são lesões agudas mais comuns.

Lesões do manguito rotador no esporte

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As lesões do membro superior no esporte são muito frequentes e, em várias modalidades esportivas, podem exigir do ortopedista um conhecimento mais detalhado da sua fisiopatologia para que o melhor tratamento seja alcançado. Apesar de alguns esportes que causam lesões frequentes no membro superior não serem muito praticados no Brasil (como o caso específico do beisebol, que conta com vasta coleção de trabalhos publicados na literatura médica), modalidades como o tênis, voleibol e handebol, por exemplo, necessitam de grande demanda biomecânica do ombro.

São lesões muito frequentes no esportista de arremesso(12,13). Em nosso país, os principais esportes que causam esta lesão são o tênis e o voleibol.

As tendinopatias (que variam de inflamações a degenerações teciduais) costumam ser mais frequentes na população jovem, enquanto as rupturas (parciais ou totais) são mais vistas na população esportiva acima de 40 anos de idade. Lehman, por exemplo, relatou em um artigo que estudou tenistas nos quais as dores no ombro foram encontradas em populações jovens (12 a 19 anos de idade) com incidência de 24%, enquanto na população acima de 50 anos este número foi ao redor de 50%(14). Isso se deve ao fato do desgaste e da desidratação a que sofrem as estruturas tendíneas com o avançar da idade, o que explica a importância de se pensar na prevenção nesta população específica.

As lesões de manguito rotador podem ser complicadas de tratar em esportistas, principalmente quando atendemos tenistas profissionais ou amadores que jogam regularmente. Em muitas vezes, o quadro doloroso não corresponde ao que os exames de imagem dizem sobre a lesão anatômica e, vez por outra, deparamo-nos com tenistas com rupturas completas de um tendão (supraespinal, por exemplo) que conseguem jogar normalmente, com praticamente nenhuma dor relatada - este dado é especialmente importante de ser lembrado na população acima de 50 anos de idade, na qual podemos ter um bom resultado no tratamento fisioterápico mesmo quando estamos tratando uma ruptura completa de um único tendão do manguito rotador.

A cirurgia de reparo do tendão do manguito tem demonstrado bons resultados na literatura médica, e pode ser realizada tanto por via artroscópica quanto por via aberta(15,16). Nossa preferência é pela realização do reparo artroscópico, mas acreditamos que a escolha da técnica deve ser individualizada, e o cirurgião deve ficar confortável com a técnica escolhida. Uma boa cirurgia realizada por via aberta é sem dúvida preferível a uma artroscópica mal realizada.

A fisioterapia desportiva atuando no futebol

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O fisioterapeuta desportivo está voltado para cuidar propriamente de atletas, as responsabilidades deste profissional são em iniciar um processo de levantamento físico do atleta na pré-competição, organizar e realizar este levantamento e fazer recomendações à equipe, baseada nos resultados deste levantamento o mesmo precisa conhecer os movimentos executados pelos atletas, como por exemplo, conhecer os principais músculos (origem, inserção, ação é inervação). Essas ideias implica o pressuposto dos fatores causais na ocorrência do dano durante a prática do futebol de campo, mas também aponta os meios de evitá-los ou diminuí-los. É essencial que os fisioterapeutas desportistas, tenham conhecimentos dos fatores causais agravantes, para acessarem as ações preventivas. Para Pedrinelli (2002) apud Parreira (2007), toda atividade física gera uma sobrecarga em algum ponto do aparelho locomotor. Se esta sobrecarga fica circunscrita à
capacidade fisiológica do organismo de se recuperar, não há a instalação de um processo patológico. A base de todas as teorias envolvidas no trabalho de prevenção das lesões leva em conta a capacidade de se avaliar adequadamente as limitações de quem prática o esporte associado ao conhecimento da magnitude é tipo de sobrecarga que a prática do esporte gera.

O fato dos atacantes serem os mais acometidos por lesão no futebol pode ser relacionado ao fato de que os atacantes e zagueiros utilizam de muito arranque, potência e força física, consequentemente estão mais sujeitos a lesão.

Outro ponto importante foram em que momento ocorreram as lesões, sendo significativo o número de notificações durante o jogo. Fato explicado por mais da metade das atividades físicas do jogador em partida são executados sem a bola (57,6%); já as restantes executadas com posse da bola são responsáveis pela maioria das lesões devido à marcação do jogador adversário.

Na prática diária do fisioterapeuta que trabalha na área de desportiva, o exame ortopédico é essencial, e as reais necessidades de uma avaliação bem acurada compõem o escopo das atribuições deste profissional, perfazendo desde uma historia clinica bem feita, um exame físico sistemático e lógico, além da interpretação de exames de imagem é laboratoriais, independente da articulação ou segmento corporal envolvido (CARDOSO et al, 2007).

Para Silva (2008), esses segmentos corporais são frequentemente acometidos por traumatismos, lesões por esforços repetitivos, doenças inflamatórias e afecções degenerativas, o que provoca dor e até perda da função. Nesse contexto a fisioterapia assume um papel de grande relevância, desde a atenção primaria (prevenção), até a terciaria (reabilitação).

O tratamento preventivo é delineado e realizado de maneira eficaz, com base no levantamento dos fatores de risco dessas lesões, da análise de sinais específicos do esporte, como os erros de movimentos executados pelos atletas. O fato dos atletas terem um retorno precoce da reabilitação, sem um tratamento adequado, aumenta o risco de ocorrer outras
lesões. Foi pensando em evitar essas lesões que tanto os técnicos como os administradores de alguns clubes de futebol investem em métodos de prevenção destas lesões, como a importância de um bom aquecimento/alongamento, além da necessidade do descanso, de uma nutrição balanceada e um treinamento individualizado. A fisioterapia desportiva,
através do trabalho preventivo, é de extrema importância nas equipes. Segundo Veiga et al (2011), um programa bem elaborado de alongamentos é importante para melhorar o desempenho do atleta do esporte, em que músculos bem alongados tendem a aumentar a eficiência e diminuir o gasto energético no movimento.

Neste estudo de revisão ficou evidente que as lesões em membros inferiores foram predominantes sobre as demais regiões do corpo. Confirmando a pesquisa de Leite e Cavalcante (2003), que as lesões mais comuns relacionadas ao futebol são entorse de joelho e tornozelo, distensões da coxa e virilha. Os resultados coincidem com os apresentados por Barbosa e Carvalho em (2008), onde observaram que a de maior incidência foi à distensão na coxa seguida por entorse do joelho ou luxação.

Para Carvalho e Cabri (2007), na prática do futebol é considerado que o grupo muscular do quadríceps possui um papel importante no saltar, no rematar e no passar a bola, enquanto que os ísquios-tibiais controlam as atividades de corridas e estabilizam o joelho durante as mudanças de direção e de desarme do adversário. Estes atuam também para travar a perna por contração excêntrica durante o movimento de remate e passe da bola, limitando o movimento anterior da perna depois do pé bater na bola.

Analisando os movimentos desses grupos musculares destes atletas entre as diversas posições dentro de campo, realçam a importância da intensidade do trabalho realizado pelos membros inferiores durante a atividade de futebol. Diante desta analise pode-se confirmar as pesquisas de alguns autores citados neste estudo que comprovaram que o maior índice de lesões ocorrerem em membros inferiores, onde à região da coxa foi local do corpo mais lesionado desses atletas.

As lesões em membros superiores, menos comuns, ocorrem principalmente em goleiros, envolvendo as mãos, sendo que as fraturas de falanges e separação (luxação e subluxação) acromioclaviculares no ombro são as mais comuns. Nestas regiões o número de lesões é significativamente menor, mas elas podem afastar os atletas de suas atividades durante um determinado período. E importante ressaltar também que as lesões podem ocorrer de maneira inesperada fora do ambiente de treinos é jogos dos jogadores.

Atletas bem condicionados sofrem um menor número de lesões. O trabalho da fisioterapia desportiva torna-se bastante diferente dos outros, pois tudo tem que ser muito mais rápido e funcionalmente mais efetivo, pois o atleta mais do que qualquer outro individuo precisa executar todas as funções do seu corpo, músculos, ossos e articulações, no máximo de
potência e amplitude para execução perfeita de todos os movimentos (RODRIGUES, 1996 apud PARREIRA, 2007). Além disso, o fisioterapeuta se depara com outros “incentivos”.

Carvavan (2001 apud PARREIRA, 2007) ainda ressalta que para tornar seu trabalho mais rápido e intensivo, o fisioterapeuta sofre pressão constante, seja de treinadores, patrocinadores, diretores e principalmente dos atletas.

Fonte

Fisiologia articular do tornozelo

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A estabilidade do tornozelo se dá através de ligamentos, que são:

a) Ligamento colateral medial: tem origem no maléolo tibial e insersão nos ossos navicular, tálus e calcâneo, apresentando-se assim: tibiofibular anterior e posterior, tibiocalcâneo e tibionavicular, que juntos formam o forte ligamento deltóide, é extremamente forte, proporciona estabilidade medial a articulação em forma de leque;

b) Ligamento colateral lateral: tem origem no maléolo fibular e insersão nos ossos tálus e calcâneo; são eles: talofibular anterior e posterior e calcaneofibular; são mais fracos e mais propensos a lesões.

O ligamento Talofibular anterior (LTFA) estende-se antero-medialmente da margem anterior do maléolo fibular ao colo do tálus, sendo responsável pela estabilidade anterior na posição de apoio na ponta dos pés, por se encontrar tenso na posição de extensão e relaxado em flexão consequentemente, ele limita o deslocamento posterior da tíbia e resiste à inclinação talar lateral.

O ligamento Talofibular posterior (LTFP) tem um percurso quase horizontal, estendendo-se da porção distal da fossa maleolar lateral ao tubérculo lateral do processo posterior do tálus, alguns autores observaram que ele apresenta-se tenso apenas na posição de flexão máxima e, portanto, limita a amplitude de flexão e o deslocamento anterior da tíbia.

O ligamento Calcâneofibular (LCF) é um ligamento Biarticular pelo fato de cruzar tanto a articulação do tornozelo quanto a subtalar. Ele estende-se do maléolo lateral ao tubérculo localizado na face lateral do calcâneo, encontrando-se tenso em flexão e relaxado em extensão e inversão.

c) Sindesmose tibiofibular: Tem origem na tíbia e insersão na fíbula; são eles: tibiofibular anterior e posterior e interósseos.

Os principais ligamentos lesados no mecanismo de inversão de uma entorse de tornozelo são: talofibuar anterior e posterior e calcaneofibular.

Os movimentos simples do tornozelo são aqueles realizados no eixo transversal: flexão plantar, flexão dorsal, pronação supinação, rotação externa, rotação interna, adução e abdução e, também, os movimentos combinados ocorrem no eixo oblíquo: inversão e eversão, são a somatória dos movimentos simples (SALGADO, 1995).

Cápsula articular estabilizadora passiva articular, paralelamente encontramos frouxidão anterior e posterior do tornozelo, contendo saco sinovial, dando a esta articulação a amplitude necessária para os movimentos de flexoextensão.

FUNÇÃO MUSCULAR NAS ARTICULAÇÕES DO TORNOZELO E DO PÉ

Flexores plantares: A flexão plantar é produzida pelo músculo biarticular gastrocnemio e uniarticular sóleo; eles se inserem no calcâneo através do tendão do calcâneo.

Dorsiflexores: a dorsiflexão é produzida pelo músculo tibial anterior (que também invete o tornozelo), pelo extensor longo do hálux e dos dedos (que também estende os artelhos) e pelo fibular terceiro.

Saiba quais são as principais lesões no ombro no esporte

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Estiramentos

Os músculos e tendões do ombro podem ser lesados por distensões, estiramentos e excesso de uso, ou por um bloqueio vigoroso a um movimento no instante em que os músculos estão se contraindo. O dano pode ser súbito e traumático, ou gradual e progressivo.
As lesões traumáticas no ombro ocorrem em esportes de contato e de combate, hipismo, ginástica e saltos ornamentais. Você pode cair desastradamente sobre a mão ou o cotovelo, provocando um estiramento na articulação; ser violentamente atingido no braço numa colisão com um adversário, por exemplo, no rúgbi, ou ao bloquear um lançamento no basquete; desequilibrar-se enquanto executa uma parada de mão em ginástica.
As lesões por excesso de uso estão normalmente associadas a esportes em que o ombro é utilizado de modo repetitivo ou contínuo. Os nadadores de competição produzem cerca de 80% de sua força de braçada através dos braços, e seu treinamento de serviços no tênis, de tacadas de golfe, de arco e flecha ou de arremesso no críquete ou no boliche, pode igulamente acarretar um estiramento dos músculos e tensões, que se tornam ineficazes pela fadiga.

O que se sente

Uma vez ocorrida a lesão, você sentirá a dor sempre que mover o ombro, fazendo o músculo ou o tendão lesado contrair-se ou relaxar-se. Se a lesão for na face anterior do ombro, a dor se manifesta ao contrair os músculos e tendões para levar o braço à frente ou virá-lo para dentro, e sente-se um puxão ao levar o braço para trás e retesar os mesmos músculos e tendões. Já quando a lesão é na face posterior do ombro, a contração dos músculos e tendões, para levar o braço para trás ou voltá-lo para fora, o retesamento dos mesmos ao estender o braço para a frente provocam dor.
Uma lesão nos deltóides, no topo do ombro, dói quando estendemos o braço lateralmente contra uma resistência.

O que aconteceu

Neste tipo de lesão, houve um estiramento ou ruptura parcialde algumas fibras musculares ou tendinosas na área afetada. Também alguns dos ligamentos que protegem o ombro podem ter sido danificados. Se você prosseguir com seu esporte e sentir dor na região lesada, provocará novos danos no tecidos afetados. Usando o ombro de forma desastrada, ao tentar evitar machucá-lo, sofrerá de um enfraquecimento quase imediato dos músculos que deixaram de trabalhar normalmente.
O ombro perde então estabilidade que deve a esses músculos e, com isso, seu funcionamento e sua amplitude de movimento normais. Isso cria, por si mesmo, um ciclo de fraquezaprogressiva e dor associada.

Ruptura do tendão do bíceps

O tendão do bíceps, que passa pela articulação do ombro e depois se une ao volumoso músculo bíceps, na face anterior do ombro, pode sofrer uma distensão, como os outros tendões da região. Entretanto, um estiramento grave pode rompê-lo por completo, gerando problemas particulares do ombro. Essa lesão ocorre quando o bíceps é bloqueado em forte contração, por exemplo numa situação em que o atleta está prestes a executar um lançamento com toda a sua força e um adversário lhe puxa subitamente o braço para trás. Ocorre, também, quando cargas excessivas criam uma pressão exorbitante no músculo, por exemplo quando um ginasta nas argolas se mantém na posição do Cristo, sustentado o peso de seu corpo graças ao poder de fixação isométrica da musculatura do ombro.
O que você sente é uma súbita "mordida" no tendão, que pode ser muito dolorosa no momento de sua ocorrência ou só mais tarde.
Os primeiros-socorros consistem em aplicações de gelo e uma tipóia caso ombro esteja muito dolorido. Logo que possível, recorra ao médico ou ao pronto-socorro. Talvez você encaminhado a um especialista ortopédico, para uma cirurgia de reparação do tendão, com seu reatamento ao osso, ou simples sutura das pontas rompidas, dependendo da forma da ruptura.

Bursite

O ombro possui muitas e grandes bolsas (bursas) para movimentos livres de atrito entre tendões e seus tecidos subjacentes. Cada uma delas poderá inflamar-se, porque você esteve usando o ombro de forma errada durante alguma atividade ou devido a uma lesão num tendão ou em alguma das outras estrutas articulares, que causou irritação.
Toda vez que você move o ombro de modo a contrair ou irritar a bolsa inflamada há uma reação de dor. No topo do ombro, a bursite provoca dor quando você estende o braço lateralmente ou quando volta para frente com a palma da mão virada para baixo. Estando a bursite localizada na parte posterior do ombro, a dor se manifesta pela torção do braço em ambas as direções. Pode haver também uma sensação de "mordida" num determinado ponto de movimento do ombro. Evite movimentos dolorosos durante um período de 2 a 3 semanas, para que a bolsa inflamada melhore.
É essencial não recomeçar o esporte cedo demais, para evitar que a bursite se torne um angustiante problema crônico. Depois de ter dado ao ombro repouso suficiente para que a inflamação ceda, eleabore um programa de execrcícios de mobilização e fortalecimento local, com a duração de 1 semana ou 2, começando com os fáceis, em pequeno número e aumentando gradualmente suas quantidades e dificuldades. Quando os exercícios funcionais puderem ser executados sem dor , você estará pronto para retomar seu esporte com segurança.
Entretanto, se surgir um problema recorrente com bursite no ombro, ou se, já de início, a situação se apresenta muito grave, o profissional de saúde poderá encaminhá-lo a um ortopedista para que a bolsa lesada seja removida cirurgicamente. Depois da operação, o cirurgião indicará quando você poderá começar a exercitar o ombro, cumprindo então um processo de recuperação com seu fisioterapeuta que envolverá o fortalecimento e o relaxamento graduais da articulação.

Luxação do ombro

A luxação de uma articulação significa que um dos ossos saiu de suas estruturas de fixação, causando dor, deformação e incapacidade. No ombro, o ápice do úmero salta de seu "encaixe" de ligamentos de tecido mole e de sua cápsula. O ombro é particulamente vulnerável a essa lesão, já que constitui uma articulação móvel e livre, e em muitos esportes está sujeito a violentos traumas. A única parte protegida por uma estrutura óssea é o topo, que está coberto pelo arco formadoentre a clavícula e a parte superior da escápula. O ápice do úmero pode ser empurrado para frente, para baixo ou para trás. Quando ele é deslocado violentamente, a cabeça arredondada do osso se rompe por completo a cápsula articular e seus ligamentos, bem como os músculos ou tendões circunjacentes. Mas, se o osso retorna a seu lugar imediatamente, o que ocorre é uma subluxação. Esse tipo de lesão acontece às vezes, quando cai de uma determinada altura, apoiado sobre a mão, estando esta num certo ângulo. No rúgbi , no judô ou na luta romana, o ombro pode sofrer facilmente uma luxação, quando o braço é estirado fortemente pelo adversário. Nos nadadores, a lesão acontece sob uma pressão relativamente fraca. Isto pelo fato de eles terem os músculos de um lado do ombro superdesenvolvidos, enquanto que os do outro lado ficam relativamente fracos. No nado de costas , são os da parte anterior os mais fracos, permitindo à cabeça do úmero resvalar para frente. Já no crawl a subluxação aocntece do lado inverso.

O que se sente

O deslocamento de um osso da articulação provoca a sensação de que o ombro está todo desconjuntado, e muita dor. Se o úmero permanece luxado, sente-se sua cabeça arredondada em protrusão e um espaço vazio no ombro. Se ele volta ao seu lugar, a sensação desaparece quase por completo, mas é possivel sentir ainda uma folga logo abaixo do topo do ombro.

Tipos de lesões e cuidados com os joelhos

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O joelho é uma das articulações que mais sofre com lesões freqüentes, que podem atingir qualquer faixa etária, principalmente durante atividades físicas esportivas.

O joelho é uma articulação complexa e responsável por suportar e carregar boa parte do peso do corpo – função que o deixa vulnerável a diversas lesões. Por isso, ele precisa de atenção e cuidados para não apresentar problemas.

De acordo com o Dr. Paulo Henrique Araujo (CRM-DF 13519), ortopedista e cirurgião graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, com especialização em Traumatologia ortopédica e cirurgia do joelho, o joelho é uma das articulações que mais sofre com lesões freqüentes, que podem atingir qualquer faixa etária, principalmente durante atividades físicas esportivas.

Para entender mais como é a composição do joelho, quais os tipos de lesões mais comuns e como cuidar deles, a fim de evitar problemas futuros entrevistamos o Dr. Paulo Henrique Araujo. Acompanhe.

1.:Como é a estrutura do joelho? -O joelho é formado pela articulação do fêmur com a tíbia e do fêmur com a patela. Ele é composto de quatro principais ligamentos (cruzado anterior, cruzado posterior, colateral medial e colateral lateral), dois meniscos (medial e lateral), da cartilagem articular e da membrana sinovial, que produz o líquido normal que lubrifica e nutre as estruturas do joelho.

2:Quais as lesões mais comuns no joelho e por que elas ocorrem? -As mais frequentes são lesões ligamentares, meniscais e condrais (cartilagem). Elas ocorrem, normalmente, em decorrência de traumas relacionados à prática desportiva. A lesão ligamentar mais comum é a do ligamento colateral medial, que se localiza superficialmente na face interna do joelho, e que frequentemente se associa a outras lesões, porém seu tratamento normalmente não requer cirurgia e o paciente se recupera completamente. A lesão que mais requer tratamento cirúrgico é a do ligamento cruzado anterior, muito frequente em jogadores de futebol profissionais e recreacionais. A artrose do joelho também é muito comum e é ocasionada pelo desgaste da cartilagem articular ao longo dos anos.

3:Quais atividades profissionais e/ou esportivas estão mais suscetíveis a traumas nesta região? -No Brasil, o futebol é o campeão absoluto como fonte de lesões no joelho. Porém, qualquer atividade esportiva, recreacional ou profissional, pode desencadear problemas sobre eles. Atividades profissionais também podem levar a lesões específicas nos joelhos, de acordo com a postura adotada no desempenho das funções. Por exemplo, profissionais de escritório, que ficam sentados por longo período com os joelhos fletidos tem maior chance de desenvolver dores patelares em consequencia de encurtamento muscular. Trabalhadores que desenvolvem suas funções em terrenos acidentados têm maior chance de sofrerem entorses.

4:E quanto ao sexo, homens ou mulheres sofrem mais com lesões no joelho? -Em números absolutos, os homens superam as mulheres em lesões no joelho, em decorrência de traumas esportivos por uma razão simples: o público masculino pratica mais esportes de risco para os joelhos do que as mulheres. Porém, elas apresentam risco de lesão no ligamento cruzado anterior maior que os homens, isso se deve a fatores biomecânicos e anatômicos. Por exemplo, se ambos jogarem futebol, basquete, vôlei, handball ou qualquer outro esporte de risco, a mulher tem maior chance que o homem de sofrer lesão especificamente no ligamento cruzado anterior.

5:Para as mulheres, o uso constante de saltos pode causar problemas na movimentação do joelho? -O uso de salto leva a um encurtamento muscular e ao deslocamento do centro de gravidade do corpo, o que pode ocasionar alterações articulares nos membros inferiores em geral, incluindo os joelhos.

6:Quais os tratamentos indicados para as lesões no joelho? -Obviamente que o tratamento específico dependerá do tipo da lesão podendo variar de medidas simples, como imobilização e as descritas acima até tratamentos cirurgicos para reconstrução ou reparo das estruturas lesionadas. Entretanto, medidas gerais e imediatas cabem a qualquer trauma no joelho. O tratamento imediato é sintomático, ou seja, combater a dor e o inchaço com medidas simples, como manter a perna elevada, gelo e antiinflamatórios.

7:O excesso de peso pode trazer que conseqüências ao joelho? -Sim. O excesso de peso sobrecarrega as articulações dos membros inferiores, especialmente os joelhos, o que leva ao desgaste mais rápido das estruturas da articulação. Uma analogia simples pode ser feita com um carro de passeio que foi feito para transportar quatro pessoas. Se, ao invés de carregar somente as quatro pessoas este carro passe diariamente a transportar junto mais 4 malas pesadas, as peças do carro se desgastarão mais precocemente.

8:A água no joelho (Derrame articular) e dificuldade para flexão ou extensão do joelho podem ser ocasionados por qual tipo de trauma? -O derrame articular (água no joelho) é causado por uma reação inflamatória no joelho. Essa inflamação pode ser causada por qualquer tipo de trauma - desde que agrida de alguma forma as estruturas internas do joelho, ou mesmo em decorrência de processos degenerativos, como a artrose. Quando o joelho se enche de líquido (derrame) a movimentação completa do joelho fica difícil, por isso o paciente não consegue esticá-lo ou dobrá-lo completamente, mas se o líquido for retirado, o movimento deve retornar ao habitual.

9: Como prevenir os traumas em atividades físicas? O aquecimento ajuda? Quais os tipos de exercícios válidos para fortalecer as articulações do joelho? -Existem estudos mostrando exercícios especificos que diminuem a incidência de determinados tipos de lesão nos joelhos relacionados à prática esportiva, porém, de maneira geral, o que ajuda a proteger os joelhos é um bom alongamento e fortalecimento muscular. Isso deve ser feito de forma regular e independente da prática esportiva, ou seja, não somente como “aquecimento” antes de jogar bola. Um bom equilibrio muscular se adquire somente com regularidade.

Saiba mais sobre lesões no Surf

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O Surf teve suas origens há cerca de 7.000 anos, a partir dos Polinésios, povo que viveu na costa do Oceano Pacífico e desciam as ondas havaianas com suas enormes e pesadas pranchas de madeira maciça. Até os dias de hoje, o esporte tem mudado e evoluído muito, chegando ao século XXI a ser considerado como uma das modalidades esportivas que mais se desenvolveu no âmbito nacional e mundial.

Atualmente, o surfe tem um expressivo número de praticantes no Brasil, com mais de 3 milhões de surfistas. A International Surf Association estima o impressionante número de 17 milhões de praticantes distribuídos por mais de 70 países em todo o mundo. Apesar de poucos saberem o Brasil juntamente com os Estados Unidos e Austrália são consideradas as três maiores potências do surf mundial.

Este é um esporte considerado misto (aeróbio – membros superiores e anaeróbio – membros inferiores) e pode ser praticado nas ondas do mar, rios e piscinas com ondas artificiais. Existem duas fases distintas no surf: a passagem da arrebentação, onde o atleta rema deitado na prancha e o surfar a onda.

Como em outros muitos esportes a ocorrência de lesões está diretamente relacionada com os Fatores de Risco presente na prática esportiva. Estes fatores são classificados como:

Fatores intrínsecos: aqueles que pertencem ao próprio indivíduo, como idade, gênero, déficit de flexibilidade e/ou força muscular, lesão prévia, déficit de controle sensório-motor (propriocepção), qualidade técnica, entre outras.


Fatores extrínsecos: que não pertencem diretamente ao indivíduo, como tipo de prancha e equipamentos no geral, carga de treinamento, características de onda, biomecânica do gesto esportivo, etc.
A lesão mais comum encontrada no esporte é o ferimento corto-contuso ocasionado pelo contato direto do atleta com partes da prancha como bico, quilhas, rabeta e borda. Outras lesões encontradas são as entorses de tornozelo e joelho, esta mais comum, devido à necessidade de realizar manobras com movimentos rápidos e abruptos, como floater, tubo e manobras aéreas com giros combinados. Uma explicação para o índice de entorses de joelho neste esporte são essas manobras exigirem movimentos rápidos de rotação do tronco com os membros inferiores fixados em cadeia cinética fechada, isso faz com que haja um componente de rotação sobre o joelho que pode exceder o seu limite fisiológico, predispondo às entorses nessa articulação.

Sobre a topografia das lesões, a maioria ocorre em membros inferiores seguido por lesões na cabeça e membros superiores.

Ainda existem algumas características biomecânicas do esporte à ocorrência de determinados tipos de lesões como movimentos repetitivos durante a remada (principalmente adução e rotação interna), podendo sobrecarregar o complexo musculotendíneo do ombro, especialmente se utilizadas pranchas de baixa flutuação. Posição de hiperextensão mantida da coluna cervical durante a remada gerando quadros álgicos e a posição freqüente dos joelhos em flexão e valgo, principalmente durante as manobras, podem sobrecarregar os componentes mediais do joelho.

De forma geral, no que se pensa em treino preventivo o Fisioterapeuta ao deparar com um atleta de Surf deve levar em consideração todas as possíveis lesões ocasionadas pela modalidade esportiva e a partir daí avaliar os fatores de risco presentes no atleta. Para em fim criar um programa de prevenção específico para ele com base nos resultados da avaliação e suas necessidades.

Ft. Igor Phillip

A epicondilite lateral no esporte e possiveis tratamentos

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As mais frequentes no esporte são as tendinopatias. Não abordaremos lesões traumáticas que serão contempladas em outros artigos.

a) Epicondilite lateral

Podemos descrever a epicondilite lateral como uma patologia específica da origem da musculatura no epicôndilo lateral, geralmente causada por sobrecarga, em que microlesões são geradas na região de inserção dos tendões extensores (mais frequentemente o extensor radial curto do carpo) do punho, dos dedos e, em menor grau, o extensor radial longo do carpo, além da porção anterior do extensor comum dos dedos.
A dor, geralmente, inicia-se de forma leve e piora progressivamente na região do epicôndilo lateral, podendo irradiar para o antebraço, punho, mão e ombro. Conforme se agrava a tendinopatia, tarefas simples como pegar um recipiente com leite ou girar uma maçaneta podem tornar-se difíceis de realizar.

Com relação à prática esportiva, tema principal desta revisão, devemos lembrar sempre da biomecânica do tênis, esporte que mais frequentemente causa esta lesão. Estima-se hoje, segundo relatos da literatura nacional e internacional, que cerca de metade dos tenistas vão ter em algum dia da sua vida esportiva esta lesão, conhecida como tennis elbow(28,29). A empunhadura e os golpes de rebatida do tênis requerem a utilização abrangente dos extensores do antebraço. Os extensores se tornam lesionados à medida que os músculos vão sendo fadigados pela atividade repetitiva.

A técnica incorreta na realização dos golpes é o fator que mais frequentemente causa a epicondilite lateral(30,31). Pacientes que desenvolvem o cotovelo de tenista, de um modo geral, batem seus golpes de backhand com o "cotovelo a frente" sem completar o movimento até o final da batida. Sabe-se que isso provoca estresse excessivo no epicôndilo lateral e atividade anormal da musculatura do antebraço. Outra dica importante da prevenção: se o tenista conseguir jogar com as duas mãos o golpe de backhand isso também previne as lesões. Isso se explica por dois motivos: em primeiro lugar, o atleta dissipa as forças de impacto do golpe nos dois membros superiores; secundariamente, ele também é forçado a rodar mais o tronco na fase de preparação do golpe, o que vai fazer com que a sua energia angular seja maior, evitando o esforço do membro superior dominante isoladamente. Em nossa casuística pessoal, do consultório, de um total de 326 tenistas que tiveram epicondilite lateral - tratados de 2004 a 2009 - somente quatro jogavam o backhand com duas mãos.

A epicondilite lateral pode ocorrer pelo uso de equipamentos inadequados. O tamanho da empunhadura da raquete deve ser observada cuidadosamente e personalizada de cada um com o tamanho da mão do atleta, a tensão das cordas da raquete também deve ser medida. Recomendamos, de rotina, que, sempre que o tenista não tenha objeção, em detrimento do rendimento, que sejam utilizadas raquetes de perfil largo. Estas têm a cabeça maior, e área de vibração mínima (sweet spot) maior, o que previne o excesso de vibração na hora da rebatida.
Outra dica importante para o tenista: tensões do encordoamento acima de 57 libras também aumentam a chance de lesão e é por isso que hoje recomendamos que se escolha um equipamento adequado ao seu tipo de jogo e à potência dos golpes que normalmente ele utiliza.

Recomendações gerais para prevenção da epicondilite lateral em tenistas:
a. Evitar bater as bolas atrasadas
b. Aprender a realizar o complemento dos golpes (saque, direita, esquerda e voleio) de forma adequada
c. Procurar fazer o contato da bola com a cabeça da raquete com o cotovelo posicionado sempre em extensão
d. Preparar bem a rotação de tronco antes do golpe de backhand para poder fazer a rebatida com o cotovelo em extensão
e. Evitar jogar com bolas muito velhas
f. Usar tensões máximas do encordoamento de 56/57 libras
g. Preferir cordas de tripa sintética ou tripa natural
h. Usar raquetes com perfil largo na cabeça, pois elas têm área maior de vibração central mínima (sweet spot)
i. Aproveitar a força de flexão dos joelhos na hora do saque
j. Tentar jogar o backhand com as duas mãos.
Etiopatogenia

A sobrecarga constante que ocorre em várias atividades esportivas (como o tênis) gera microtraumas nos tendões e nos músculos no epicôndilo lateral, e o fator sobrecarga é o principal mecanismo que gera a lesão. Os microtraumas promovem o surgimento de hiperplasia angiofibroblástica no tendão acometido, como resultado destes estímulos repetitivos crônicos. Esses achados sugerem que a epicondilite crônica constitui uma entidade mais degenerativa que inflamatória. Depois do trauma inicial, estas áreas se lesam com mais frequência, conduzindo a hemorragia e a formação com depósitos de tecido granulosos e de cálcio dentro dos tecidos circunvizinhos(32).

No tênis, exemplo clássico de esporte em que é bem frequente este tipo de patologia, a dor geralmente é exacerbada em decorrência do golpe de backhand e, geralmente, acomete pacientes dos 35 aos 50 anos de idade.
Quadro clínico
O sintoma principal é dor, que é relatada na parte externa do cotovelo e, ocasionalmente, pode irradiar-se do antebraço para o punho e ombro. A dificuldade para realizar a extensão do antebraço pode ser um sintoma frequente (por causa dos músculos e dos tendões inflamados). Esta dor pode permanecer por semanas ou meses, e não é raro o paciente somente procurar atendimento quando não consegue nem mesmo realizar um aperto de mão. Consideramos a lesão crônica quando os sintomas duram pelo menos três meses.

Diagnóstico clínico

O diagnóstico clínico leva em consideração vários aspectos relacionados à prática esportiva do tênis. Anamnese bem detalhada sobre o desenvolvimento da disfunção, assim como o tempo de prática do esporte, as formas de aumento e diminuição da dor, movimentos básicos realizados pelo atleta e os testes especiais específicos - teste de Maudsley, teste Cozen e o teste de Mill(33), praticamente fecham o diagnóstico.

Radiologia

O exame radiológico simples é realizado de rotina, nas incidências anteroposteriores e perfil. O ultrassom pode ser utilizado, e é um excelente método de imagem para lesões agudas. Em casos crônicos, em que vários tratamentos já foram realizados, a ressonância magnética deve ser solicitada, pois pode trazer dados mais precisos com relação às patologias que podem causar dores semelhantes à epicondilite lateral (como a síndrome de compressão do interósseo posterior)(34).

Diagnóstico diferencial

O teste do dedo médio auxilia o diagnóstico diferencial da síndrome do nervo interósseo posterior com a epicondilite lateral. Deve ser realizado com o cotovelo a 90 graus de flexão e punho em posição neutra. Pressiona-se o terceiro dedo, evitando que este faça extensão ativa. O aumento da dor nessa manobra sugere síndrome do interósseo posterior. Outro teste utilizado no diagnóstico diferencial entre essas duas patologias é realizado com a infiltração de 1,0ml de lidocaína no nível do epicôndilo lateral. Nos casos de epicondilite lateral os sintomas desaparecerão, enquanto que, na síndrome do nervo interósseo posterior, os mesmos persistirão(35).

Tratamento clínico e cirúrgico

Muitos tratamentos foram descritos na literatura para melhorar a dor dos pacientes que sofrem de epicondilite lateral, porém, praticamente todos falam a respeito da população não esportista(36), e isso pode trazer dados conflitantes quando nos deparamos com atletas (basicamente tenistas, população esportiva na qual a lesão é mais prevalente).

Quando nos deparamos com uma lesão aguda, o tratamento é realizado através de analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais. Essa conduta é sempre indicada junto ao tratamento fisioterápico, pois visa o adequado equilíbrio muscular, analgesia e propriocepção do membro superior como um todo, respeitando o trabalho de adequação ao gesto esportivo praticado(37).
As infiltrações com corticoides podem ser uma saída para a melhora do quadro local de dor, porém a literatura médica deixa bem claro que a maior parte dos efeitos são fugazes e que, a longo prazo, os pacientes que praticam esportes podem voltar a sentir novamente a dor, já que o corticoide não cura a degeneração tecidual que é vista com frequência nos quadros crônicos(38,39).

Outra alternativa de tratamento conservador que podemos usar é a aplicação de ondas de choque. Recentemente, muitos trabalhos com boa evidência científica, falam a favor do uso desta terapia nos casos que não evoluem bem com a fisioterapia convencional(40-42).

A cirurgia da epicondilite lateral só tem espaço para indicação nas lesões crônicas. Quando os sintomas ainda são aparentes por mais de seis meses e houve insucesso do tratamento médico não-cirúrgico e fisioterápico, a cirurgia é indicada. Essa cirurgia consiste na retirada do tecido fibrótico degenerado, localizado na origem dos extensores. A liberação parcial da origem do extensor no epicôndilo lateral do úmero pode ser realizada, mas em esportistas evitamos fazer a liberação e o abaixamento do tendão. Em alguns casos associa-se a ostectomia do epicôndilo, ou até mesmo perfurações ósseas.

Mais recentemente, temos utilizado o tratamento com infiltração de plasma rico em plaquetas (PRP) como alternativa à cirurgia. Estamos, no momento, com 40 casos tratados nos últimos três anos e, em breve, publicaremos os resultados que, em princípio, são promissores, desde que o atleta siga as recomendações de ficar afastado do esporte por pelo menos seis a oito semanas após a infiltração. A terapia com aplicação de PRP procura melhorar o aporte de células plaquetárias no tecido degenerado, visando o reparo e a regeneração das células tendíneas(43). Estas plaquetas, após agregadas, liberam fatores de crescimento plaquetário, dentre eles os fatores vasculares (VEGF), fatores de crescimento ligados ao fibroblasto (FGF), ligados à insulina (IGF), entre outros (Tabela 1).

A terapia com PRP para epicondilite lateral foi descrita pela primeira vez na literatura por Mishra e Pavelko(44), e temos utilizado de rotina para os casos que são refratários ao tratamento conservador e como alternativa à cirurgia(45). Preferimos utilizar a infiltração guiada por ultrassonografia para que a aplicação do PRP seja realizada somente na área lesada, evitando-se assim algumas complicações, como a sinovite reacional, que pode ocorrer se a injeção levar mais volume ao local do que o necessário(46). Isto é muito importante, porque mesmo com adequada centrifugação, após a preparação, o PRP apresenta na sua composição uma pequena quantidade de hemácias (que pode variar de 2 a 4%). Estas células, em contato com a cobertura sinovial do cotovelo (que está muito próxima da região do tendão extensor comum), podem causar sinovite reacional, que pode prejudicar a reabilitação do paciente. Em nossa casuística, nos casos iniciais, tivemos alguns pacientes que apresentaram sinovites reacionais, que melhoraram após três semanas, mas que nos primeiros dias provocaram um quadro doloroso para a realização de extensão completa do cotovelo. Com a utilização do procedimento guiado pela ultrassonografia, diminuímos a chance deste problema ocorrer, já que podemos observar muito bem a colocação da agulha exatamente no local da lesão.

Outro benefício da ultrassonografia é que podemos utilizar o Doppler para observar a vascularização local, fator este muito importante também na avaliação do processo de regeneração tecidual que ocorre até a oitava semana (Figura 4). Costumamos acompanhar o processo de cicatrização com realização de ultrassonografia com Doppler na quarta, oitava e, quando necessário, na 12ª semana. A vascularização normalmente é aumentada no tendão até a quarta semana, diminuindo nos exames de oito semanas, e deve estar ausente no exame com Doppler da 12ª semana, quando liberamos o paciente para a prática esportiva competitiva de tênis (Tabela 1).

Saiba tudo sobre tendinopatias de joelho

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Os tendões são estruturas complexas formadas de células mergulhas numa matriz de proteínas e fibras de tecido colágeno na sua composição principal e desempenham uma importante função nos movimentos. Não há movimento sem que ocorra a participação dos tendões na transmissão de forças geradas nos músculos.

As propriedades mecânicas dos tendões recebem contribuições reais do treinamento esportivo, tais como: o aumento da resistência ao carregamento mecânico, o aumento da tolerância à exercícios extremos e a prevenção de lesões. Portanto, há contribuições reais do treinamento sobre as propriedades mecânicas dos tendões, porém determinadas cargas supra- fisiológicas podem acarretar lesões celular.

A ETIOPATOGENIA DAS TENDINOPATIAS

Há muitas publicações que discutem a etiologia, o diagnóstico e o tratamento de várias formas de tendinopatia, mas poucas são baseadas em evidências científicas. Muitas lesões tendinosas dolorosas são consideradas resultantes de micro traumatismos, frequentemente descritas como “overuse”.

As propriedades biomecânicas do tendão são descritas na curva de estresse deformação. Cargas fisiológicas frequentemente causam menos do que 4% de aumento no comprimento do tendão. Estiramentos superiores a 4 % resultam em lesão de uma ou mais bandas fibrosas e estiramentos superiores a 8 -12% resultam em rupturas completas do tendão. Estresses fisiológicos sobre o tendão provocam deformações elásticas, no entanto elevados níveis de estresse induzem lesões diversas nos diferentes tendões e são afetadas por fatores, como: a idade, o número e a qualidade das ligações cruzadas.

Alguns mecanismos são propostos para explicar o fenômeno doloroso nas tendinopatias como: o aumento da inervação (neoinervação), o aumento da vascularização (neoangiogênese), o aumento da produção de substância P (SP), aumento da produção de prostaglandina E2 (PGE2), o aumento das concentrações de receptores de glutamato, a fenotipia condrocítica (tendões com fenotipia de cartilagem) e fatores mecânicos. A maioria dos estudos nas tendinopatias crônicas falhou em demonstrar infiltrados inflamatórios em tendões humanos biopsiados.



FATORES DE RISCO

A tendinopatia pode ser associada a uma variedade de fatores de risco extrínsecos e intrínsecos Os fatores intrínsecos estão relacionados às características individuais como: o índices de massa corpórea elevados, a assimetria de membros, a genética individual, o sexo, a auto-imunidade, os distúrbios metabólicos (alteração do perfil lipídico) e a frouxidão articular.



QUADRO CLÍNICO

A história clínica é marcada por episódios de dor localizada ou difusa, algumas vezes severa, ao longo do tendão durante ou após o esforço. Também se observa a ausência total de sinais e sintomas antecedendo a ruptura tendínea.

O paciente apresenta diminuição progressiva do rendimento esportivo, diminuição da força e sensação de enrijecimento ou tensão aumentada sobre o tendão, que geralmente diminui após o aquecimento. Os achados de exame físico mais frequentes nas tendinopatias são: dor localizada, edema, espessamento, assimetrias e deformidades (rupturas totais).

A palpação é dolorosa com freqüência em determinados pontos específicos, como o pólo inferior da patela, a tuberosidade da tíbia, o pólo superior da patela, o epicôndilo lateral do fêmur e a cabeça da fíbula.

A extensão do joelho ativa contra resistência apresenta-se com dor localizada durante determinado ângulo ou durante todo o movimento.

O termo “jumper’s knee” ou “ joelho do saltador” foi descrito inicialmente por Blazina, e passou a designar algumas afecções peripatelares (ligamento patelar e menos frequentemente no tendão do músculo quadríceps). As localizações preferenciais são a transição ósteo-ligamentar (patela e ligamento patelar), o terço médio do ligamento patelar e a inserção na tuberosidade tibial.



Os grupos de risco envolvidos nas patologias do aparelho extensor abrangem atletas ou praticantes de esportes envolvidos em atividades repetitivas com sobrecarrega do mecanismo extensor do joelho, tais como saltos, corridas e chutes.

Os esportes mais acometidos por tendinopatias são são: o atletismo, o vôlei, o basquete, o handebol, o futebol e o tênis. As modalidades do atletismo mais frequentemente acometidas pelas tendinopatias do aparelho extensor são: as modalidades de saltos (distância, triplo, altura), as modalidades com barreiras e obstáculos (100m, 110m, 3000m) e as corridas de longa distância.

Os fatores biomecânicos, como: picos de tensão durante o impulso e aterrissagem, ângulos de flexão do joelho, eixo anatômico e os momentos em valgo do joelho, também podem promover o aparecimento de micro a macro- rupturas do ligamento patelar.

Os sintomas são subdivididos em três estágios, assim distribuídos pela classificação de Blazina:

Estágio 1. Dor apenas após as atividades esportivas. Ausência de limitação funcional.

Estágio 2. Dor durante e após as atividades. Habilidade para a realização de atividades dentro de um nível satisfatório.

Estágio 3. Dor prolongada durante e após as atividades. Incapacidade progressiva de realizar atividades dentro de um nível satisfatório.

Roels acrescentou à classificação de Blazina, o estágio 4, caracterizada pela ruptura parcial ou completa do ligamento da patela. A

ruptura parcial do ligamento patelar é um importante diagnóstico diferencial das dores localizadas na região anterior do joelho.

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

As técnicas de diagnóstico por imagem permitem a melhor identificação das lesões, estadiamento e seguimento clínico.

As radiografias simples em duas ou mais posições permitem a identificação da altura da patela, alinhamento, congruência articular, presença de osteófitos marginais e alterações ósseas degenerativas.

A ultrasonografia é um método dinâmico examinador dependente , importante para o diagnóstico, avaliação funcional, seguimento do tratamento e avaliação da nutrição vascular.

A ressonância magnética é considerada por muitos o padrão ouro de diagnóstico das tendinopatias, embora seja um método de custo elevado, estático (não permite a realização de movimentos enquanto é realizada) e com limitações de curto e médio prazo no seguimento do processo de reparo.


TRATAMENTO

A abordagem terapêutica da tendinopatia é dificultada em função dos múltiplos fatores envolvidos nas lesões. Os atletas e pacientes portadores de tendinopatias geralmente desconhecem as características da patologia do tendão e sua evolução.

Os objetivos do tratamento das tendinopatias são: a reversão da progressão da doença do tendão, o retorno aos níveis de atividade pregressos sem restrições, a prevenção das recidivas e informar ao paciente sobre as características e evolução de sua patologia.

O tratamento clínico das tendinopatias abrange: • Medicação analgésica e/ou antiinflamatória • Fisioterapia: as modalidades amplamente empregadas no tratamento das tendinopatias são: a crioterapia, a cinesioterapia, a fonoforese (uso tópico de antiinflamatórios, em forma de cremes ou de pomadas), a iontoforese (associação de medicamentos com a corrente terapêutica), os exercícios de alongamento e os exercícios de fortalecimento muscular.

• substituição por exercícios de menor intensidade sobre o tendão e a realização de atividades aquáticas também contribuem para a melhora dos sintomas.

• Injeções esclerosantes de polidocanol, os adesivos de óxido nítrico, a terapia de ondas de choque a acupuntura. Os objetivos das cirurgias para o tratamento da tendinopatia patelar, são: a excisão de adesões fibróticas, a remoção de tecido degenerado e estimulação do processo de cicatrização.

Nas rupturas tendíneas totais ou subtotais, a intervenção cirúrgica precoce e adequada permite a recuperação do movimento e da força. Reparos e reconstruções são indicadas nas roturas parciais ou totais e os avanços recentes nas técnicas cirúrgicas permitem a reabilitação mais precoce dos pacientes operados.

Artigo: Lesão do músculo obturador externo em atletas de futebol profissional

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O futebol é o esporte mais praticado no mundo, com aproximadamente 200.000 profissionais e 240 milhões de praticantes(1). Este esporte caracteriza-se por uma alta exigência física com variações do metabolismo aeróbio e anaeróbio, determinado por movimentos de alta intensidade com mudanças de direção, frenagens, acelerações, giros e piques, o que torna o esporte uma grande fonte de incidência de lesões(2).

Diversos estudos têm analisado os diferentes tipos de lesões que acometem o jogador de futebol, tanto o atleta profissional quanto o amador ou atuando em diferentes níveis de competitividade. Estes estudos encontraram diferenças nos resultados devido às características das populações, nomenclaturas e a metodologia das pesquisas. No entanto, em todos os estudos as lesões musculares (LM) apareceram com uma grande incidência(3-9).

As LM são os traumas mais comuns que ocorrem nos esportes com uma incidência que varia de 10% a 55% de todos os tipos de lesões, sendo que 90% delas compreendem os estiramentos e as contusões(10,11). As LM podem ser geradas por um mecanismo traumático - contusões, estiramentos ou lacerações, ou atraumático - dor muscular tardia e cãibras(10-13). Geralmente, os estiramentos musculares envolvem músculos superficiais e biarticulados como o reto femoral, semitendinoso, bíceps femoral e gastrocnêmios(10,11,14).

Dentre os inúmeros estudos citados, nenhum cita a lesão do músculo obturador externo. Na medida em que este é um músculo pequeno e monoarticular, sua incidência provavelmente é baixa e pouco documentada na literatura. Desta maneira, o presente estudo tem como objetivo apresentar quatro casos de estiramentos do Obe em uma equipe profissional de futebol no ano de 2006.

 

METODOLOGIA

Este é um estudo retrospectivo, descritivo, não randomizado, com amostra não probabilística intencional. O mesmo foi realizado no setor de Fisioterapia do Departamento Médico Profissional do Clube Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e aceito pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Brasileiro de Estudos Sistêmicos.

Os dados foram coletados a partir de um programa de armazenamento denominado Sistema de Preparação Desportiva (SPD). Este programa foi criado e desenvolvido pelo setor de informática do clube e armazena dados referentes ao nome, diagnóstico, mecanismo de trauma, história clínica, tempo de afastamento e evolução.

Os critérios de inclusão foram os atletas com diagnóstico de imagem para estiramento do Obe e que constavam no programa SPD da categoria profissional no ano de 2006. O critério de exclusão foi não apresentar estiramento do Obe. Aos atletas participantes do estudo foi entregue um termo de consentimento livre informado.

Como rotina do departamento de fisioterapia, na época da lesão, os indivíduos foram submetidos a uma avaliação médica, seguida de uma avaliação fisioterapêutica, em que foram registrados dados como história da lesão, queixa principal, classificação da dor, inspeção, palpação e realização de testes para região do quadril. Durante os testes foi verificada a amplitude de movimento (ADM) passiva, o movimento ativo livre e ativo resistido do quadril. Os testes foram realizados em decúbito dorsal, ventral e sentado, com os membros inferiores pendentes.

Após avaliação médica e fisioterapêutica, foi requisitado um exame de RNM, realizado no Centro de Diagnóstico por Imagem do Hospital Mãe de Deus de Porto Alegre entre o período de 12 a 24 horas da lesão, no qual todos os atletas apresentaram imagem compatível com ruptura parcial do músculo Obe, com hematoma ao longo do músculo (figura 1). Com o diagnóstico confirmado, os indivíduos foram encaminhados ao setor de fisioterapia, onde foram submetidos ao tratamento fisioterapêutico. O protocolo de tratamento foi dividido em três fases, nas quais todos os sujeitos foram submetidos às mesmas condutas fisioterapêuticas, conforme descrito na tabela 1.

 

 

 

 

RESULTADOS

No ano de 2006 foram registradas quatro lesões por estiramento do músculo Obe, de um total de 28 lesões por estiramento muscular. Estes casos ocorreram em três atletas, sendo que um deles apresentou a lesão bilateralmente.

Todos os atletas referiram dor difusa na região adutora para o quadril acometido, sendo que em nenhum dos casos foi identificado um ponto doloroso palpável. Aos testes de função para articulação do quadril, todos os indivíduos relataram dor moderada durante os movimentos resistidos de rotação lateral e rotação medial do quadril (tabela 2). O mecanismo de trauma predominante foi o movimento de rotação lateral do tronco sobre o fêmur em cadeia cinética fechada (gesto que promoveu uma rotação medial excêntrica de quadril), sendo que em um dos casos não foi possível precisar o movimento que causou a lesão.

 

 

Os atletas permaneceram afastados das competições enquanto estavam em tratamento fisioterapêutico, sendo que o tempo de afastamento foi diferente entre os casos (figura 2). Mesmos assim, cada atleta cumpriu todas as fases do protocolo de tratamento e, após, foi liberado ao treinamento com o grupo, sem queixas e nos mesmos níveis funcionais de pré-lesão.

 

 

DISCUSSÃO

As lesões de estiramento muscular aparecem em muitos estudos relacionados à incidência das lesões no futebol. Chomiak et al.(9) encontraram uma incidência de 15 (15%) estiramentos musculares em 97 lesões severas documentadas, ao analisarem 398 atletas de futebol da República Tcheca, em um período de um ano. Peterson et al.(8) analisaram 264 jogadores de diferentes idades e níveis de jogo durante um ano e encontraram 183 estiramentos musculares em 558 lesões documentadas. Junge et al.(4) analisaram a incidência de lesões durante os torneios da FIFA e Jogos Olímpicos de 1998-2001 e encontraram 901 lesões, das quais 10% foram estiramentos. Em outro estudo durante a Copa do Mundo de 2002 o mesmo autor registrou 25 (15%) estiramentos de um total de 171 lesões documentadas. Em todos estes estudos a preocupação dos autores foi documentar os tipos de lesão relacionados ao futebol, sem verificar o grupamento muscular acometido com precisão.

Dois estudos apontaram as lesões por estiramento musculares em seus respectivos músculos envolvidos. Volpi et al.(7) em estudo retrospectivo de cinco anos na liga principal italiana, encontraram 30% (103) de LM e, destas, 17% (58) foram estiramentos. Neste mesmo trabalho os autores apontaram uma incidência de 32% (33 casos) no quadríceps, 28,1% (29 casos) nos isquiotibiais, 19,4% (20 casos) nos adutores, 12,6% (13 casos) nos gastrocnêmios e 2,9% (três casos) abdominais. Uma incidência de 4,9% foi atribuída aos músculos sartório, glúteo e iliopsoas. Em outro trabalho, utilizando a RNM para avaliar as LM, Dias et al.(11)encontraram 36 estiramentos musculares (83,7%) de um total de 43 exames revistos, sendo que 33% foram estiramentos de grau II. Todas as lesões por estiramento foram divididas de acordo com o grupo muscular acometido, em que o músculo gastrocnêmio medial apresentou cinco lesões, seguido do músculo reto femoral com quatro lesões, adutor longo com duas e músculo sóleo com uma lesão. No entanto, estes estudos não encontraram nenhuma lesão do músculo Obe e parece não haver relato desta lesão em atletas de futebol.

Tendo em vista a grande incidência de lesões por estiramento demonstradas no futebol, existe a necessidade de uma melhor investigação no que se refere ao grupo muscular lesado, para identificar uma possível lesão no músculo Obe, já que ela pode ser confundida com uma lesão de adutores da coxa. Esta afirmação é corroborada pelos nossos achados, porque em todos os relatos havia uma queixa de dor na região adutora, sendo difundida para o quadril. Isto pode ser devido à inervação comum dos músculos adutores da coxa e o Obe. Os músculos adutor magno, curto e longo da coxa, assim como o músculo Obe, são inervados pelo nervo obturatório, oriundo do plexo lombo-sacro(15).

Considerando que as lesões por estiramento apresentam um ponto doloroso e palpável(10-12,16) e que a região adutora era o local referido pelo atleta, nenhum de nossos casos apresentou este ponto na região adutora. Este dado clínico não poderia ser evidenciado, já que a lesão não era em um músculo adutor e sim no músculo Obe, um músculo profundo da pelve e quadril(17,18).

Todos os casos apresentaram dor na região do quadril durante os movimentos passivos, ativos e resistidos de rotação lateral e medial. As alterações no comprimento do músculo, estirando o sítio da lesão, eram provocadas pelas as ações do Obe durante os testes. No caso 3 o atleta referia dor principalmente quando retirava o pé do solo e realizava as rotações do quadril em posição neutra. Segundo Smith et al.(18), o Obe, em conjunto com outros músculos rotadores, realiza movimentos de rotação lateral do quadril principalmente na posição neutra. Os mesmos autores também relatam que, quando o quadril está em flexão de 90º, ele passa a ter um componente de abdução maior que o de rotação lateral. No entanto, Kapandji(17) afirma que o Obe é um rotador lateral principalmente com o quadril flexionado. Esta afirmação vem ao encontro dos achados em nossos testes de rotações em decúbito dorsal com quadril a 90º, em que foi relatado dor. Este autor também concede uma participação na flexão e adução do quadril ao Obe. Esta afirmação também corrobora os relatos de dor durante os testes resistidos para adução do quadril.

As lesões por estiramento acontecem principalmente em mecanismos excêntricos que ocorrem durante os movimentos de alta velocidade e ou intensidade, gerados durante o gesto esportivo(2,10,12,14,16). Em dois casos o mecanismo excêntrico foi gerado através de um movimento de rotação do tronco sobre o quadril envolvido, quando o membro inferior estava preso ao gramado. Isto fez com que o músculo Obe fosse submetido a uma ação muscular de grande energia sendo incapaz de conter o movimento. Isto pode ser entendido devido à sua capacidade limitada de gerar torque, já que a sua linha de força passa próximo do centro de rotação da articulação e ao contrair-se gera apenas compressão articular(18). Segundo Kapandji(17), sua linha de ação é semelhante à direção do colo femoral, tornando-o com características de um músculo coaptador da cabeça femoral no acetábulo. Cohen e Abdalla(12) relatam que os músculos monoarticulados e profundos são responsáveis pela postura e tonicidade.

A respeito do arco de movimento principalmente na posição neutra do quadril, parece haver uma pequena amplitude para dissipar a energia do movimento excêntrico, já que as suas rotações apresentam uma amplitude de zero a 40 graus de rotação interna e de zero a 60 graus de rotação lateral, quando comparadas a outros movimentos do quadril. Hughes et al.(15) relatam que, com a mudança no posicionamento do quadril de neutro para flexionado, o arco de movimento alcançado para as rotações medial e lateral do quadril pode alcançar de zero a 70 e de zero a 90 graus, respectivamente.

Diferentes autores têm relatado que as lesões por estiramento muscular ocorrem principalmente em músculos biarticulados(7,12-14) e em movimentos realizados em cadeia cinética aberta(14); em contrapartida, em nossos achados, o mecanismo de lesão predominante foi em cadeia cinética fechada e o músculo envolvido foi um músculo monoarticular.

Segundo Cross et al.(19) e Dias et al.(11), a presença de coleção líquida, caracterizando o hematoma, sugere uma ruptura muscular e apresenta um sinal hiperintenso nas imagens T1 e T2. Todos os casos deste estudo foram submetidos ao exame de RNM, para confirmação da lesão. O exame de RNM foi fundamental para determinar o diagnóstico de estiramento muscular do Obe, visto que o exame clínico não foi conclusivo. Os laudos associados à nossa interpretação da imagem classificaram as lesões como sendo uma ruptura parcial do músculo Obe.

Yoon et al.(3) pesquisaram as incidências de lesões em torneios asiáticos e verificaram que 45,3% das lesões de estiramento afastaram os atletas por mais de quatro dias de treinos e jogos. Lopes et al.(13), em estudo clínico das LM, relatam que o tempo mínimo necessário para obter a cura clínica e a reabilitação funcional oscila entre duas a três semanas. Os mesmos autores relatam que a presença de equimose, 24h após a lesão, determina uma lesão grave, tendo um prognóstico de seis a oito semanas. Cross et al.(19) avaliaram o prognóstico de LM do quadríceps com RNM e observaram que as lesões do tendão central levaram em média um tempo de reabilitação de 27 dias. Verral et al.(20), em estudo comparativo entre os achados clínicos e RNM para o prognóstico das lesões de estiramento dos isquiotibiais, encontraram que os atletas ficaram afastados durante 27 dias em média. Em nosso estudo, os atletas permaneceram afastados por no máximo 21 dias das competições. Parece ter havido uma redução no tempo de recuperação dos atletas conforme os profissionais do setor de fisioterapia se familiarizavam com a lesão. Do primeiro para o último caso houve uma redução de oito dias de afastamento. Como condição para alta, consideramos que todos os atletas realizassem testes funcionais que simulavam as situações de jogo, sem queixas durante e após os mesmos.

 

CONCLUSÃO

Diversos estudos têm investigado a incidência de lesões no futebol e parece não haver nenhum relato de lesão por estiramento do músculo Obe. A lesão do Obe pode ser confundida com uma lesão dos músculos adutores do quadril, devido à localização da dor relatada pelo indivíduo. A avaliação clínica deve basear-se no relato do atleta para o entendimento do mecanismo de trauma. A realização dos testes funcionais para os rotadores do quadril é essencial para evidenciar uma possível dor difusa, descartando uma lesão do grupamento adutor do quadril, já que a localização do músculo Obe impede um exame palpatório preciso. É fundamental a utilização de um exame de RNM para localizar, classificar e avaliar a extensão da lesão, assim garantindo um diagnóstico preciso e permitindo uma abordagem terapêutica segura, com prognóstico favorável para evolução da lesão.

 

REFERÊNCIAS

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3. Yoon YS, Chai M, Shin DW. Football injuries at Asian tournament. Am J Sports Med 2006;32:36S-42S.         [ Links ]

4. Junge A, Dvorak J, Graf-Baumann T, Peterson L. Football injuries during FIFA tournaments and the Olympic games, 1998-2001: development and implementation of an injury-reporting system. Am J Sports Med 2004;32:80S-9S.         [ Links ]

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Henrique Gonçalves ValenteI; Felipe Osório MarquesI,III; Luciano Da Silva De Souza; Roberto Trápaga AbibI; Daniel Cury RibeiroIII,IV

IDepartamento Médico Profissional - Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense - Porto Alegre - RS, Brasil
IILaboratório de Pesquisa do Exercício - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre - RS
IIIEscola Superior de Educação e Saúde - Curso de Fisioterapia - Faculdade da Serra Gaúcha - Caxias do Sul - RS, Brasil
IVSchool of Physiotherapy - University of Otago - Otago, New Zealand

Pubalgia em atletas

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http://www.drosmarsaude.com/wp-content/uploads/2012/11/Pubalgia-Orienta%C3%A7%C3%B5es-e-tratamento.jpg

Muitos atletas, desportistas, praticantes de futebol, corrida de longa distância entre outros, sentem aquela dor incômoda na região próxima à sínfise púbica, causada por sobrecarga, overuse, trauma direto ou algum golpe produzindo inflamação e dor. Estamos falando da PUBALGIA ou osteíte púbica. Importante realizar diagnóstico diferencial para averiguar possibilidade de fraturas do ramo inferior do púbis (fratura por estresse ou por avulsão) ou estiramento da musculatura interna da coxa na região da virilha.

Para entendermos o mecanismo de lesão, devemos compreender a anatomia da região. O osso Ilíaco (popularmente conhecido como bacia) é composto por três partes: Íleo, Ísquio e o Púbis. O púbis é local de inserção dos músculos adutores e são eles, principalmente, além do reto anterior do abdômen que são envolvidos com a pubalgia. Os músculos desta região, especialmente seus tendões, ficam inflamados devido ao estresse repetitivo na região da sínfise púbica.

Para diferenciar PUBALGIA de OSTEÍTE PÚBICA, devemos considerar o primeiro como sendo dor e inflamação das estruturas ao redor da sínfise púbica, como os tendões dos adutores e do reto abdominal, por exemplo. Em relação a osteíte púbica, o paciente refere dor, especificamente, sobre a região da sínfise púbica, sendo causada pelo estresse mecânico da mesma, podendo haver desnivelamento na sínfise (direita, esquerda).

Os sintomas, geralmente, se assemelham aos de um estiramento muscular, e o atleta pode referir dor durante a corrida, os exercícios abdominais e os agachamentos. Além destes, o atleta/desportista pode sentir dor na região abdominal inferior, irradiando para região interna da coxa. Movimento de passada lateral, cabeceio, flexão quadril e do tronco podem ser dolorosos. A dor piora com o exercício, esforço ou com certas posturas, podendo ser sentida ainda ao subir escadas ou no impulso do quadril para frente. A dor pode ainda irradiar para o períneo, testículos e pode causar lombalgia quando associada a uma lesão da sacroilíaca. A dor e a hipersensibilidade podem ser reproduzidas por pressão ou estiramento da sínfise púbica, ocorrendo também sobre os tendões do adutor longo e do reto do abdômen.

O diagnóstico é clínico, sendo confirmado por radiografia da pelve, para se observar instabilidade da sínfise púbica (alturas diferentes) em mais de 2mm, além de ressonância nuclear magnética para se observar as partes moles.

TRATAMENTO
•    Repouso, Crioterapia (gelo), uso de antiinflamatórios orais e medidas da eletrotermofoterapia para minimizar a dor e acelerar a recuperação;
•    Saindo da fase aguda, pode-se introduzir compressas de água quente sobre a região, promovendo vasodilatação e acelerando a liberação de encefalinas que podem ser benéfícas na diminuição da dor e no relaxamento da musculatura adjacente;
•    Assim que a dor diminuir, iniciar com os exercícios de alongamento (sem dor), para os adutores (região interna da coxa);
•    Desde que não causem dor, os exercícios de fortalecimento abdominal e da região lombar;
•    Exercícios de fortalecimento dos adutores, abdutores, flexores e extensores do quadril;
•    Exercícios de estabilização do tronco e da coluna vertebral;
•    Exercícios no leg press e os semi-agachamentos, tensionando a musculatura glútea, a virilha, o abdômen e a região lombar. Esta técnica ajuda a controlar movimentação excessiva na sínfise púbica;
•    Os exercícios de propriocepção(giroplano, balancinho, mini-tramp) e os funcionais específicos do esporte (giros, deslocamentos, mudanças de direção), desde que não haja dor, bem como, os exercícios pliométricos (saltos).

RETORNO ÀS ATIVIDADES
•    Em casos mais brandos, o atleta/desportista, perderá 3 a 5 dias;
•    Em casos mais graves, repouso e tratamento de 3 semanas a 3 meses, podendo demorar até 6 meses. Neste caso, não deverá retornar até ser capaz de realizar os exercícios pliométricos(saltos e deslocamentos);
•    Se o tratamento conservador não for eficaz, deve-se considerar o tratamento cirúrgico.

BIBLIOGRAFIA
•    CORRIGAN, B E MAITLAND, G.D. Prática Clínica Ortopedia e Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Ed. Premier, São Paulo, 2000;
•    PRENTICE, W. E. Técnicas de Reabilitação em Medicina Desportiva. 3ª ed. São Paulo, Manole, 2002

Prevenção da Condormalácia Patelar em Corredores

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http://www.adrianoleonardi.com.br/wp-content/uploads/2013/02/condromalacia-patelar.jpg

A condromalácia patelar (também conhecida como síndrome da dor patelo-femoral, ou "joelho de corredor") consiste em uma patologia crônica degenerativa da cartilagem articular da superfície posterior da patela e dos côndilos femorais correspondentes, que produz desconforto e dor ao redor ou atrás da patela. É comum em jovens adultos, especialmente jogadores de futebol, ciclistas, jogadores de tênis, corredores e inclusive mulheres devido a sua anatomia, com quadris mais largos.

Vamos ver algumas medidas para "combater" esse mal em corredores:

* Excluir exercícios e esportes de alto impacto (futebol, vôlei, basquete, corrida, ciclismo) ou atividades suspeitas de causarem a lesão. Natação é um bom exercício para manter o condicionamento físico sem afetar o joelho;

* Reforçar os músculos fracos, fazendo exercícios leves e de baixo impacto. Alguns autores sugerem ser especialmente importante reforçar o músculo vasto medial para equilibrar as forças atuantes sobre a patela – fazendo extensão de cada perna separadamente, por exemplo;

* É importante avaliar o limite de extensão e flexão do joelho durante os exercícios, para não agravar o quadro. Peça ao profissional para demonstrar. Evite a sobrecarga;

* Alongar quadríceps, banda iliotibial (lateral), posterior da coxa, tendões e panturrilha regularmente. Não deixar de lado o treinamento de flexibilidade;
* Colocar gelo no joelho após os exercícios;

* Evitar subir e descer escadas;

* Garantir lugar suficiente para a perna no carro ou no seu lugar de trabalho, evitando manter o joelho flexionado mais de 90 graus por muito tempo, além de não sentar com uma perna dobrada embaixo do quadril;

* Manter boa postura e evitar cruzar as pernas por longos períodos;

* Não sentar sobre as pernas com o joelho em hiperflexão;

* Quando estiver deitado, não deixar o peso do corpo pressionar ou mover a patela, usando um travesseiro para manter os joelhos levemente separados e as patelas no lugar;

* Usar sapatos confortáveis, principalmente durante os exercícios;

* Evitar aplicar peso excessivo na articulação afetada, perdendo peso se necessário;

* É imprescindível fazer uma avaliação com um reumatologista, um ortopedista, fisioterapeuta, para receber o tratamento correto, além de ter um
acompanhamento de um profissional de educação física dentro da academia.

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